quinta-feira, 28 de julho de 2016

Sarcófago e sua aura maldita no metal.

Falar do Sarcófago é falar duma banda que já começou polêmica antes dela existir. Seu líder, o guitarrista e vocalista Wagner Lamounier ( ou Antichrist) tinha integrado o Sepultura nos primórdios e saiu dela em meio a uma treta que parece não ter até hoje. Max até hoje não poupa críticas ao ex companheiro de banda e em seu livro auto biográfico acusa Wagner de ter roubado a banda naquela época. Se isso foi verídico eu não sei.  A treta se estendeu durante a carreira e tinha a rixa entre os fãs. Quem era fã do Sepultura não poderia ser fã do Sarcófago e assim por diante. Mais ou menos quando acontece em que alguma pessoa fala que, se for amiga de fulano A não pode ser meu amigo e por aí vai. Em ambos os casos minha opinião é assim: gosto de ambos os amigos/bandas. Queria estar nessa rixa e mandar todos para aquele lugar chamado cu e dizer que eu poderia gostar das duas sem o menor problema pois a treta era entre as bandas e não comigo.
Não importa se alguém desmereça estes caras. A banda tem uma aura cult a ponto da cena escandinava de black metal enaltecer o clássico INRI e convenhamos: este disco é uma obra prima!!!! Aqui há outros discos para se comentar e 3 deles estão aqui para minha rica coleção. Rotting, Hate e The Worst + Crust ep ostentam a aura maldita que paira sobre a banda como uma eterna nuvem negra e se você tem medo de letras blasfemas e extremidade no som a ponto de não conseguir dormir a noite, recomendo nem ouvir. Vamos começar pelo disco Rotting de 89. Confesso que ele é meio perdido pois você percebe uma certa pressa, um extremismo meio sem noção. Explicando: contendo 5 faixas mais uma intro bem bacana aonde podemos ouvir alguns fanfarrões pegando algumas menininhas e os gemidos dão a entender que o negócio estava muito bom. Mas não contive o riso ao ouvir um ' gostosa' saído de forma gutural. E apesar do baixista Gerald Mineli ( ou Incubus) dizer que o Sarcófago sempre foi death metal, é notório uma pegada thrash metal no decorrer das faixas, o que não é algo negativo mas que tinha na cara dura. Alcoholic coma abre como uma avassaladora máquina esmagadora aonde riffs pesados se misturam aos vocais a lá Jeff Becerra/ Cronos de Wagner e a bateria sempre veloz do então integrante Manu Joker, hoje integrante do Uganga. Tracy, Rotting, Sex Drinks and metal e Nightmare são outros destaques dum disco urgente e cheio de pressa para acabar logo mas ainda assim legal e histórico.
E falando em polêmica, em 94, após o excelente The Laws of Scourge, a dupla Wagner/ Geraldo se viu na necessidade de dar maior velocidades nas faixas e com um baterista físico não ia rolar. A saída foi utilizar uma bateria programada. Com isso, a banda se afastou dos palcos e concentrou sua força maligna somente em gravar discos. Mesmo tendo arrancado algumas torções de narizes, eu confesso que achei o disco legal e faixas brilhantes como Song for my death, Pact of cum, Satanic Terrorism, Hate ( não tem como não rir da intro ) e quase industrial e fúnebre Anal vomit ( seria uma diarreia?) me fizeram ser malvado num curto espaço de tempo. Esqueça o lance da bateria eletrônica e curta de mente aberta esse disco e o que virá depois: The Worst. Lançado em 96 já um tempo como um duo, o disco registrou mais algumas pérolas malvadas a começar pela faixa título, uma clara amostra do que virá mais para frente... ou não. Outras pedradas são destaque como Army of the damned, a arrastada God bless the whores ( danadinhos...), Pungled in blood, a regravação de Satanic lust e Purification process cuja letra não foi posta no encarte pois foi censurada. Juntando ao disco citado temos o ep Crust que foi lançado em 2007 e mostrou uma gravação mais tosca com os vocais praticamente indecifráveis. Uma das faixas, intitulada F.O.M.B.M. ( fuck of melodic black metal) é uma mensagem bem bacana dos caras ao black metal sinfônico que estava no auge e nada mais Sarcófago de ser do que ir contra esta tendência do black. Este ep vale mais pois está unido ao The Worst pois ele sozinho não me animou em ter na época.
Enfim, chego ao final da audição dos discos e concluo que, para o bem ou para o mal, o Sarcófago será sempre lembrado como uma das mais bandas influenciadoras e sua discografia ficará para a eternidade assim como o legado de Wagner, um cara que mereceria todos os tributos pois foi graças a este cara que muita coisa aconteceu. Se ele é mais ou menos importante que Max? prefiro dizer que cada um fez sua parte de forma sublime e nada de concorrências desnecessárias.
Longa vida ao Sarcófago, a banda que fez alguém tacar fogo em alguma igreja na Noruega.
Sem mais.

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