sábado, 16 de fevereiro de 2019

Public Enemy - Muse Sick-n-Hour Mess Age

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A verdadeira voz da resistência. A manifestação nua e crua duma geração que realmente queria fazer algo. O rap naquela época era um instrumento de total não conformidade para com o sistema sugador e opressor. Ali ninguém queria saber de gracinhas nem de desmoralizar de forma amadora. Grupos como Public Enemy, Run DMC entre outros tinham uma contestação e ainda uma musicalidade que hoje inexiste no rap americano. Sabe o que acontece quando um estilo que era contrário ao status quo, vira o status quo? Ele passa a ser igual a eles. Hoje você vê esses rappers atuais e dá vontade de vomitar quando escuta estas produções pasteurizadas ao extremo com letras aonde a regra é transar, banalizar a mulher e incitar toda uma geração a ficar chapada o tempo todo. O rap antigo não era conservador e sim contestador.
O rap americano de hoje é o que rola aqui em terras nacionais com esta futilização absurda propagada pelo tal do funk carioca aonde ostentar é o único objetivo do "futuro" do Brasil. Chuck D e cia jamais iriam entender tais manifestações mas o que resta a mim é ouvir este disco soberbo de música negra de raiz, sem ser vitimas e sim verdadeiros guerreiros comprometidos em mostrar aos verdadeiros racistas que o negro não precisa de esmola. Aliás, toda a música que ouvimos hoje em dia tem raiz negra, do blues, rock e indo para o rap, o negro detém os créditos de possuirmos discos legais para ouvir. E esta pérola de 94 veio em minhas mãos e cada faixa foi ouvida com muita atenção. Cada faixa é uma aula de como se portar como ser humano, de não abaixar a cabeça para quem quer te derrubar a todo custo. Eu não acredito em Chico Buarque, Caetano Veloso e sim em Chuck D, Mano Brown, Chorão, entre outros caras que realmente falam uma língua urbana e inteligente, sem apelar para sensacionalismos baratos.
O rap é uma força bruta, insana e que nunca irá se calar. Faixas como What side you on?, White heaven/ black hell são obras aonde o cenário é a rua, o caos urbano em que vivemos. Eu não acredito em histeria, pessoas cujo propósito é defender lados de políticos e famosos polemistas de redes sociais que amam cagar regras só pelo propósito de fazer bagunça e gerar atenção.
Ouvir este disco é uma dádiva. Clássico. Acho vou ouvir de novo.....

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Shakira - Greatest Hits

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No momento em que estava bolando um texto sobre a situação da música pop atualmente, me veio este ótimo Greatest Hits da colombiana Shakira. Você já reparou o quão rala está a música mainstream? E seria imensamente fácil descrevermos o panorama caótico da música aqui no Brasil aonde lixos tóxicos fazem sucesso da noite pro dia com uma música cada vez mais preocupada em gerar 'likes' ou mesmo uma geração cada vez mais estúpida e desprovida de qualquer noção de ser ridículo. Como vi num vídeo no you tube, um comentarista da Jovem Pan especificou que a música pop antigamente tinha algo a mostrar, era mais profunda e despertava algo emocional no ouvinte. Hoje me gera uma certa vergonha alheia quando constato que a música perdeu este sentimento e o que importava ( a música) foi para o brejo e deu lugar a dançarinos e todo um clima de circo. Confesso que nem perdi meu tempo assistindo o Grammy mas um grande amigo meu me mandou um vídeo duma apresentação de uma tal de Cardi B. Antes que você faça a poética pergunta  " que porra é essa?" saiba que esta foi a minha reação quando vi o tal vídeo. Meu amigo roqueiro radical, se você achava a Shakira algo ruim e faixas como Estoy aqui, Un poco de amor, Donde estás corazón, Ciega, sordomuda, Ojos asi entre outras desta coletânea vai passar a amar toda e qualquer música da colombiana assim que tiver o mesmo desprazer que o meu ao ver a tal Cardi B. Juro, a música pop está acabada de vez. Ainda que cantoras veteranas continuem na ativa, a nova geração de cantoras mostra que o futuro da música pop está condenado a permanecer na masmorra da imbecilidade e sem a menor esperança de salvação. E podem começar a rezar pois algumas das veteranas estão com no mínimo 30 anos de carreira. Ok, o rock não anda lá muito bem mas ainda assim sempre ouço alguma banda nova muito legal surgindo que não terá a mesma magia que os medalhões tiveram mas independente de serem ou não clássicas as bandas de hoje fazem algo bem bacana e com consistência ao contrária dessas novas queridinhas descartáveis do pop.
A mesma sensação eu sinto quando escuto hoje em dia Rouge, Kelly Key, Ivete Sangalo e lembro como se fosse hoje meus amigos chocados ao saberem que eu gostava dessas cantoras. Pois bem, olhando o panorama de hoje, a Kelly Key daria uma surra nesta Cardi B assim como a Wanessa Camargo seria a grande aposta, bem melhor que a tal cantora do vídeo.
E falando em Shakira, não foi a toa que a mesma conseguiu chegar aonde chegou. Sua voz única e cantando em espanhol conseguiu driblar o preconceito de muitos quanto a cantoras latinas com algo impactante e cheia de emoção.
Não quero encarnar o tiozão ranzinza e conservador mas não posso ver o que vejo e ficar calado. Vemos pelo lado também de que o público emburreceu bastante, ficou fácil para empresários/produtores picaretas faturarem encima desta galera aonde o discernimento passa longe, muito longe. Não sou ranzinza nem conservador já que acompanho pessoas de extremo talento hoje em dia que não estão mais na televisão, nem no rádio nem ganhando Grammys. Saudades de quando tínhamos uma parada musical cheia de talentos e dum público cheio de vida que sentia de verdade o poder da música em suas vidas. Aguardem cenas do próximo capítulo.....

