sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Tosco - Revanche

Enfim chegou em minhas mãos mais um ótimo disco lançado por aqui. Não iremos entrar em questões de ouvir bandas nacionais ou gringas, a questão é o quão bom pode ser um artista independente de região ou país. E o Tosco não precisa desse tipo de discurso pró banda nacional pois a garra aqui emitida a todos fala muito mais alto. Neste ótimo álbum de estréia a banda simplesmente arregaçou numa fusão fantástica aonde o thrash metal une forças ao hardcore e porque não uma dose punk e gera um dos discos mais legais que já escutei em tempos. Formado por um super elenco, Revanche fala a nossa língua transmitindo uma mensagem direta e reta, sem frescuras ou aparos. Osvaldo Fernandez aqui é o vocalista, letrista e porta voz da contestação feita de forma forte mas com embasamento necessário. O cara está aí na cena há um bom tempo e já passou por outras bandas bem legais da região como o One Broken Finger e o Repulsão Explícita e não seria diferente sua atitude aqui. Ricardo Lima é o guitarrista e um ' riffeiro' de mão cheia e inspiração elevada a potência máxima. A guitarra é pesada, densa e mostra para muitos o que é fazer um riff. E não precisamos citar que este moço toca no Chemical Disaster além de passagens no já citado Repulsão e Vetor, entre outros projetos. O baixista Anderson Cesarini faz bem a cozinha com um som de baixo bem ao estilo Rex Brown ( Pantera) no sentido de não deixar o som vazio pelo fato de ter somente uma guitarra cuja prova foi no show que assisti no Dakota, muito foda. E lógico Paulo Mariz, baterista e um dos caras mais competentes no instrumento. Tendo passagens em bandas como Infector, Killmister, Sacred Curse além do excelente projeto Cosmic Games com seu irmão em cada projeto temos um puta batera.
Paulo Mariz, Ricardo Lima, Osvaldo Fernandez e Anderson Casarini 
E com um time desses o que nos resta? Nos resta esquecermos um pouco os problemas e refletirmos o quão de bom fazemos na sociedade. Nos 10 sons próprios, temos já alguns clássicos e uma delas já nasceu assim no momento em que ouvi: Cala a boca Globo. Quem nunca quis mandar a Globo calar a boca? Detentora de uma das emissoras mais populistas do universo, esta emissora possui um sistema sujo, canalha e a fácil manipulação duma sociedade cada vez mais emburrecida. Mas, além da letra de cunho importantíssimo, temos um som pesado e enérgico. Outra sonzera de muito respeito é Amigo seu cuja letra relata a dor da perda de algum amigo seu. Não importa de que jeito seu amigo se foi. Esta vida, este sistema sufocante do qual fazemos parte não é fácil viver e muitas vezes nosso cérebro nos faz praticar atos dos quais outras pessoas jamais entenderão mas que acaba sendo o único meio da pessoa se libertar da dor que está sentindo. Pensei aqui em alguns nomes que nos deixaram. É como dizia o Chorão numa letras de sua banda " não deixe o mar te engolir". Ele e tantos outros se deixaram serem engolidos pelo mar e agora são lembranças e saudades imensas.
Outra que se destaca é O Trump quer que se foda que vale a pena escutar o peso emanado aqui além da letra mais do que direta. A faixa que gerou o primeiro clip da banda, Cenário de chacina, é outra pedrada certeira e uma atuação vocal de tirar o fôlego além do instrumental afiado. Soberba, Temos o que Temer, DNA, Mercadores da morte, Sinceridade agressiva e Saúde falida completam o track list que ainda contém um ótimo cover do Sacred Reich de bônus.
E o resultado desse trabalho já é sentido. Os caras recentemente tocaram com o Attômica e se preparam para a abertura no show do CJ Ramone aqui em Santos. E neste intervalo ainda rendeu a participação da banda no programa Pegadas de Andreas Kisser, programa do guitarrista do Sepultura com seu filho Yohan na 89 fm e no programa virtual de Paulinho Heavy no you tube. E dependendo da garra desses caras além de Revanche, muitas coisas ainda irão acontecer com o Tosco.
Parabéns a este disco belíssimo e que o Tosco produza muito mais pois precisamos de cultura. Aqui não é possuído um lado e sim um comprometimento para com todos os seres pensantes deste planeta. Agora que seria maravilhoso ver o Tosco tocando Cala a boca Globo no programa da Fátima Bernardes com direito a cara de "embaraço" da linda apresentadora assim como os convidados globais ah isso eu pagaria para ver e rir muito. Que tal?

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Porco Preto, Age nor Defields, Sanguinolência, Maldita Ambição e Hierarchical Punishment - Full rise música e arte - 19/10/2018

Ia escrever esta resenha só a noite mas minha empolgação veio e sim, o texto sairá agora mesmo. Num tempo em que pessoas escolhem artistas por ideologias políticas este evento foi um verdadeiro exemplo de que, quando a guitarra fala mais alto, o rock e a arte ficam bem melhores. Sim, ambos os lados estão chatos demais. E sim, ambos os lados estão estragando. Ao mesmo tempo que aquele seu amigo esquerda não para de postar coisas contra o Bolsonaro, aquele seu amigo que defende a direita enche os culhões falando do Andrade. O cúmulo desta ignorância foi a recente entrevista feita pelos integrantes do Ratos de Porão, aonde deram suas opiniões acerca do que está ocorrendo e alguns fãs pró Bolsonaro simplesmente achincalharam a banda com comentários típicos dum fanático de qualquer seita como se o cara que ouve Ratos não sabe que eles tiveram opiniões muito diretas acerca de política. Eu não vou parar de ouvir porque eles falaram mal do Bolsonaro que será o meu escolhido. Assim como não deixarei de falar com amigos meus pela decisão de ambos em votarem no Andrade. E já aceito doações de alguns discos do Pink Floyd com o Roger Waters devido ao posicionamento político do ex integrante. Caso você esteja lendo esta resenha e tenha ficado bem puto com o Roger, pode me doar agora mesmo a sua edição de luxo do The Wall que eu irei aceitar de coração aberto para este e outros discos. Quem tem partido de estimação meus pêsames. Uma prova de que não possuo partido foi ter votado 2 vezes na Dilma e, se a Manuela D´ Ávila tivesse se candidatado meu voto seria nela. Pronto, me condenem por isso.....
Voltando ao evento, fomos a Praia Grande afim de presenciar uma noite com bandas fantásticas e muito do que presenciei nesta noite foi muito válido para constatar mais uma vez o quão ótimas são nossas preciosidades aqui na baixada. Feito pela Full Rise - Música e Arte, o evento teve 5 bandas e muito som bom rolando durante a noite. Fora isso, os amigos que fazem brilhar cada vez mais com conversas de muita importância a julgar do que falam que somos só fãs de "barulho". Bebida barata, ótimo rango e uma ótima receptividade foi o que presenciei, coisas que só o underground nos mostra.
Infelizmente por conta de horário acabei perdendo a apresentação do Porco Preto, sendo assim minha noite foi aberta pelo Age Nor Defields que repetiu o ótimo show que fizeram no Dakota. Parabéns a esta nova geração de bandas que estão sabendo muito bem fazer um som pesado e sem a menor frescura.
Sanguinolência
Terminado o show do AND a sequência foi dada com os caras do Sanguinolência, banda que anteriormente era o SummerSaco. A mudança de nome se deu pelo fato do som da banda ter mudado, ficando algo mais a ver com o nome atual. E meu amigo..... Caso alguém queira cometer um atentado sonoro e fazer aqueles trios elétricos no carnaval virarem meros sons de brinquedo, chame esta banda. O som atual de Itzac ( guitar/vocal), Carlinhos ( baixo) e Fabricio ( bateria) seria uma fusão de black metal com grindcore. Numa referência mais próxima, seria um cruzamento do Darkthrone com o Disrupt além duma pitada de Napalm Death da fase Scum para dar aquela temperada. Prestes a lançarem o disco, os caras deram uma aula de como se tocar rápido e ser preciso sem atropelar o som. Infelizmente por problemas de trabalho, o baixista Carlinhos não pode comparecer já que o mesmo é técnico de som e estava no México acompanhando as meninas da Nervosa. Coube a Itzac e Fabricio fazerem as honras e mandarem uma sequência avassaladora de tirar o fôlego. Temas lindos e carinhosos como Peste bubônica. Dia de fúria, Puro ódio, Cesta básica, Em busca da luz, Amor nem de mãe ou Maldita inclusão digital são ótimos exemplos contestadores que a grande massa vê como sendo somente algo barulhento e inacessível. Sim, o som é indigesto a ouvidos mais frescos mas fiquem sabendo que para tocar este tipo de música é necessário saber tocar. Puta show e Itzac mostra que é um insano ao vivo, um cara que vive aquilo que toca e canta sem frescuras ou polimentos.
Maldita Ambição com canja de Itzac
Na sequência tive a honra de conhecer também o som maravilhoso do trio Maldita Ambição, banda esta que se prepara para lançar o disco Guerra Civil e fez uma apresentação enérgica, punk e com letras fortes e de impacto. Tiago ( guitarra/vocal), Allan ( baixo) e Miller ( bateria) simplesmente detonaram um puta repertório que contou com uma canja do já citado Itzac num momento destruidor. Vale lembrar que o disco dos caras sairá aqui pela Bagaça Records, selo de Luiz Carlos Louzada, além de parcerias com outros selos.
Hierarchical Punishment
E finalizando a noite tivemos os já veteranos do Hierarchical Punishment, banda esta que dispensa qualquer apresentação. Muito bom este momento dos caras que estão prestes a lançar disco novo e que vem se apresentando de forma frequente. E seria o contrário? Com uma apresentação que sempre se destaca de forma impecável, é normal ser chamado sempre para mais uma apresentação. E a formação instabilizada ajuda pois com os atuais músicos juntamente com os mais antigos deram uma junção sônica brilhante e forte para manter esta máquina demolidora por um bom tempo na ativa. Com um set já conhecido da galera, os santistas estão afiados e com um fôlego de dar aula e inveja. Run, The Choice, Hungry industries, o já antológico cover do Extreme Noise Terror entre outras só comprovam que ninguém segura estes caras.
Enfim, foi mais uma daquelas noites que dificilmente irá sair da minha mente. A arte é a forma mais sincera e expressiva sendo a liberdade de expressão um dos itens mais importantes para fazer todo artistas continuar andando. Sem mais.




segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Nirvana - Unplugged in New York

Seguia o ano de 1994. O Nirvana já na condição de maior expoente do rock noventista estava naqueles dias difíceis. Era bem verdade que Kurt Cobain já manifestava suas tendências suicidas e seu contato com os remanescentes Krist Novoselic ( baixo) e Dave Grohl ( bateria) estava cada vez mais distante. Muitos culparam seu relacionamento com Courtney Love ( Hole) mas a verdade é que Kurt já nasceu assim. Ele cresceu junto com esta vontade louca de cair fora daqui do mundo o quanto antes mas ainda conseguiu virar uma lenda antes de ser uma estrela no céu.
Quando proposto este acústico, o Nirvana optou por realizar algo inusual aonde as guitarras distorcidas foram deixadas no descanso e uma das regras impostas foi que não precisariam tocar Smells like a teen spirit já que seria praticamente impossível tocá-la em tal formato. Deve ter sido um alívio a Kurt pois o mesmo manifestou inúmeras vezes a sua falta de vontade em tocar uma música que, apesar de clássica, o fez famoso. A verdade é que a fama fez mal a ele. Analisando a história, Kurt e seu cérebro aceitaram muito mau a explosão e a condição de messias do rock grunge, o líder duma geração.
Voltando a gravação, o disco acaba sendo uma carta de despedida musicada em 14 versões próprias e alguns covers brilhantes como Jesus doesn´t want me for a sunbeam ( Vaselines) e The man who sold the world ( Bowie) aonde Kurt praticamente estava dizendo as pessoas " galera, foi legal estar com vocês". Já temas como About a girl, Come as you are, Pennyroyal tea, Dumb, Polly, On a plain, All apologies além de Plateau, Oh me, Lake of fire e o grand finale com Where did you sleep last night ( nessa você sente que Kurt está literalmente pondo pra fora toda a frustração pessoal) acabaram sendo abrilhantadas no formato banco e violão e mesmo sendo conhecidas no repertório, a galera ficou meio hipnotizada e até sem entender como uma banda até então barulhenta conseguiu se sair emotiva e com a mesma garra no modo acústico. Quem esteve nesta noite viu um Nirvana se despedindo já que como disse antes, o relacionamento com os demais estava entre o distanciamento e a ausência.
Analisando toda esta história após todos esses anos, era notório que Kurt queria fazer algo mais calmo e que a banda ia acabar com o tempo como aconteceu com os Beatles, ou seja, sem anúncio oficial ou turnê de despedida.
Mas o que fica aqui neste registro é sim uma época que ficou e sempre ficará em minha vida para sempre. Não me sinto mais ou menos jovem. Apenas ouço com a memória afetiva ligada junto e acabei relembrando aquele começo de década quando, ao ouvir Nirvana pela primeira vez, me senti parte duma geração que nascia para ser eterna, sendo a última grande explosão do rock.
Aos amigos que não gostam de Nirvana ou que acham Kurt o " responsável" pela "morte" do hard rock e do heavy metal faça ao contrário: agradeça sua existência pois foi graças a ele e outros que me tornei um roqueiro, mesmo curtindo outras vertentes musicais. Respeito cada um de vocês mas a verdade é que esta banda foi e ainda é importante para mim como roqueiro e ser humano.

Ramones - Ramones Mania

Voltando as resenhas, uma banda que nem precisa mais falar nada sobre. O que devemos dizer acerca de uma das bandas mais significantes em nossas vidas? Mas nunca podemos nos esquecer dos que nos alegra cujo legado foi e sempre será importante para quem curte rock em geral. Porque o legado dos Ramones não deve possuir rótulos nem discussões sobre o que é ou não é. Cada faixa aqui fala mais alto do que qualquer disputa para ver quem conhece mais ou mesmos. Isso não importa. Para ouvir rock ou música em geral não precisamos de ter o tapete vermelho nem ser o tal. Quando meus amigos vem falar que acompanham meu blog e que parabenizam pelo que estou fazendo, fico feliz sim mas ao mesmo tempo com os pés no chão digo a eles que eu apenas gosto de falar do que me agrada. Se está sendo apreciado ótimo. Quem acha meu blog uma porcaria ótimo também já que, historicamente falando, ninguém é 100% aceito em tudo que faz.
Voltando ao Ramones, esta coletânea traz o que o Ramones fez em seus primeiros discos e em 30 canções urgentes, inteligentes e completamente atuais, o quarteto transmite aos ouvintes a forma mais simples e singela para cativar em músicas atemporais como I wanna be sedated, Teenage lobotomy, Do you remember rock n´roll radio?, Sheena is a punk rocker, I wanna live, Blitzkrieg bop, Rockaway beach, We´re a happy family, Commando, Psycho therapy, Needles & pin, Howling at the moon ( sha-la-la), We want the airwaves, Chinese rock, The KKKtook my baby away, Rock n´roll high school entre outras pérolas punk, hardcore, metal, pop, não importa. Os Ramones foram tudo isso mas acima de tudo foram uma banda cuja importância faz um mero rótulo inexistir.
O que existe aqui é a música maravilhosa, aquele efeito mágico de se ouvir algo que te emociona de verdade. Longa vida aos Ramones!!!!!!!!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Odair José - 20 super sucessos dum cara que tinha ( e tem) muito a oferecer.

