De volta as resenhas, passei dois dias para refletir acerca duma frase muito legal que eu ouvi : " Viva o hoje. O amanhã a gente resolve." Estava falando acerca de assuntos não relacionados a música, falando da vida, o que ela nos traz de bom e as porradas que levamos no decorrer dela. Falamos de política. E num dos momentos da conversa falamos sobre idade. Falei como deve ser chegar aos 60, 70 e não passar a ter aparições do homem da capa preta e do foice mais conhecido como o sr. Morte. E o baixista Morto do Hierarchical soltou a tal frase citada acima. Não devemos pensar muito nessas coisas. Ela ( a morte) será algo inevitável e da qual não iremos conseguir fugir. Mas pensar nisso além de trazer um sentimento negativo, não agrega em nada no nosso dia a dia. Nos sentimos desiludidos, desanimados com algo ou por alguém mas são coisas que temos que encarar como passageiras e não como eternas. E assuntos assim nos engrandece pra caramba e mostra que não somos os alienados como a grande sociedade nos vê. E o estúdio Dakota mais uma vez nos proporcionou um belo ambiente musical e humano ao promover mais uma noite regada a som pesado e para poucos. A região do death metal/ grindcore nunca foi e nunca será algo para a massa apreciar e sim para pessoas selecionadas e que possuem o mesmo sentimento do cara que está com instrumentos e um microfone, somos todos um só e todos numa unidade forte e precisa que simplesmente ignora toda e qualquer manifestação artística fútil e desagregadora.
A noite deu início com a banda de Mongaguá Age nor Defields, quarteto que consegue unir na salada ingredientes do grind, death e punk com alguma mistura de vocais mais limpos com aquela agressividade que o grind pede. Os vocais caóticos de Renan Sinner e do também guitarrista Silas Júnior são bem feitos e fazem tudo a ver com o instrumental pesado e agressivo. A cozinha praticada pela dupla Luvas Silva ( baixo) e pela lindíssima Liz Souza ( bateria) fazem bonito e Liz é uma das melhores bateristas que já vi tocar. Reparem a quantidade de mulheres em bandas, sejam totalmente femininas ou tocando com outros caras. Pois é amiguinhos, a mulherada também quer mostrar seu som e não ser somente ouvintes....
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Ted Bundy em ação |
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Porco Preto |
Aí na sequência vieram os já conhecidos do Ted Bundy do Guarujá. Confesso que ainda não tinha ouvido nada dos caras e este show foi uma demonstração pura de que grindcore, aquele da época do Scum ( Napalm Death) ainda vive e em ótimas mãos. Que show foda!!!!!! O trio formado por Rafael ( guitarra/vocal), Luiz ( bateria) e o carismático Greg ( vocal) fizeram do Dakota o local do caos e para quem acha que grindcore é só barulho, saiba que Luiz é um dos bateristas mais técnicos que já vi tocar. Foi impagável o vocalista Greg anunciando o split a cada música finalizada. Quando acabou o show alguém soltou " Anuncia o cd" . Gargalhadas gerais e um desfecho sensacional duma banda que ainda promete muito pela frente.
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Hierarchical Punishment |
E quem ainda promete muito pela frente são os Vicentinos do Porco Preto, quarteto formado pelo vocalista alucinado Erick Alves, Walter na guitarra, Diego no baixo e Matheus na bateria. Grindcore com algo de metal, thrash foi o que eu ouvi e mais um puta show animalesco. Um som animal quando junta uma letra contestadora pode e deve ser uma arma letal que temos como ferramenta para rachar este sistema falido e cada um desses caras possuem a ciência de que somente assim teremos uma mudança concreta em nosso país. Mais ainda tínhamos mais uma banda. Banda esta que qualquer apresentação torna-se inócua tendo em vista a importância desses mestres no cenário pesado.
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Hierarchical Punishment em ação. |
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Grell, o homem por trás da máquina do Hierarchical |
Estou falando do Hierarchical Punishment e que mais uma vez fez uma apresentação impecável, porrada, avassaladora e para mostrar que nunca devemos subestimar músicos de história como Grell ( guitarra), Morto ( baixo) e Luiz Carlos Louzada ( ele mesmo, o baterista ). Mas também não pode-se colocar por baixo Edismon ( guitarra) e Itzac Iosef ( vocalista) nem classificá-los como "músicos novos" vide bandas como Ninurta, Summersaco e Saguinolência bandas das quais os dois citados fazem/fizeram parte. A junção desses talentos e currículos tivemos como resultado uma apresentação da arte em sua forma mais nua e crua possível. Confesso aos senhores e senhoras que fico até emocionado quando vejo esses caras em ação. Algo muito bonito e enriquecedor, totalmente. Divulgando o disco The Choice e sendo uma das participantes do tributo as lendas do black metal japonês Sabbat, a banda segue a pleno vapor numa agenda de shows ininterruptas. Nem preciso citar a performance de cada um. Grell e Edismon formam uma das duplas de guitarras mais completas da humanidade. Morto e Luiz uma das cozinhas mais precisas e Itzac é uma versão grind do Dead, ex- vocalista do Mayhem, o porta voz da desgraça sonora.
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Com experiência no Summersaco e Sanguinolência, Itzac faz toda a diferença nos vocais. |
E assim acabou uma noite de sexta feira por aqui. São noites assim, noites que beiram a perfeição como essas que engrandecem mais e mais a esperança de que a chama só será apagada quando o homem de boa índole parar de lutar pelo seu ideal, seja ele qual for. Simplesmente perfeito!!!!!!!!
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Greg ( ou o vulto dele) e Luiz do Ted Bundy |
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Liz representando muito bem as mulheres em bandas. |
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Apresentação alucinada do Age nor Defields |
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Silas e sua guitarra no show do Dakota |
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Luvas e Renan mostrando o poder do grindcore no Dakota. |
Adorei a resenha, cara! Conseguiu captar a alma da noite com perfeição!
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