domingo, 26 de agosto de 2018

Hellfire : a brazilian tribute to Sabbat

Uma das minhas gratidões neste meio em que vivo é estar conectado sempre com boa música. E quem define o que é bom ou ruim acaba sendo eu mesmo e muitas vezes precisamos nadar contra a maré. Este tributo caiu em minhas mãos duma forma bem bacana. Estas mesmas pessoas estão protagonizando tributos de bandas nacionais a bandas clássicas e temos, além desse, tributos a Black Sabbath, Motörhead, AC/DC entre outros. Concentrando as atenções nesse tributo em específico, esta banda japonesa foi originada em 83 com o propósito de tocar um black metal com influências de thrash e até uma pitada generosa de heavy tradicional. Uma ideia gerada acabou sendo bastante motivadora na hora de ouvir as regravações. Ouvindo as versões originais pude ver o quanto cada banda contribuiu ao som pedido duma maneira bem interessante e mostra que o metal em geral é rico e talentoso. Como também nunca tinha ouvido nada dos japoneses, acabou por ser uma baita descoberta já que o som dos caras é animal e discos como Envenom ( 91) e Evokel ( 92) estarão em breve nesse blog e no meu som assim como todo o restante duma brilhante carreira.
Ao ouvir os temas originais, parti para ouvir os homenageadores nesta festa do metal mundial. As 13 bandas conseguiram fazer algo próprio mas sem descaracterizar os temas conhecidos. Destaques para o Axecuter numa versão animalesca para Disembody to the abyss aonde conseguiram ingerir o estilo deles no som resultando em algo muito bom e criativo. Outra banda que me chamou a atenção foram o Antichrist Hooligans com a fantástica Black metal scythe e o Nosferatu brilhou com Bloody Countess. Também tivemos o Podridão que deixou Devil worship ainda mais malvada além da nuança thrash do Biter em Black fire. Aqui também temos a baixada santista muito bem representada pelos camaradas do Chemical Disaster que extraiu porradaria extra do seu death metal e fez de Hellfire uma das versões mais avassaladoras do tributo. Igualmente potente ficou a versão para Bird of III Omen feita pelos veteranos do Hierarchical Punishment com uma convidada especialíssima: tratou-se da frontwoman do No Sense Marly Cardoso que numa breve estadia gravou este som.
O tributo ainda consta com Lutemkrat ( Charisma), Eternal Sacrifice ( versão foda para Gideon), Exumados ( Evil nations), Arkhön Tön Daimoniôn ( Evoke the Evil), Cranial Crusher ( Witchflight) e o Vingança Suprema ( Darkness and Evil).
Um tributo feito por bandas fantásticas cujo o resultado foi mais do que satisfatório. Trata-se dum item não só para quem curte tais bandas mas um trampolim para conhecer mais desta lenda japonesa do Black Metal. Parabéns a todos os envolvidos!!!!!!

Age nor Defields, Ted Bundy, Porco Preto e Hierarchical Punishment - Dakota - 24/8/2018

