sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Tosco - Revanche

Enfim chegou em minhas mãos mais um ótimo disco lançado por aqui. Não iremos entrar em questões de ouvir bandas nacionais ou gringas, a questão é o quão bom pode ser um artista independente de região ou país. E o Tosco não precisa desse tipo de discurso pró banda nacional pois a garra aqui emitida a todos fala muito mais alto. Neste ótimo álbum de estréia a banda simplesmente arregaçou numa fusão fantástica aonde o thrash metal une forças ao hardcore e porque não uma dose punk e gera um dos discos mais legais que já escutei em tempos. Formado por um super elenco, Revanche fala a nossa língua transmitindo uma mensagem direta e reta, sem frescuras ou aparos. Osvaldo Fernandez aqui é o vocalista, letrista e porta voz da contestação feita de forma forte mas com embasamento necessário. O cara está aí na cena há um bom tempo e já passou por outras bandas bem legais da região como o One Broken Finger e o Repulsão Explícita e não seria diferente sua atitude aqui. Ricardo Lima é o guitarrista e um ' riffeiro' de mão cheia e inspiração elevada a potência máxima. A guitarra é pesada, densa e mostra para muitos o que é fazer um riff. E não precisamos citar que este moço toca no Chemical Disaster além de passagens no já citado Repulsão e Vetor, entre outros projetos. O baixista Anderson Cesarini faz bem a cozinha com um som de baixo bem ao estilo Rex Brown ( Pantera) no sentido de não deixar o som vazio pelo fato de ter somente uma guitarra cuja prova foi no show que assisti no Dakota, muito foda. E lógico Paulo Mariz, baterista e um dos caras mais competentes no instrumento. Tendo passagens em bandas como Infector, Killmister, Sacred Curse além do excelente projeto Cosmic Games com seu irmão em cada projeto temos um puta batera.
Paulo Mariz, Ricardo Lima, Osvaldo Fernandez e Anderson Casarini 
E com um time desses o que nos resta? Nos resta esquecermos um pouco os problemas e refletirmos o quão de bom fazemos na sociedade. Nos 10 sons próprios, temos já alguns clássicos e uma delas já nasceu assim no momento em que ouvi: Cala a boca Globo. Quem nunca quis mandar a Globo calar a boca? Detentora de uma das emissoras mais populistas do universo, esta emissora possui um sistema sujo, canalha e a fácil manipulação duma sociedade cada vez mais emburrecida. Mas, além da letra de cunho importantíssimo, temos um som pesado e enérgico. Outra sonzera de muito respeito é Amigo seu cuja letra relata a dor da perda de algum amigo seu. Não importa de que jeito seu amigo se foi. Esta vida, este sistema sufocante do qual fazemos parte não é fácil viver e muitas vezes nosso cérebro nos faz praticar atos dos quais outras pessoas jamais entenderão mas que acaba sendo o único meio da pessoa se libertar da dor que está sentindo. Pensei aqui em alguns nomes que nos deixaram. É como dizia o Chorão numa letras de sua banda " não deixe o mar te engolir". Ele e tantos outros se deixaram serem engolidos pelo mar e agora são lembranças e saudades imensas.
Outra que se destaca é O Trump quer que se foda que vale a pena escutar o peso emanado aqui além da letra mais do que direta. A faixa que gerou o primeiro clip da banda, Cenário de chacina, é outra pedrada certeira e uma atuação vocal de tirar o fôlego além do instrumental afiado. Soberba, Temos o que Temer, DNA, Mercadores da morte, Sinceridade agressiva e Saúde falida completam o track list que ainda contém um ótimo cover do Sacred Reich de bônus.
E o resultado desse trabalho já é sentido. Os caras recentemente tocaram com o Attômica e se preparam para a abertura no show do CJ Ramone aqui em Santos. E neste intervalo ainda rendeu a participação da banda no programa Pegadas de Andreas Kisser, programa do guitarrista do Sepultura com seu filho Yohan na 89 fm e no programa virtual de Paulinho Heavy no you tube. E dependendo da garra desses caras além de Revanche, muitas coisas ainda irão acontecer com o Tosco.
Parabéns a este disco belíssimo e que o Tosco produza muito mais pois precisamos de cultura. Aqui não é possuído um lado e sim um comprometimento para com todos os seres pensantes deste planeta. Agora que seria maravilhoso ver o Tosco tocando Cala a boca Globo no programa da Fátima Bernardes com direito a cara de "embaraço" da linda apresentadora assim como os convidados globais ah isso eu pagaria para ver e rir muito. Que tal?

