domingo, 31 de dezembro de 2017

Sá, Rodrix & Guarabira - O rock rural de Sá, Rodrix & Guarabira

Fechando o ano com chave de ouro!!!!!!!! Dentre tantos discos que resenho, procuro ao máximo sempre abranger o leque, indo de a á z. E na música brasileira temos algumas pérolas que sempre achamos e ao descobrir, o sorriso aparece mais uma vez. Foi o caso agora deste trio exemplar, genial e único de nossa terra brasileira.
E vou continuar a bater na tecla de que o brasileiro perdeu sua cultura faz tempo e que muita gente da qual mantém a vergonhosa façanha de gostar de aberrações ter um gosto tão ralo quando quer ouvir algo. Mas enquanto tivermos nossa essência musical forte, artistas como estes caras sempre serão lembrados e a cultura da burrice permanecerá bem longe daqui.
Adeptos do que chamavam de rock rural, o trio me mostra aqui alguns dos temas mais legais daquela época tão rica da nossa música. Canção da estrada abre a festa com vocalizações surpreendentes e viajantes. Mestre Jonas é outra pérola maravilhosa daquelas que faz até gente carrancuda cantar junto, uma dádiva musical absoluta.
Zepelin possui um toque meio Jethro Tull e mais um brilhante som aonde o conceito de poesia se traduz aqui e em todo o disco. Ainda neste disco contém a empolgante Hoje ainda é dia de rock mostrando aos calhordas que o rock não e nunca será algo sazonal pois não depende de massificações burras e sim de apreciadores inteligentes e exigentes.
Pindurado no vapor, Ama teu vizinho como a ti mesmo, Me faça um favor, Os anos 60, Blue riviera, Crianças perdidas, Azular, Jurity butterfly, Adiante além da segunda parte de Canção da estrada completam este disco que não seria somente um mero disco. Aqui estamos resgatando uma parte da nossa história. Se a massa não liga mais para musicalidade, meus pêsames. Apenas ressalto que o país não está enfrentando toda esta podridão a toa. Temos e sempre iremos ser culpados pois além de não ouvirmos música que preste não lemos sequer um livro.
Salve a nossa música nacional. Ontem, hoje e sempre.

Sepulcro - The Underworld Symphony Orchestra

Faltando 25 minutos para o fim de 2017, mais um baita disco de metal. Esta banda, Sepulcro, veio em minhas mãos muito bem recomendada e ao ouvir, constatei que a pessoa que me recomendou acertou na escolha e eu vim para casa feliz por mais uma aquisição metálica sensacional. Aqui não temos músicas pomposas nem dotadas de bom mocismo. O que rola aqui é o metal da morte brasileiro com apanhados de demos e faixas ao vivo além de um belíssimo respeito prestado ao Vulcano numa versão avassaladora de Total destruição. Outros artefatos musicais estão representados por Master of cruelty, Perpétuo domínio, Sedenta covardia, Sadistic death entre outros sons. Indicado para aqueles que, como eu, não ficam somente numa vertente musical e buscam sempre novas sonoridades para abrilhantar a discografia. E mais uma bela prova de como o metal extremo não deve nada para os de fora mesmo apoiando e reforçando sempre a ideia de que, som bom ou ruim existe em toda parte do planeta.
São discos assim que me fazem abrir um baita sorriso e esquecer um pouco dos problemas diários. Valeu Sepulcro!!!!!