Hoje ao passar na Renault meu amigo e grande pessoa chamada Mauro Pinheiro Cruz me presenteou com este disco. Uma coletânea contendo 20 músicas do tal "brega" Odair José. Se eu estivesse com 17 anos, quando o máximo de meu ecletismo admitia Madonna e outros pops internacionais, eu teria recusado com todas as forças tal presente. Para um cara que queria ouvir só Nirvana, Guns n´Roses, Metallica, Sepultura, Ratos de Porão entre outros, seria um verdadeiro ato suicida ouvir um disco do Odair José. Mas o tempo passa e passa também o radicalismo que temos dentro de nós. E a vontade de sempre descobrir algo até então intocável acaba vencendo a barreira do preconceito musical que teríamos quando mais novos. E este cara me cativou da primeira a última faixa deste cd. E o que eu ouvi não foi nada brega ou mesmo fora de linha. É certo que o som soa meio datado em determinados momentos mas acaba sendo bem pouco pois o que escutei foi uma música de qualidade, verdadeiramente popular porém sem descambar para a baixaria ou mesmo que soe rala. O mais engraçado de tudo é que o Roberto Carlos na jovem guarda fazia a mesma coisa e foi taxado de Rei. Claro que Roberto possui muita coisa excelente desta época mas ouvindo o Odair José, percebe-se uma certa dose de preconceito ao julgar o som do cara. Talvez por não ser tão descolado ou mesmo por sua voz com aquela veia popular demais para os então jovens que estavam dançando ao som da Jovem Guarda, Beatles, Elvis entre outros artistas atuais para a época. É certo que suas músicas lembram aquela ida ao boteco aonde na jukebox acaba rolando faixas como Vou tirar você desse lugar, Você nasceu prá mim, É imenso o meu amor por você entre as outras maravilhas constadas aqui. Tire esse estigma de "música de empregada" quando falar de Odair pois o cara possuía uma qualidade absurda. Ouvindo atentamente percebi sim um instrumental refinado como mostra a faixa Sua cartinha ou mesmo em Se eu tivesse você.
Ao terminar de ouvir o disco, pude comprovar o quão legal foi ouvi-lo e para os que acham ser "música de velho" ou mesmo as pessoas que ainda insistem com o argumento de " você é roqueiro e ouve isso"um conselho: sim, sou roqueiro, não irei renegar de onde vim e continuo sendo. Mas ser roqueiro não é empecilho para curtir algo fora do ambiente rocker. Quem pensa assim não sabe o que perde sendo mente fechada. Uma das regras do rock é a liberdade. Sendo assim, impor que não posso ouvir Slayer e Odair José chama-se proibição.... ou censura? Posso sim ser roqueiro e ouvir outros estilos musicais até porque a música é muito ampla para ficar num só seguimento. Para encerrar, de acordo com o relato do mesmo Mauro, houve um episódio clássico do cantor: um repórter, ao questioná-lo por ser um cantor brega, levou uma resposta de Odair: " você acha que eu sou brega? vou me achar brega no dia que gente como Paul McCartney ou Neil Young dizerem que eu sou brega." Preciso dizer mais algo? Antes ouvir Odair José do que entupir meu ouvido com sertanejo universiotário, o axé pegador ou mesmo o funk surubento. Obrigado Mauro!!!!!!!!!

sábado, 15 de setembro de 2018

Simone Ancelmo - A meus Ancestrais... Meu canto

Disco de artista daqui, uma cantora que encontra a barreira da dificuldade de se gravar um disco. Esta cantora não faz heavy metal. Simone faz um som acessível e encontra a mesma realidade: que em ambos os casos, tais seguimentos não são para muitos e sim para um público seletivo que aprecia em primeiro lugar a música. Na linguagem roqueira, ela é underground. Saiba você que toca rock independente e que reclama que seu estilo encontra a falta de apoio da grande mídia, que Simone Ancelmo possui o mesmo "problema". E olha que estamos falando duma talentosíssima cantora da verdadeira mpb, aquela que nos tempos áureos revelava qualidade e o termo popular ainda era bem utilizado sem cair no pantanoso mundo popularesco que infesta todo o mainstream atualmente. Não se espelhe nas paradas de plataformas digitais como o "spotify" pois realmente ali a coisa está de dar medo. Hoje, caso queira ouvir artistas decentes, que priorizam canções bonitas com letras idem, é necessário uma busca fora do mar de lama. Gravadoras mainstream devem ser esquecidas. Programas que "revelam talentos" então.... Você não irá encontrar a Simone Ancelmo em nenhum dos canais citados. Sim, eu sei. O tal povão prefere Anitta, Ludmilla, Toddynho, Valesca Popozuda além desses Mc´s e estas duplas sertanejas universitárias pavorosas. Mas aqui fica o recado para qualquer artista que ache impossível cativar alguém fazendo o que realmente gosta sem cair na lama fedorenta. Ouvindo este maravilhoso disco constatei que pode sim fazer música de qualidade, seja você metal ou mpb. Cada um possui o direito de ouvir o que quiser, sem discriminação. Agora, citar tais "artistas" como representantes da música nacional, esta dominação ditatorial, eu não possuo o menor dever de aceitar.
Ontem fui ver uma apresentação especial de Simone, aonde interpretou canções do repertório de Elis e Tom e pude perceber o quanto as pessoas ainda querem ouvir música boa sem apelar para o bundamolismo ou para a baixaria pura e simples. As pessoas ainda se emocionam com uma canção bonita, ainda querem cantar letras que dizem algo. E pude adquirir este disco de 2014 e já pedindo um show com este repertório pois o mesmo é grandioso e pode sim estar no hall da fama dos grandes medalhões da música popular brasileira. Algumas de sua autoria, outras com participações de outros compositores, A meus ancestrais...Meu canto possui um track list rico, aconchegante e trilha perfeita para aqueles momentos dos quais seu ouvido necessita de música calma aonde uma linda voz comanda tudo duma forma tão bela.
Das 14 faixas inclusas aqui, alguns destaques são impossíveis de esquecer como as belas Oxum, Meu canto, Janaína, Tudo mudou, Clara luz da inspiração ( revelando uma das grandes referências neste trabalho a cantora e saudosa Clara Nunes), A Mãinha ( uma homenagem a sua mãe), Sertão saudade ( lindíssima), Canto da sereia além da fabulosa Festa do meu povo.
No geral, este disco transborda aquela energia positiva da qual precisamos e é preciso cabeça aberta para escutar pois aqui não temos guitarras pesadas nem temas de rock. Aqui é a tradução fidelíssima do que representa a música brasileira em sua forma regional. Além de Clara Nunes, podemos encontrar pitadas de Cartola, Paulinho da Viola, Adoniram Barbosa, Quinteto Violado, Elis Regina entre outros e outras da música brasileira.
Ao ouvir este disco, meu leque de variedade foi ampliado e caso não seja fechado a um único estilo, pode apreciar temas belos passando longe da apelação facínora que corrompe cada vez mais ouvintes que possuem cada vez menos a sensação de se emocionar com algo aonde o que importa é a tal "música" do momento. Ótimo trabalho duma cantora que merece um pouco de sua atenção. Parabéns Simone e a todos os envolvidos neste capítulo brasileiro da música feita na cena da baixada.
Acredite. Pois é acreditando que alguma mudança pode ser feita. E não deixe de ver alguma apresentação desta cantora de jeito nenhum!!!!!!