De volta as resenhas, passei dois dias para refletir acerca duma frase muito legal que eu ouvi : " Viva o hoje. O amanhã a gente resolve." Estava falando acerca de assuntos não relacionados a música, falando da vida, o que ela nos traz de bom e as porradas que levamos no decorrer dela. Falamos de política. E num dos momentos da conversa falamos sobre idade. Falei como deve ser chegar aos 60, 70 e não passar a ter aparições do homem da capa preta e do foice mais conhecido como o sr. Morte. E o baixista Morto do Hierarchical soltou a tal frase citada acima. Não devemos pensar muito nessas coisas. Ela ( a morte) será algo inevitável e da qual não iremos conseguir fugir. Mas pensar nisso além de trazer um sentimento negativo, não agrega em nada no nosso dia a dia. Nos sentimos desiludidos, desanimados com algo ou por alguém mas são coisas que temos que encarar como passageiras e não como eternas. E assuntos assim nos engrandece pra caramba e mostra que não somos os alienados como a grande sociedade nos vê. E o estúdio Dakota mais uma vez nos proporcionou um belo ambiente musical e humano ao promover mais uma noite regada a som pesado e para poucos. A região do death metal/ grindcore nunca foi e nunca será algo para a massa apreciar e sim para pessoas selecionadas e que possuem o mesmo sentimento do cara que está com instrumentos e um microfone, somos todos um só e todos numa unidade forte e precisa que simplesmente ignora toda e qualquer manifestação artística fútil e desagregadora.
A noite deu início com a banda de Mongaguá Age nor Defields, quarteto que consegue unir na salada ingredientes do grind, death e punk com alguma mistura de vocais mais limpos com aquela agressividade que o grind pede. Os vocais caóticos de Renan Sinner e do também guitarrista Silas Júnior são bem feitos e fazem tudo a ver com o instrumental pesado e agressivo. A cozinha praticada pela dupla Luvas Silva ( baixo) e pela lindíssima Liz Souza ( bateria) fazem bonito e Liz é uma das melhores bateristas que já vi tocar. Reparem a quantidade de mulheres em bandas, sejam totalmente femininas ou tocando com outros caras. Pois é amiguinhos, a mulherada também quer mostrar seu som e não ser somente ouvintes....
Ted Bundy em ação
Porco Preto
Aí na sequência vieram os já conhecidos do Ted Bundy do Guarujá. Confesso que ainda não tinha ouvido nada dos caras e este show foi uma demonstração pura de que grindcore, aquele da época do Scum ( Napalm Death) ainda vive e em ótimas mãos. Que show foda!!!!!! O trio formado por Rafael ( guitarra/vocal), Luiz ( bateria) e o carismático Greg ( vocal) fizeram do Dakota o local do caos e para quem acha que grindcore é só barulho, saiba que Luiz é um dos bateristas mais técnicos que já vi tocar. Foi impagável o vocalista Greg anunciando o split a cada música finalizada. Quando acabou o show alguém soltou " Anuncia o cd" . Gargalhadas gerais e um desfecho sensacional duma banda que ainda promete muito pela frente.
Hierarchical Punishment
E quem ainda promete muito pela frente são os Vicentinos do Porco Preto, quarteto formado pelo vocalista alucinado Erick Alves, Walter na guitarra, Diego no baixo e Matheus na bateria. Grindcore com algo de metal, thrash foi o que eu ouvi e mais um puta show animalesco. Um som animal quando junta uma letra contestadora pode e deve ser uma arma letal que temos como ferramenta para rachar este sistema falido e cada um desses caras possuem a ciência de que somente assim teremos uma mudança concreta em nosso país. Mais ainda tínhamos mais uma banda. Banda esta que qualquer apresentação torna-se inócua tendo em vista a importância desses mestres no cenário pesado.
Hierarchical Punishment em ação.
Grell, o homem por trás da máquina do Hierarchical
Estou falando do Hierarchical Punishment e que mais uma vez fez uma apresentação impecável, porrada, avassaladora e para mostrar que nunca devemos subestimar músicos de história como Grell ( guitarra), Morto ( baixo) e Luiz Carlos Louzada ( ele mesmo, o baterista ). Mas também não pode-se colocar por baixo Edismon ( guitarra) e Itzac Iosef ( vocalista) nem classificá-los como "músicos novos" vide bandas como Ninurta, Summersaco e Saguinolência bandas das quais os dois citados fazem/fizeram parte. A junção desses talentos e currículos tivemos como resultado uma apresentação da arte em sua forma mais nua e crua possível. Confesso aos senhores e senhoras que fico até emocionado quando vejo esses caras em ação. Algo muito bonito e enriquecedor, totalmente. Divulgando o disco The Choice e sendo uma das participantes do tributo as lendas do black metal japonês Sabbat, a banda segue a pleno vapor numa agenda de shows ininterruptas. Nem preciso citar a performance de cada um. Grell e Edismon formam uma das duplas de guitarras mais completas da humanidade. Morto e Luiz uma das cozinhas mais precisas e Itzac é uma versão grind do Dead, ex- vocalista do Mayhem, o porta voz da desgraça sonora.
Com experiência no Summersaco e Sanguinolência, Itzac faz toda a diferença nos vocais.
E assim acabou uma noite de sexta feira por aqui. São noites assim, noites que beiram a perfeição como essas que engrandecem mais e mais a esperança de que a chama só será apagada quando o homem de boa índole parar de lutar pelo seu ideal, seja ele qual for. Simplesmente perfeito!!!!!!!!