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Banco Del Mutuo Soccorso e o progressivo italiano

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Voltando a postar algo aqui após um tempo. Com minhas atividades na Santos Life, meus textos acerca de música estão concentrados na revista não tendo tempo de mexer aqui. Mas algumas coisas ainda irão aparecer por aqui caso não resolvam tirar meu blog do ar. A verdade é que me veio uma mensagem dizendo que a partir de abril todo e qualquer meio de postagem pelo Goggle será desativado e já pergunto para alguém outro meio de montar meu blog sem ser nesta parte virtual. Mas enquanto isso não ocorre, falemos desta banda que aportou aqui e foi trilha sonora em dois dias de audição. Foi me apresentado como sendo uma banda de progressivo italiana e confesso aos senhores e senhoras que me acompanham que a pulga estava bem atrás de minha orelha direita quando recebi esta mídia com 8 discos dos caras. Mas não podemos sofrer ou mesmo tecer algum comentário ultrajante de forma antecipada e fui para casa com esta mídia afim de pesquisar acerca de mais uma banda legal ( ou não) que pintou aqui em casa. A música italiana é meio brega por sua natureza mas ninguém aqui disse que ser brega é ser ruim, disse? Odair José é considerado brega e nem por isso é ruim. É melhor que muita porcaria atual!!!!! O progressivo italiano possui este nível de breguice da música natal mas com o requinte de elementos de Emerson, Lake and Palmer, Yes, Genesis em seu som. O Banco Del Mutuo Soccorso possui a aura brega da música italiana mas encara tal tarefa com uma musicalidade progressiva sensacional. Franceso Di Giacomo é o vocalista e responsável pela aura brega já que seu vocal, além de cantado na língua natal dos caras, possui um que de Andrea Bocelli. Soar como o tenor citado não é uma referência lá muito positiva mas Franceso lembra bastante. Mas o instrumental feito pelo guitarrista Rudolfo Maltese, pelo baixista Tiziano Ricci, pelo baterista Maurisio Masi e pelo tecladista Vittorio Nocenzi compensa cada momento aqui com uma musicalidade impecável em discos tão diferentes entre si que o termo progressivo pode misturar com o pop, clássico, música tradicional, jazz e por onde mais eles quiserem ir.
Discos como Darwin! ( 72 ), Io sono nato libero ( 73 ) ou Banco ( 75 ) devem ser apreciados imediatamente caso queira ouvir algo fora do eixo tradicional e ou piegas. Lógico que ainda gosto das bandas que sempre gostei e nem é minha intenção de pagar de descolado só para dizer que conheço de som. Aprendi e ainda aprendo bastante, sempre descobrindo algo bacana do qual nunca tive acesso. O mundo da música é uma eterno aprendizado aonde a descoberta se torna presente para quem não quer se acomodar. E esta banda foi mais uma ótima situação maravilhosa de quebrar o paradigma e abranger os horizontes.