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

The Sins of thy Beloved e Macbeth mostram de que nem só de medalhões se faz a cena do gothic metal

Finalizando as resenhas de algumas aquisições de ontem, duas bandas cujos discos passaram batido por mim na época mas que descobertos agora, percebi o quão bons são. É certo que a cena do gothic metal sempre foi muito rica aonde a combinação do universo gótico com a sonoridade densa e pesada do doom metal trouxe e ainda traz bandas muito boas. Instrumental impecável, uma dose de melancolia e até uma pitada de sensualidade foram os ingredientes necessários na concepção desses dois discos maravilhosos. Começando com os noruegueses do The Sins of thy Beloved, a banda foi criada na região de Bryne na Noruega e que durou entre 96 e 2013 e que lançaram dois discos oficiais além de demos e eps. Perpetual Desolation foi o disco ouvido e que baita álbum!!!! Pesado e melodioso. Os vocais masculinos e femininos estão lá assim como toda aquela atmosfera sensual/depressiva estão aqui. A capa chamou a atenção por mostrar uma gatíssima com um decote ousado e que com certeza faria muita feminista puritana acusar a banda de ser machista e "fascista" além de incitar a "cultura do estupro", termo em voga atualmente que não sai da boca das meninas mal amadas que ficam com as tetas muchas pra fora em manifestação por "respeito". Deixando estes assuntos de lado e indo ao que interessa, o disco é brilhante e faixas como The flame of wrath, Forever, Pandemonium, Partial insanity, a faixa título, Nebula queen, The mournful euphony e A tormented soul traduzem fielmente todo o sentimento melancólico e viajante das faixas. Além dos sons próprios, o disco fecha com um cover inspirado para The thing that should not be do Metallica que faria Hetfield ficar orgulhoso da sua obra sendo refeita duma forma tão legal. Um disco que merece estar em sua coleção caso curta não só o estilo mas quem curte heavy metal em geral deveria dar uma oportunidade aos noruegueses.
Outra banda muito boa de gothic é o Macbeth da Itália e o disco em questão é Romantic Tragedy´s Crescendo, outro baita exemplo de como são inspirados essa galera. E o curioso é que alguns títulos de canções acabam sendo iguais aos do TSOTB como Forever... e The mournful lover. Compare estes temas com os do noruegueses.... captou? Mas não há problemas já que o som é diferente e isso é o que caracteriza um seguimento: a diversidade das bandas. Outras faixas são belíssimas como The dark kiss of my angel, Black heaven ou Shadowns of eden além dos outras faixas não citadas totalizando 9 sons, incluindo a bela abertura com A gothic overture.
Finalizando a audição desses 2 discos me veio a saudade daquela época bem legal das festas, de como tínhamos alegria, amor e paz. Soa hippie mas era assim mesmo. Determinados álbuns, estilos musicais e bandas em questão me fazem viajar no tempo de verdade. Caso curta gothic metal mas que nunca ouviu tais bandas, procure agora mesmo e não irá se arrepender. Até.

The Winds of a new Millennium volume 3 - vários

Dando continuidade nos presentes recebidos eis que apareceu esta coletânea uma das clássicas séries lançadas por gravadoras na virada do milênio e aqui a Demise Records fez um belo trabalho para com o metal nacional e mundial reunindo bandas bacanas englobando o que havia de melhor no metal extremo da época. Estas coletâneas foram muito importantes pois foram graças a elas que muita banda foi descoberta cuja oportunidade de promoção foi de extrema utilidade para mostrar uma cena bem rica. Lógico que, numa coletânea dupla envolvendo 28 bandas, nem todas acabam agradando seja pela consistência dos sons apresentados seja pela produção das faixas ou até pelo fato de preferir um estilo ao outro. Isso é normal e democrático. Não citarei as bandas que menos contribuíram e sim agregar as que foram destaque aos meus ouvidos. Mas que fiquem claro: todas elas possuem algum ponto positivo e não houve nenhuma que me fez pular a faixa, o que já é um ótimo sinal.
Logo de cara, percebo alguns nomes conhecidos aqui na baixada que participaram desta edição como foi o caso do Chemical Disaster, In Hell, Chesed Geburah ( banda esta que promete um disco novo muito bom) e o extinto Dark Eden. Todos os citados fizeram bonito e o mais legal: cada um em seu estilo, mostrando que diversidade pode e deve ser uma questão interessante para as bandas.
Outros destaques merecidos foram o ótimo Souless, o estupendo Infernal além de Drowned, Gruunks, Sepulcro ( que chegou a tocar por aqui) e Kreditor, todos com resultados bem legais.
Esta e outras da série em destaque além de outras compilações merecem aquela garimpada com o intuito da descoberta de tantas bandas legais existentes aqui neste país. Não adianta só ficar falando que tal estilo morreu, que o rock já era entre outras lamentações. Se muitas pessoas procurassem mais, teriam inúmeros exemplos de como o rock está mais vivo do que nunca e na área do metal nem se fala. Não sei se é preguiça ou mesmo preconceito. Acontece que muitas pessoas simplesmente não querem caçar nada e esperam cair na mão de forma fácil demais. Ao contrário do que imaginavam os detentores das plataformas digitais, o pessoal ficam mais preguiçoso ainda. É o caso da facilidade gerar mais preguiça do que conhecimento. Mas não fiquemos nos lamentando e que a máquina musical não pare nunca!!!!!!

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Obscurity Tears - Songs for a black winter

Mais uma grata surpresa. Ouvir esta banda pernambucana me trouxe a recordação de bandas que apostavam no então inédito cenário do gothic metal e quando tivemos o maior clássico do estilo chamado Bloody Kisses sendo lançado ao que outros clássicos de bandas foram lançados nesta época. Type o Negative, Paradise Lost, Theatre of Tragedy, The Gathering, Tristania, Tiamat, Within Temptation.... a lista é grande. Aqui no Brasil algumas bandas começaram a apostar em tal proposta e entre as bandas mais legais poderia citar os mineiros do Silent Cry entre outros. O Obscurity Tears lançou este disco em 93 e o na época septeto protagonizou um dos atos mais importantes em prol ao gothic doom naquele molde clássico de vocalista feminina angelical com um cara urrando. Mas não é só isso que define Songs for a black winter. Alguns vocais mais limpos por parte da parte masculina e até passagens mais dançantes estão entre uma parte e outra nas 5 faixas deste disco fabuloso. Formado na época por Jefferson Barreto ( violino), Evandro Andrade ( guitarra), Júnior Alves ( teclados), Wellington Resende ( guitarra/vocal), Wires Alves ( bateria), Nitelma Lima ( vocal) e Flávio Marcelo ( baixo), a banda teve em Crying in silence, Cycle of changes, Lost in desolation, The substancial Journey e Unsure o momento ideal para expressarem suas dores e sentimentos melancólicos dentro de si. A música é uma ótima válvula de escape para isso e bandas neste seguimento traduzem fielmente o lado sentimental da música com uma ponta de esperança e de que ninguém sente nada sozinho. Ótimas melodias, peso, melancolia. O Obscurity Tears deve ser resgatado caso aprecie o lado mais doom do gótico e quem já conhece vale como uma lembrança maravilhosa duma época em que íamos nas festas góticas daqui da baixada e nos divertíamos a beça. Belo registro!!!!!!!