Greg ( ou o vulto dele) e Luiz do Ted Bundy
Liz representando muito bem as mulheres em bandas.


Apresentação alucinada do Age nor Defields



Silas e sua guitarra no show do Dakota


Luvas e Renan mostrando o poder do grindcore no Dakota.



domingo, 12 de agosto de 2018

Genesis - The Lamb lies down on Broadway

Terminando a noite e "desenferrujando" o blog, eia um disco que foi um presente de um grande amigo chamado Éder Lima, vulgo Edinho, um dos caras que mais entendem de som. Conversando com outro amigo e grande conhecedor de música chamado Mauro Pinheiro Cruz, o nosso mundo de colecionador musical é algo maravilhoso. Colecionar discos fenomenais para nosso gosto pessoal e ainda fazer amizades sensacionais neste trajeto é algo que não tem preço, não tendo substituição por mais nada nesta vida. Chegar em casa, apesar de tantos problemas diários que possuímos, ouvir discos fabulosos, ler um bom livro é algo que faz bem e nos incentiva a viver. Tenho pena de quem não possui música legal, não lê um livro ou que simplesmente não possui discernimento nem cultura. Pessoas vazias geram mundos vazios, sociedades vazias e cada vez indo para o abismo da imbecilidade e do perigo do emburrecimento eterno. Uma mente preenchida com coisas boas é a melhor e mais inteligente das mentes e fará sim uma diferença na hora de encarar a vida.
Este disco é uma obra de arte musical, uma peça da qual vale a pena possuir no formato físico pois cada detalhe acaba por ser uma bela viagem musical de grande emoção pessoal. Alguns se vangloriam pelo belo carro. Outros se vangloriam de terem ficado com várias mulheres e ainda outros mais acham que ter uma fortuna faz um homem de verdade. Meu maior conhecimento são meus discos. Sem cada um destes itens que possuo não seria alguém feliz.
E The Lamb lies down on Broadway enriquece mais minha discografia. Sendo o último registro com Peter Gabriel nos vocais da banda, este item duplo é uma bela viagem sonora da música progressiva aonde cada detalhe deve ser ouvido atentamente sem pula uma única faixa sequer. Como dito anteriormente, o fato de ser duplo faz o disco ser ainda mais atraente pois temos mais músicas para curtir. No disco 1, 11 faixas já me transportam ao reino encantado do prog ainda destaques como Hairless heart, Carpet Crawlers ( que espetáculo!!!!!!), In the cage entre outras já vem trazendo uma musicalidade lapidada que ainda cito a faixa que dá nome ao disco. No disco 2, temos mais 12 músicas e destaques como Anyway, Here comes the supernatural anaesthetist ( escute isso sem se empolgar), The lamia além de da incrível viagem de The colony of slipperman que fazem um diferencial incontestável.
Por anos fiquei só gostando do Genesis pop mas já gostava um pouco da fase Gabriel. Hoje prefiro muito mais esta fase progressiva mas não deixando de lado nunca discos como Invisible Touch, este uma aula de pop music fantástica.
Enfim, um disco fantástico e que mais uma vez traduz a essência da música progressiva e a essência de algo inteligente. Como disse Mauro: " música de entretenimento não é cultura. Música é cultura". Resumindo: não será com estes mc´s surubinhas da vida nem muito menos com pseudo artistas que nascem do dia pra noite com músicas cada vez mais plásticas que fará você melhor culturalmente. O verdadeiro apreciador de cultura em geral não se sujeita a ter algo ralo e se contentar com isso. Um ser inteligente quer ser desafiado e este disco é um belo exemplo desafiador e que ainda lhe fará feliz a cada audição. Grande presente!!!!!!!