domingo, 26 de agosto de 2018

Age nor Defields, Ted Bundy, Porco Preto e Hierarchical Punishment - Dakota - 24/8/2018

De volta as resenhas, passei dois dias para refletir acerca duma frase muito legal que eu ouvi : " Viva o hoje. O amanhã a gente resolve." Estava falando acerca de assuntos não relacionados a música, falando da vida, o que ela nos traz de bom e as porradas que levamos no decorrer dela. Falamos de política. E num dos momentos da conversa falamos sobre idade. Falei como deve ser chegar aos 60, 70 e não passar a ter aparições do homem da capa preta e do foice mais conhecido como o sr. Morte. E o baixista Morto do Hierarchical soltou a tal frase citada acima. Não devemos pensar muito nessas coisas. Ela ( a morte) será algo inevitável e da qual não iremos conseguir fugir. Mas pensar nisso além de trazer um sentimento negativo, não agrega em nada no nosso dia a dia. Nos sentimos desiludidos, desanimados com algo ou por alguém mas são coisas que temos que encarar como passageiras e não como eternas. E assuntos assim nos engrandece pra caramba e mostra que não somos os alienados como a grande sociedade nos vê. E o estúdio Dakota mais uma vez nos proporcionou um belo ambiente musical e humano ao promover mais uma noite regada a som pesado e para poucos. A região do death metal/ grindcore nunca foi e nunca será algo para a massa apreciar e sim para pessoas selecionadas e que possuem o mesmo sentimento do cara que está com instrumentos e um microfone, somos todos um só e todos numa unidade forte e precisa que simplesmente ignora toda e qualquer manifestação artística fútil e desagregadora.
A noite deu início com a banda de Mongaguá Age nor Defields, quarteto que consegue unir na salada ingredientes do grind, death e punk com alguma mistura de vocais mais limpos com aquela agressividade que o grind pede. Os vocais caóticos de Renan Sinner e do também guitarrista Silas Júnior são bem feitos e fazem tudo a ver com o instrumental pesado e agressivo. A cozinha praticada pela dupla Luvas Silva ( baixo) e pela lindíssima Liz Souza ( bateria) fazem bonito e Liz é uma das melhores bateristas que já vi tocar. Reparem a quantidade de mulheres em bandas, sejam totalmente femininas ou tocando com outros caras. Pois é amiguinhos, a mulherada também quer mostrar seu som e não ser somente ouvintes....
Ted Bundy em ação
Porco Preto
Aí na sequência vieram os já conhecidos do Ted Bundy do Guarujá. Confesso que ainda não tinha ouvido nada dos caras e este show foi uma demonstração pura de que grindcore, aquele da época do Scum ( Napalm Death) ainda vive e em ótimas mãos. Que show foda!!!!!! O trio formado por Rafael ( guitarra/vocal), Luiz ( bateria) e o carismático Greg ( vocal) fizeram do Dakota o local do caos e para quem acha que grindcore é só barulho, saiba que Luiz é um dos bateristas mais técnicos que já vi tocar. Foi impagável o vocalista Greg anunciando o split a cada música finalizada. Quando acabou o show alguém soltou " Anuncia o cd" . Gargalhadas gerais e um desfecho sensacional duma banda que ainda promete muito pela frente.
Hierarchical Punishment
E quem ainda promete muito pela frente são os Vicentinos do Porco Preto, quarteto formado pelo vocalista alucinado Erick Alves, Walter na guitarra, Diego no baixo e Matheus na bateria. Grindcore com algo de metal, thrash foi o que eu ouvi e mais um puta show animalesco. Um som animal quando junta uma letra contestadora pode e deve ser uma arma letal que temos como ferramenta para rachar este sistema falido e cada um desses caras possuem a ciência de que somente assim teremos uma mudança concreta em nosso país. Mais ainda tínhamos mais uma banda. Banda esta que qualquer apresentação torna-se inócua tendo em vista a importância desses mestres no cenário pesado.
Hierarchical Punishment em ação.
Grell, o homem por trás da máquina do Hierarchical
Estou falando do Hierarchical Punishment e que mais uma vez fez uma apresentação impecável, porrada, avassaladora e para mostrar que nunca devemos subestimar músicos de história como Grell ( guitarra), Morto ( baixo) e Luiz Carlos Louzada ( ele mesmo, o baterista ). Mas também não pode-se colocar por baixo Edismon ( guitarra) e Itzac Iosef ( vocalista) nem classificá-los como "músicos novos" vide bandas como Ninurta, Summersaco e Saguinolência bandas das quais os dois citados fazem/fizeram parte. A junção desses talentos e currículos tivemos como resultado uma apresentação da arte em sua forma mais nua e crua possível. Confesso aos senhores e senhoras que fico até emocionado quando vejo esses caras em ação. Algo muito bonito e enriquecedor, totalmente. Divulgando o disco The Choice e sendo uma das participantes do tributo as lendas do black metal japonês Sabbat, a banda segue a pleno vapor numa agenda de shows ininterruptas. Nem preciso citar a performance de cada um. Grell e Edismon formam uma das duplas de guitarras mais completas da humanidade. Morto e Luiz uma das cozinhas mais precisas e Itzac é uma versão grind do Dead, ex- vocalista do Mayhem, o porta voz da desgraça sonora.
Com experiência no Summersaco e Sanguinolência, Itzac faz toda a diferença nos vocais.
E assim acabou uma noite de sexta feira por aqui. São noites assim, noites que beiram a perfeição como essas que engrandecem mais e mais a esperança de que a chama só será apagada quando o homem de boa índole parar de lutar pelo seu ideal, seja ele qual for. Simplesmente perfeito!!!!!!!!


Greg ( ou o vulto dele) e Luiz do Ted Bundy
Liz representando muito bem as mulheres em bandas.


Apresentação alucinada do Age nor Defields



Silas e sua guitarra no show do Dakota


Luvas e Renan mostrando o poder do grindcore no Dakota.



Um comentário:

  1. Adorei a resenha, cara! Conseguiu captar a alma da noite com perfeição!

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