Morbid Angel - Covenant

Falar duma banda consagrada pode ser fácil mais ao mesmo tempo difícil. Fácil pois se você curtir, a galera vai aprovar mas difícil pois se caso não curtir os cagadores de regras lhe acusarão de ser poser, traidor e por aí vai. Aqui temos um exemplo de clássico muito bom e facilmente aprovado por este que vos digita. O trio na época formado por David Vincent ( baixo/vocal), Trey Azagthoth ( guitarra) e Pete Sandoval ( bateria) chamaram Flemming Rasmussen ( aquele que tirou o baixo de ...And Justice for all do Metallica) e foram para a Florida gravar Covenant. E que disco sensacional!!!!! Sendo 10 faixas ( incluindo a esquisita Nar mattaru), aqui temos uma aula de death metal e um cala a boca para quem acha que músico de death metal não sabe tocar alegando só ouvir "barulho". Trey é um dos guitarristas mais talentosos do mundo e o então baterista da banda Pete Sandoval é um monstro que ainda tem em mãos o legado do Terrorizer, outra lenda viva do metal da morte. Pergunte para os caras do Krisiun e eles lhe dirão qual foi uma das bandas que os influenciaram na arte de fazer extremo de qualidade. Algumas pérolas constam aqui como Rapture, Pain divine, World of shit ( the promised land), Vengeance is mine, The lions den, Blood on my hands, Angel of desease, Sworn to the black além da épica God of emptiness, todas com aquele brilho metálico.
Algumas das faixas apareceram como trilha de fundo nas cenas de A noite dos Demônios 2 com a estrela Amelia Kinkade interpretando Angela, a criatura demoníaca que saía do porão para aterrorizar alguns jovens. E no momento em que toca Morbid Angel, Amelia ( ou Angela) protagoniza uma das danças mais sensuais que fizeram este que vos escreve sentir prazer vendo um filme de terror. Quem viu este filme sabe do que estou falando. Se não viu, procure agora mesmo no You tube por ele e ouvirá algumas faixas deste disco. Puta disco duma formação que não irá mais voltar. Clássico!!!!!!

Nando Bassetto - Retalhado

O que seria da vida sem surpresas ? Não que aqui alguém duvide do talento dos músicos envolvidos, pelo contrário. Nando é um dos melhores guitarristas da região e do Brasil e pessoas como Mauro Hector e Marcus Wood não ficam atrás no quesito talento e criatividade. E músicos do calibre de Vini Cesar, Enrico Bagnato ( A sea of leaves e Som Três), Marinho Farias entre outros comprovam que temos talentos incríveis, músicos fantásticos que não precisam provar nada para ninguém. Mas ao ouvir Retalhado ( não informa o ano que foi lançado), percebi o quanto um guitarrista pode ser bom sem cair nas armadilhas que alguns acabam caindo como tocar mil notas por segundo e pirulitagens sem sentido. Nando imprime um ótimo gosto nas 11 faixas do disco com muito feeling e melodias bem apropriadas para um momento de prazer musical. Rotular este disco acaba sendo um objetivo inatingível já que torna-se dificultoso encontrar um estilo definido. Mas facilmente irá encontrar muita musicalidade e um cara que sabe muito bem o que faz. Hoje abre o disco numa pegada meio surf music, bem legal mesmo. Saturno beat vem na sequência numa pegada rocker maravilhosa, um clima meio Satriani revisitado aonde as guitarras dão aquele gosto robusto e revigorante. Bipolar é meio reggae com aquele instrumental lembrando o saudoso Charlie Brown Jr., ou seja, aquele clima de final de semana de tempo ensolarado e de gente legal e bonita na rua sem se preocupar com estereótipos ou diferenças em geral. Hezbollahdo mantém o groove num ataque guitarrístico de fazer alguns virtuoses ficarem babando e a lindíssima Mais um dia vem numa sequência arrebatadora.
Quem se acha normal é a próxima e mais uma bela faixa vem aos meus ouvidos que já estão delirando com o disco que ainda consta com Recordação ( brilhante participação de Mauro Hector), Sem segredo, Rejunte, Thiagueira´s groove e que fecha com a Hora do rush numa final eletrizante com direito a participação de Marcus Wood que chegou a tocar no Cajamanga e no lendário Carnal Desire. Este disco foi uma parceria de Nando com Lee Luthier e gravado no Play Rec studios. Mas o que ficou aqui registrado foi um dos melhores momentos musicais que alguém pode ter direito. Um disco recomendado para guitarristas e para quem não curte muito disco instrumental pode ser uma ótima forma de usufruir de tal proposta sem abrir a boca de sono.
Vale lembrar que Nando Bassetto é guitarrista do igualmente ótimo Garage Fuzz e atuante em inúmeros projetos. Guitarrista mas sem colocar o ego acima de tudo. Esse cara chama-se Nando Bassetto. Parabéns pelo ótimo disco!!!!!!!!! Falar o que de um cara que veio daquela geração do hard rock santista como Last Jocker e Mr. Green ? Ouça!!!!

domingo, 26 de agosto de 2018

Hellfire : a brazilian tribute to Sabbat

Uma das minhas gratidões neste meio em que vivo é estar conectado sempre com boa música. E quem define o que é bom ou ruim acaba sendo eu mesmo e muitas vezes precisamos nadar contra a maré. Este tributo caiu em minhas mãos duma forma bem bacana. Estas mesmas pessoas estão protagonizando tributos de bandas nacionais a bandas clássicas e temos, além desse, tributos a Black Sabbath, Motörhead, AC/DC entre outros. Concentrando as atenções nesse tributo em específico, esta banda japonesa foi originada em 83 com o propósito de tocar um black metal com influências de thrash e até uma pitada generosa de heavy tradicional. Uma ideia gerada acabou sendo bastante motivadora na hora de ouvir as regravações. Ouvindo as versões originais pude ver o quanto cada banda contribuiu ao som pedido duma maneira bem interessante e mostra que o metal em geral é rico e talentoso. Como também nunca tinha ouvido nada dos japoneses, acabou por ser uma baita descoberta já que o som dos caras é animal e discos como Envenom ( 91) e Evokel ( 92) estarão em breve nesse blog e no meu som assim como todo o restante duma brilhante carreira.
Ao ouvir os temas originais, parti para ouvir os homenageadores nesta festa do metal mundial. As 13 bandas conseguiram fazer algo próprio mas sem descaracterizar os temas conhecidos. Destaques para o Axecuter numa versão animalesca para Disembody to the abyss aonde conseguiram ingerir o estilo deles no som resultando em algo muito bom e criativo. Outra banda que me chamou a atenção foram o Antichrist Hooligans com a fantástica Black metal scythe e o Nosferatu brilhou com Bloody Countess. Também tivemos o Podridão que deixou Devil worship ainda mais malvada além da nuança thrash do Biter em Black fire. Aqui também temos a baixada santista muito bem representada pelos camaradas do Chemical Disaster que extraiu porradaria extra do seu death metal e fez de Hellfire uma das versões mais avassaladoras do tributo. Igualmente potente ficou a versão para Bird of III Omen feita pelos veteranos do Hierarchical Punishment com uma convidada especialíssima: tratou-se da frontwoman do No Sense Marly Cardoso que numa breve estadia gravou este som.
O tributo ainda consta com Lutemkrat ( Charisma), Eternal Sacrifice ( versão foda para Gideon), Exumados ( Evil nations), Arkhön Tön Daimoniôn ( Evoke the Evil), Cranial Crusher ( Witchflight) e o Vingança Suprema ( Darkness and Evil).
Um tributo feito por bandas fantásticas cujo o resultado foi mais do que satisfatório. Trata-se dum item não só para quem curte tais bandas mas um trampolim para conhecer mais desta lenda japonesa do Black Metal. Parabéns a todos os envolvidos!!!!!!