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Porco Preto, Age nor Defields, Sanguinolência, Maldita Ambição e Hierarchical Punishment - Full rise música e arte - 19/10/2018

Ia escrever esta resenha só a noite mas minha empolgação veio e sim, o texto sairá agora mesmo. Num tempo em que pessoas escolhem artistas por ideologias políticas este evento foi um verdadeiro exemplo de que, quando a guitarra fala mais alto, o rock e a arte ficam bem melhores. Sim, ambos os lados estão chatos demais. E sim, ambos os lados estão estragando. Ao mesmo tempo que aquele seu amigo esquerda não para de postar coisas contra o Bolsonaro, aquele seu amigo que defende a direita enche os culhões falando do Andrade. O cúmulo desta ignorância foi a recente entrevista feita pelos integrantes do Ratos de Porão, aonde deram suas opiniões acerca do que está ocorrendo e alguns fãs pró Bolsonaro simplesmente achincalharam a banda com comentários típicos dum fanático de qualquer seita como se o cara que ouve Ratos não sabe que eles tiveram opiniões muito diretas acerca de política. Eu não vou parar de ouvir porque eles falaram mal do Bolsonaro que será o meu escolhido. Assim como não deixarei de falar com amigos meus pela decisão de ambos em votarem no Andrade. E já aceito doações de alguns discos do Pink Floyd com o Roger Waters devido ao posicionamento político do ex integrante. Caso você esteja lendo esta resenha e tenha ficado bem puto com o Roger, pode me doar agora mesmo a sua edição de luxo do The Wall que eu irei aceitar de coração aberto para este e outros discos. Quem tem partido de estimação meus pêsames. Uma prova de que não possuo partido foi ter votado 2 vezes na Dilma e, se a Manuela D´ Ávila tivesse se candidatado meu voto seria nela. Pronto, me condenem por isso.....
Voltando ao evento, fomos a Praia Grande afim de presenciar uma noite com bandas fantásticas e muito do que presenciei nesta noite foi muito válido para constatar mais uma vez o quão ótimas são nossas preciosidades aqui na baixada. Feito pela Full Rise - Música e Arte, o evento teve 5 bandas e muito som bom rolando durante a noite. Fora isso, os amigos que fazem brilhar cada vez mais com conversas de muita importância a julgar do que falam que somos só fãs de "barulho". Bebida barata, ótimo rango e uma ótima receptividade foi o que presenciei, coisas que só o underground nos mostra.
Infelizmente por conta de horário acabei perdendo a apresentação do Porco Preto, sendo assim minha noite foi aberta pelo Age Nor Defields que repetiu o ótimo show que fizeram no Dakota. Parabéns a esta nova geração de bandas que estão sabendo muito bem fazer um som pesado e sem a menor frescura.
Sanguinolência
Terminado o show do AND a sequência foi dada com os caras do Sanguinolência, banda que anteriormente era o SummerSaco. A mudança de nome se deu pelo fato do som da banda ter mudado, ficando algo mais a ver com o nome atual. E meu amigo..... Caso alguém queira cometer um atentado sonoro e fazer aqueles trios elétricos no carnaval virarem meros sons de brinquedo, chame esta banda. O som atual de Itzac ( guitar/vocal), Carlinhos ( baixo) e Fabricio ( bateria) seria uma fusão de black metal com grindcore. Numa referência mais próxima, seria um cruzamento do Darkthrone com o Disrupt além duma pitada de Napalm Death da fase Scum para dar aquela temperada. Prestes a lançarem o disco, os caras deram uma aula de como se tocar rápido e ser preciso sem atropelar o som. Infelizmente por problemas de trabalho, o baixista Carlinhos não pode comparecer já que o mesmo é técnico de som e estava no México acompanhando as meninas da Nervosa. Coube a Itzac e Fabricio fazerem as honras e mandarem uma sequência avassaladora de tirar o fôlego. Temas lindos e carinhosos como Peste bubônica. Dia de fúria, Puro ódio, Cesta básica, Em busca da luz, Amor nem de mãe ou Maldita inclusão digital são ótimos exemplos contestadores que a grande massa vê como sendo somente algo barulhento e inacessível. Sim, o som é indigesto a ouvidos mais frescos mas fiquem sabendo que para tocar este tipo de música é necessário saber tocar. Puta show e Itzac mostra que é um insano ao vivo, um cara que vive aquilo que toca e canta sem frescuras ou polimentos.
Maldita Ambição com canja de Itzac
Na sequência tive a honra de conhecer também o som maravilhoso do trio Maldita Ambição, banda esta que se prepara para lançar o disco Guerra Civil e fez uma apresentação enérgica, punk e com letras fortes e de impacto. Tiago ( guitarra/vocal), Allan ( baixo) e Miller ( bateria) simplesmente detonaram um puta repertório que contou com uma canja do já citado Itzac num momento destruidor. Vale lembrar que o disco dos caras sairá aqui pela Bagaça Records, selo de Luiz Carlos Louzada, além de parcerias com outros selos.
Hierarchical Punishment
E finalizando a noite tivemos os já veteranos do Hierarchical Punishment, banda esta que dispensa qualquer apresentação. Muito bom este momento dos caras que estão prestes a lançar disco novo e que vem se apresentando de forma frequente. E seria o contrário? Com uma apresentação que sempre se destaca de forma impecável, é normal ser chamado sempre para mais uma apresentação. E a formação instabilizada ajuda pois com os atuais músicos juntamente com os mais antigos deram uma junção sônica brilhante e forte para manter esta máquina demolidora por um bom tempo na ativa. Com um set já conhecido da galera, os santistas estão afiados e com um fôlego de dar aula e inveja. Run, The Choice, Hungry industries, o já antológico cover do Extreme Noise Terror entre outras só comprovam que ninguém segura estes caras.
Enfim, foi mais uma daquelas noites que dificilmente irá sair da minha mente. A arte é a forma mais sincera e expressiva sendo a liberdade de expressão um dos itens mais importantes para fazer todo artistas continuar andando. Sem mais.