Age nor Defields, Ted Bundy, Porco Preto e Hierarchical Punishment - Dakota - 24/8/2018

De volta as resenhas, passei dois dias para refletir acerca duma frase muito legal que eu ouvi : " Viva o hoje. O amanhã a gente resolve." Estava falando acerca de assuntos não relacionados a música, falando da vida, o que ela nos traz de bom e as porradas que levamos no decorrer dela. Falamos de política. E num dos momentos da conversa falamos sobre idade. Falei como deve ser chegar aos 60, 70 e não passar a ter aparições do homem da capa preta e do foice mais conhecido como o sr. Morte. E o baixista Morto do Hierarchical soltou a tal frase citada acima. Não devemos pensar muito nessas coisas. Ela ( a morte) será algo inevitável e da qual não iremos conseguir fugir. Mas pensar nisso além de trazer um sentimento negativo, não agrega em nada no nosso dia a dia. Nos sentimos desiludidos, desanimados com algo ou por alguém mas são coisas que temos que encarar como passageiras e não como eternas. E assuntos assim nos engrandece pra caramba e mostra que não somos os alienados como a grande sociedade nos vê. E o estúdio Dakota mais uma vez nos proporcionou um belo ambiente musical e humano ao promover mais uma noite regada a som pesado e para poucos. A região do death metal/ grindcore nunca foi e nunca será algo para a massa apreciar e sim para pessoas selecionadas e que possuem o mesmo sentimento do cara que está com instrumentos e um microfone, somos todos um só e todos numa unidade forte e precisa que simplesmente ignora toda e qualquer manifestação artística fútil e desagregadora.
A noite deu início com a banda de Mongaguá Age nor Defields, quarteto que consegue unir na salada ingredientes do grind, death e punk com alguma mistura de vocais mais limpos com aquela agressividade que o grind pede. Os vocais caóticos de Renan Sinner e do também guitarrista Silas Júnior são bem feitos e fazem tudo a ver com o instrumental pesado e agressivo. A cozinha praticada pela dupla Luvas Silva ( baixo) e pela lindíssima Liz Souza ( bateria) fazem bonito e Liz é uma das melhores bateristas que já vi tocar. Reparem a quantidade de mulheres em bandas, sejam totalmente femininas ou tocando com outros caras. Pois é amiguinhos, a mulherada também quer mostrar seu som e não ser somente ouvintes....
Ted Bundy em ação
Porco Preto
Aí na sequência vieram os já conhecidos do Ted Bundy do Guarujá. Confesso que ainda não tinha ouvido nada dos caras e este show foi uma demonstração pura de que grindcore, aquele da época do Scum ( Napalm Death) ainda vive e em ótimas mãos. Que show foda!!!!!! O trio formado por Rafael ( guitarra/vocal), Luiz ( bateria) e o carismático Greg ( vocal) fizeram do Dakota o local do caos e para quem acha que grindcore é só barulho, saiba que Luiz é um dos bateristas mais técnicos que já vi tocar. Foi impagável o vocalista Greg anunciando o split a cada música finalizada. Quando acabou o show alguém soltou " Anuncia o cd" . Gargalhadas gerais e um desfecho sensacional duma banda que ainda promete muito pela frente.
Hierarchical Punishment
E quem ainda promete muito pela frente são os Vicentinos do Porco Preto, quarteto formado pelo vocalista alucinado Erick Alves, Walter na guitarra, Diego no baixo e Matheus na bateria. Grindcore com algo de metal, thrash foi o que eu ouvi e mais um puta show animalesco. Um som animal quando junta uma letra contestadora pode e deve ser uma arma letal que temos como ferramenta para rachar este sistema falido e cada um desses caras possuem a ciência de que somente assim teremos uma mudança concreta em nosso país. Mais ainda tínhamos mais uma banda. Banda esta que qualquer apresentação torna-se inócua tendo em vista a importância desses mestres no cenário pesado.
Hierarchical Punishment em ação.
Grell, o homem por trás da máquina do Hierarchical
Estou falando do Hierarchical Punishment e que mais uma vez fez uma apresentação impecável, porrada, avassaladora e para mostrar que nunca devemos subestimar músicos de história como Grell ( guitarra), Morto ( baixo) e Luiz Carlos Louzada ( ele mesmo, o baterista ). Mas também não pode-se colocar por baixo Edismon ( guitarra) e Itzac Iosef ( vocalista) nem classificá-los como "músicos novos" vide bandas como Ninurta, Summersaco e Saguinolência bandas das quais os dois citados fazem/fizeram parte. A junção desses talentos e currículos tivemos como resultado uma apresentação da arte em sua forma mais nua e crua possível. Confesso aos senhores e senhoras que fico até emocionado quando vejo esses caras em ação. Algo muito bonito e enriquecedor, totalmente. Divulgando o disco The Choice e sendo uma das participantes do tributo as lendas do black metal japonês Sabbat, a banda segue a pleno vapor numa agenda de shows ininterruptas. Nem preciso citar a performance de cada um. Grell e Edismon formam uma das duplas de guitarras mais completas da humanidade. Morto e Luiz uma das cozinhas mais precisas e Itzac é uma versão grind do Dead, ex- vocalista do Mayhem, o porta voz da desgraça sonora.
Com experiência no Summersaco e Sanguinolência, Itzac faz toda a diferença nos vocais.
E assim acabou uma noite de sexta feira por aqui. São noites assim, noites que beiram a perfeição como essas que engrandecem mais e mais a esperança de que a chama só será apagada quando o homem de boa índole parar de lutar pelo seu ideal, seja ele qual for. Simplesmente perfeito!!!!!!!!


Greg ( ou o vulto dele) e Luiz do Ted Bundy
Liz representando muito bem as mulheres em bandas.


Apresentação alucinada do Age nor Defields



Silas e sua guitarra no show do Dakota


Luvas e Renan mostrando o poder do grindcore no Dakota.



domingo, 12 de agosto de 2018

Genesis - The Lamb lies down on Broadway

Terminando a noite e "desenferrujando" o blog, eia um disco que foi um presente de um grande amigo chamado Éder Lima, vulgo Edinho, um dos caras que mais entendem de som. Conversando com outro amigo e grande conhecedor de música chamado Mauro Pinheiro Cruz, o nosso mundo de colecionador musical é algo maravilhoso. Colecionar discos fenomenais para nosso gosto pessoal e ainda fazer amizades sensacionais neste trajeto é algo que não tem preço, não tendo substituição por mais nada nesta vida. Chegar em casa, apesar de tantos problemas diários que possuímos, ouvir discos fabulosos, ler um bom livro é algo que faz bem e nos incentiva a viver. Tenho pena de quem não possui música legal, não lê um livro ou que simplesmente não possui discernimento nem cultura. Pessoas vazias geram mundos vazios, sociedades vazias e cada vez indo para o abismo da imbecilidade e do perigo do emburrecimento eterno. Uma mente preenchida com coisas boas é a melhor e mais inteligente das mentes e fará sim uma diferença na hora de encarar a vida.
Este disco é uma obra de arte musical, uma peça da qual vale a pena possuir no formato físico pois cada detalhe acaba por ser uma bela viagem musical de grande emoção pessoal. Alguns se vangloriam pelo belo carro. Outros se vangloriam de terem ficado com várias mulheres e ainda outros mais acham que ter uma fortuna faz um homem de verdade. Meu maior conhecimento são meus discos. Sem cada um destes itens que possuo não seria alguém feliz.
E The Lamb lies down on Broadway enriquece mais minha discografia. Sendo o último registro com Peter Gabriel nos vocais da banda, este item duplo é uma bela viagem sonora da música progressiva aonde cada detalhe deve ser ouvido atentamente sem pula uma única faixa sequer. Como dito anteriormente, o fato de ser duplo faz o disco ser ainda mais atraente pois temos mais músicas para curtir. No disco 1, 11 faixas já me transportam ao reino encantado do prog ainda destaques como Hairless heart, Carpet Crawlers ( que espetáculo!!!!!!), In the cage entre outras já vem trazendo uma musicalidade lapidada que ainda cito a faixa que dá nome ao disco. No disco 2, temos mais 12 músicas e destaques como Anyway, Here comes the supernatural anaesthetist ( escute isso sem se empolgar), The lamia além de da incrível viagem de The colony of slipperman que fazem um diferencial incontestável.
Por anos fiquei só gostando do Genesis pop mas já gostava um pouco da fase Gabriel. Hoje prefiro muito mais esta fase progressiva mas não deixando de lado nunca discos como Invisible Touch, este uma aula de pop music fantástica.
Enfim, um disco fantástico e que mais uma vez traduz a essência da música progressiva e a essência de algo inteligente. Como disse Mauro: " música de entretenimento não é cultura. Música é cultura". Resumindo: não será com estes mc´s surubinhas da vida nem muito menos com pseudo artistas que nascem do dia pra noite com músicas cada vez mais plásticas que fará você melhor culturalmente. O verdadeiro apreciador de cultura em geral não se sujeita a ter algo ralo e se contentar com isso. Um ser inteligente quer ser desafiado e este disco é um belo exemplo desafiador e que ainda lhe fará feliz a cada audição. Grande presente!!!!!!!

domingo, 15 de julho de 2018

Annie Rios e Maurício Martins - Pinacoteca Benedito Calixto - 15/7/2018

A dupla Maurício Martins e Annie Rios hoje na Pinacoteca
E num domingo, a Terra parou para mim por alguns instantes na Pinacoteca num evento inusitado aonde me foi mostrado dois grandes talentos da região, mostrando para muitos que música boa e artista bom tem em vários estilos. A Pinacoteca envia para quem se inscreve no caderno de presença diversos eventos que acontecem na famosa casa na avenida da praia e este acabei indo para aproveitar a ótima vibe de sexta e sábado. Logicamente que hoje foi um evento mais intimista, aonde pessoas frequentadoras não são adolescentes ou roqueiros. Acho que o único roqueiro que tinha lá era eu e um senhor com a camiseta do Yes pois o restante teve pessoas que gostam dali e que aproveitaram para passar uma ótima tarde. Numa apresentação curta porém proveitosa tivemos uma bela seleção musical que foi desde músicas nacionais até algumas internacionais. E o repertório teve Avril Lavigne, Beyoncé, Tribalistas ( eles conseguiram tornar uma música deste horrendo projeto legal), Amy Winehouse entre outros. Até duas de Sandy & Júnior pintaram no set, mostrando que nem sempre é ruim a salada ser variada. Não aqui. O produtor musical Maurício Martins é um excelente instrumentista e comanda produções de diversos artistas da região pela 4ever, produtora em questão. E acompanhando o produtor, tive a honra, a graça, a oportunidade de conferir uma das melhores cantoras das quais já ouvi, a lindíssima Annie Rios. Dona duma voz linda, Annie brilhou nas versões das artistas acima e com muito carisma mostrou um baita potencial na voz além de ser uma lady em questão de atendimento ao público. Pude conversar com ambos e com ela foi algo magnífico. E sabe aonde Annie me encantou? Sua voz é bem parecida com a da Sandy. Sim, se eu fechasse os olhos ia jurar que era a própria cantando ali na Pinacoteca. Não estou falando de cópia mas de sim uma bela referência, pelo menos para mim pois quem me conhece sabe que sou fã da cantora irmã do Júnior.
Enquanto muitos ficam reclamando da falta de talentos no mainstream, eu prefiro ignorar este meio e procurar justamente na música independente os verdadeiros talentos. Annie teria condições maiores? Sim. Mas, por outro lado, ela não seria para este público acéfalo que repara na bunda antes da voz. E foi assim. Um final de semana repleto de música boa, fechando com Annie Rios e Maurício Martins e ainda voltei com 3 livros para casa. Aí brasileiro reclama que não possui tempo para ler ou que não tem música boa.... Vale lembrar que constam no you tube alguns vídeos de Annie em faixas como The edge e Love runs out / Sing entre outras. Por mais domingos assim e que eu possa ver mais vezes esta voz que conquistou meu coração e que se traduz numa linda mulher, interior e exteriormente falando.


sábado, 14 de julho de 2018

Dia municipal do rock - Dr. Kaveira, Carnal Desire, Killmister, Inpulse, John People, Medusa Trio e Opala meia9 - Praça dos Andradas - 14/7/2018

Um dia após o show do Vulcano e do Santuário, eis que me dirigi a Praça dos Andradas para a sétima edição do Dia municipal do Rock com a produção de Cesar Sanchez e apoio da prefeitura de Santos. Esse evento me trouxe uma espécie de viagem no tempo. Sim, me lembrou o início dos anos 90 quando tínhamos festivais desse porte nas escolas para a molecada ter acesso ao rock. Hoje não foi diferente e num clima maravilhoso de paz e bom som, desde o meio dia aconteceu este que pode dar continuidade, basta a prefeitura continuar apoiando e a produção nunca deixar cair a peteca. Mas quem conhece o lendário Boi sabe que o mesmo sempre se preocupa em fazer sempre um evento bacana já que Cesar também gosta de rock e entende muito do estilo. Como cheguei mais tarde, acabei perdendo as bandas John People, Medusa Trio e Opala Meia9, chegando no momento em que o genial Dr. Kaveira adentrara ao palco. Liderados pelo vocalista Marcelo Ferrari, a banda ainda conta com o guitarrista Pedrão, com o baterista Paulinho Ferramenta e Lucas Fernandes no baixo e o som é aquela salada rica em Psychobilly, Surfmusic e Punk Rock. Com um set animal e tocando somente sons próprios, os caras causaram uma baita felicidade, um som muito bem feito e que não precisa de firulas nem de malabarismos. Estava afim de vê-los e o que foi presenciado me satisfez 100 %. Guardem bem este nome.
Dr. Kaveira
Na sequência veio Tarso Carnal e seu Carnal Desire. Falar do show do Carnal é falar sobre um show divertido e um som bem tocado. Um cara do naipe do Tarso não precisa de apresentações nem de muita lenga lenga. Infelizmente possuímos pessoas desprovidas de humor e levam a sério o sexy core. O Carnal Desire não é e nunca foi para se levar a sério. Lógico que, com as letras falando do que falam, o som em si é para se levar a sério pois estamos falando de riffs de guitarra, um baixista competente e um batera que segura a onda. E foi aquele desfile divertido de sons como Profissão Peão, Cabeça de baixo, Jontex, Noiva de Satã entre outras. Estreando o veterano baterista Cassiano Paiva ( ex- Asmodeu), a banda ganhou muitos pontos a favor e com André Monteiro a um tempo no baixo, Tarso possui uma das melhores formações da banda. Tarso em suas letras não fala somente dele e sim de vários homens que passam pela mesma coisa mas não possui a coragem de dizer o que pensa. E mais: quem se leva a sério demais acaba doente e preso numa máscara eterna. Parabéns Tarso e Carnal Desire pelo puta show.
Carnal Desire
Que vista linda. 
Após o Carnal, sobem ao palco o Killmister, banda que não precisa de apresentações. Com um ótimo som, pudemos conferir mais um grande show, uma celebração a música do Motörhead e aos fãs que esta banda deixou órfão. Assistir ao show do Killmister é esquecer os problemas e ouvir clássicos dos ingleses intercalados com músicas próprias lançadas em dois eps sensacionais. O mais recente, Ride down to hell, foi recentemente resenhado e foi representado por 3 faixas, incluindo a fantástica faixa título, uma ode maravilhosa ao legado de Lemmy e uma baita lembrança de que o rock se faz com guitarra, baixo, bateria e vocal. Falar do vocal do Luiz Carlos Louzada, da guitarra sempre brilhante de Gerson Fajardo é sempre aquele jogo ganho mas o baixista Paulo Tornai deu um baita gás na banda e seu baixo é fiel ao original. Infelizmente por problemas de saúde, Paulo Mariz ficará inativo por um tempo e o show foi feito pelo competente baterista Bruno, que tocou com o Repulsão Explícita além de passagens no Vetor e atualmente no Heavenly Kingdom. Ou seja, o cara não brinca em serviço. Desejo que Mariz volte logo pois trata-se de um dos melhores bateristas mas Brunão segurou as pontas de forma brilhante e a altura do baterista original.
Dr. Kaveira num show sensacional
Dr. Kaveira
Quem me acompanha sabe que não costumo falar de bandas cover ou tributo ou seja lá o que você preferir chamar. Não por ser contra. Mas falar duma banda tributo é o mesmo que falar de algo que já vem para eles, ou seja, eles estão tocando músicas de outro artista. Mas bandas que prestam homenagens a outras consagradas e que fazem com muita competência, merecem meu destaque. Poderia citar alguns exemplos mas este Inpulse foi algo sobrenatural. Formado por Bruno Romiti ( guitarra/vocal), Caio Noronha ( teclado), Caio Simonian ( bateria/vocal), Bruno Davoglio ( baixo) e Mario Forti ( guitarra), esses caras protagonizaram um dos melhores que já assisti e saiba duma coisa: tocar Pink Floyd não é fácil. E eles fizeram e cativaram quem gosta da banda pois registraram fielmente cada parte das músicas. Com alguns lados b sensacionais intercalados aos clássicos, foi um desfile perfeito de sons brilhantes. E foi com Have a cigar que a banda fechou este festival e fechou o meu sábado. Um sábado que poderia ser o mesmo de tantos mas que acabou sendo uma baita celebração não somente ao rock e sim mostrar que a vida é curta e que devemos curtir o máximo tudo que amamos. Abaixo seguem outras fotos do evento. Parabéns Cesar Sanchez pela festa e a prefeitura por apoiar uma bela causa.

Tarso e cia detonando no festival



Inpulse ( Pink Floyd tribute)



Será que existe outra banda tributo ao Floyd melhor que essa?

Carnal Desire em sua melhor formação


Killmister em ação.
Com músicos veteranos na cena, o jogo é ganho sempre.
Killmister mostrando seu som ontem.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Vulcano e Santuário - Sesc Santos - 13/7/2018

O dia do rock sempre é lembrado como a data em que rolou o festival Live aid aonde inúmeros artistas de rock e de pop se apresentaram afim de arrecadar dinheiro para ajudar lugares devastados pela fome e pela miséria. Mas para quem gosta de rock, respira rock e consome este estilo musical, o dia do rock é aquele dia no qual agradecemos por ter algo maravilhoso em nossas vidas. Fico imaginando se não tivesse aparecido o rock em minha vida, o que eu seria? Poderia ser um amante de música clássica, talvez um fervoroso apreciador de mpb ou até curtido muito mais a música pop. Ou o que acontece recentemente aonde pessoas são emburrecidas pelo som do momento no mais ralo e fétido possível. Mas fui para o rock. Lógico, quem me conhece sabe que sou eclético, curtindo artistas fora do rock numa boa.
E dentro de tantos sub estilos do rock, o heavy metal é aquele que faz ou fez algum adolescente ir para o lado mais pesado. Contestador, provocativo e urgente, o metal pode e deve ter o poder de tornar eu, você ou demais apreciadores de ser mais inteligente do que os demais. Não é querendo criar rixas mas eu não consigo me ver num mesmo QI que o de um pagodeiro ou um fã destes sertanejos nutellas existentes nas paradas. Cada um tem o seu direito de curtir o que quiser mas não venha pôr o rock no mesmo patamar desses estilos. muitos desta cultura de massa adoram dizer que o rock possui somente um jeito de tocar e cantar, agindo assim como um total ignorante cujo cérebro é o mesmo que uma semente de melancia.
E hoje quem foi no Sesc foi porque gosta realmente não sendo modista ou sazonal. Duas bandas lendárias tocaram no teatro, ambas com som bom e ótimos shows. E foi a oportunidade de ver o Santuário pela primeira vez. E foram eles que abriram a festa mostrando um heavy rock de primeira qualidade. Foram momentos agradabilíssimos esses tendo como trilha sonora canções que foram feitas quando muito metido a radical ainda nem era um mero esperma lá nos dificultosos anos 80. E gostando ou não do som da banda, uma coisa temos que louvar: numa época de repressão, atraso e descaso para com um o metal, esses caras foram aqueles que deram a cara pra bater numa etapa brasileira aonde a guitarra distorcida causava náuseas em quem não gostava por puro preconceito.
Com algumas participações especiais o show transcorreu de forma bacana e foi legal o quão bom é o guitarrista Mika que sabe dosar perfeitamente solos sacados além de riffs bem legais advindos do hard e do heavy. E entre as participações, a melhor foi sem dúvida a de Cachorrão, vocalista do Centúrias que, além de estar cantando muito ainda, foi o que deu mais gás . Lógico que Medusa e o talentoso Lone ( Angel) deram seu recado mas foi Cachorrão o destaque. E foi muito bacana ver meu amigo Rato no baixo, muito bom mesmo além do batera. Foi sem dúvida um baita show mas falta um vocalista ali, o que espero ansiosamente para que o legado do Santuário continue ainda por muito tempo.
A banda que fechou a festa já tem aquela resenha pronta ou você duvida que algum show do Vulcano não foi menos do que maravilhoso? Com uma formação fixa há tempos, a banda está afiada e neste show fizeram algo especial com participação do baixista que tocou nos anos 80 além do vocalista Angel que simplesmente mandou muito bem Fallen angel ( uma homenagem ao autor da canção, Johnny Hansen), Total destruição e que dividiu os vocais com Luiz Carlos Louzada na pedrada Guerreiros de Satã. Num show curto ( afinal, a casa termina os shows cedo) o Vulcano mostrou o porque de estar sempre entre os melhores discos de músicos da cena escandinava do black metal. Ver no palco um baterista como o Arthur ou um guitarrista do porte de Zhema chega a emocionar. O baixista Carlos Diaz continua endiabrado e Gerson Fajardo é, para mim, aquela referência na guitarra, um cara que respira o rock 24 horas por dia.
Resumindo esta noite no geral, uma noite em que duas lendas do metal nacional se apresentam com um som impecável, público presente e feliz, não teria como definir numa única palavra o que foi hoje. Deixo para vocês comentarem. E sim, não poderia terminar esta resenha sem antes agradecer André Raven, Giva Alves e Jorge Osbourne por ter dado a ideia de me ajudarem a entrar no show. Jamais irei esquecer a atitude nobre para com esta pessoa feliz. Viva o heavy metal, viva a verdadeira união que ainda pode e deve ter sempre. O sistema pode tentar nos tirar algo. Mas unidos, somos muito mais fortes do que todas estas merdas da vida. Boa noite. Seguem abaixo algumas fotos deste momento maravilhoso.
Santuário com Milton Medusa. foto by Paulo Bassetto
Respeite sempre este nome. Os caras não começaram ontem.
Vulcano em ação. foto by Paulo Bassetto.

Mika liderando o Santuário ontem no teatro do Sesc. foto by Paulo Bassetto

Vulcano em ação ontem em Santos.foto gentilmente cedida pelo Luiz Carlos Louzada ( vocal )

Visão do palco na hora do show do Santuário. foto by Paulo Bassetto