Necrokult - Desecration of Blood

Uma agradável surpresa. Neste final de ano adquiri duas pérolas metálicas e uma dessas pérolas atendem pelo nome de Necrokult. Este trio praticante daquele black metal old school gravaram um dos melhores discos já lançados. Formado por Bitch Hünter ( guitarra), Hoertel ( vocais) e Sub Umbra ( baixo) foram os responsáveis por este ataque sonoro sensacional.
Desecration of Blood esbanja vigor, atitude e um lirismo contestador do jeito que o black metal deve ter. 
Entre a Intro e a clássica Outro, temos 9 faixas espetaculares começando pela faixa título, um dos maiores artefatos do metal brazuca. Humanidade podre traduz o que é nossa sociedade cada vez mais acéfala e vendida a um sistema sugador e doentio e a tradução desse som não seria diferente: uma porrada linda, de caráter romântico numa declaração de amor ao metal da morte. Apesar de temas em inglês como Satan is endless e Black forces as faixas em português acabam soando melhores e mais provocadoras como comprovadas em Satã e Minha cova lembrando os cariocas do Velho e que anteriormente seria feito pelo Vulcano nos idos de 85. 
Após ouvir um disco desse, me dá orgulho em saber que o Brasil anda tão produtivo e que bandas como o Necrokult existem, fazendo um puta som. Que mais petados como este apareçam mais e mais. Disco essencial!!!!!!

Metallica - Uma relação de amor eterna.

Chegamos a mais um final de ano. E nos finais de ano, gosto deste clima de retrospecto assim como termos esperança para que o ano de 2018 seja bem melhor sempre. Tive um ano legal por um lado. Formado, uma sobrinha lindíssima e saudável e alguns dos shows mais legais que alguém pode ir na vida. Coisas ruins? Poderia citar meu desligamento na empresa do qual fazia parte mas se houve algo triste a se lembrar foi a morte da Pink, após 15 anos morando aqui em casa e cuja falta se faz evidente nesta época já que é o primeiro final de ano sem ela por aqui. Mas como as coisas não são feitas somente de notícias ruins, temos na música que tenho em meu quarto o alicerce poderoso para me fortalecer nestes momentos não tão legais na vida da gente. Logicamente que meus pais não deixam de ser uma fonte inspiradora a minha pessoa. Mas faço a seguinte questão a quem estiver lendo esta resenha: o que seria de cada um de nós se não fosse a música como trilha sonora? Imagine um mundo caótico com ela.... imagine sem. E são alguns de nossos discos favoritos que nos deixam pra cima e nos inspiram sim a sermos o que somos e melhorar nos erros de outrora. E o Metallica é uma daquelas bandas que sempre estiveram em minha vida desde minha adolescência até hoje. Uma banda formada por seres humanos que acertaram mas também erraram mas ainda assim nunca deixaram de ser eles mesmos. Uma discografia corajosa, eclética em que cada um de seus discos foram sim tomadas arriscadas mas quem não se arrisca não é artista. De Kill ´em all até o mais recente Hardwired foram anos de conquistas e um legado muitas vezes julgados por mim. Fiquei ontem e hoje ouvindo todos os discos e cada um deles possui um sabor, uma textura diferente e quer saber? Algumas coisas aqui mudaram um pouco meu conceito.
Kill 'em all abre a discografia e o que foi uma banda de fundo de quintal já era algo diferenciado de seus companheiros de som. O som era brutal, uma pegada de Motörhead, Venom, Discharge mas com seu pé fincado nas vertentes da NWOBHM. É deste disco pérolas como Hit the lights, The four horsemen, Motorbreath, Jump the fire, Whiplash, Seek and destroy, Metal militia entre outras. E o que é Phantom lord? Uma joia metálica.
Ride the Lightning veio em seguida e com uma banda mais afiada e mais calcada no metal tradicional e no speed metal ( outros falam Thrash mas enfim), o Metallica deu um salto enorme que deve ter deixado algumas bandas bem abaixo. Fight fire with fire, Ride the lightning, For whom the bell tolls, Fade to black ( um tema lindo que alguns chatos já falavam que a banda tinha se vendido), Escape, Trapped under ice, Creeping death e The call of ktulu mostram como uma banda pode soar pesada sem a necessidade de ser rápida o tempo todo. E neste disco, o Metallica já mostrava um diferencial: as melodias na guitarra. O que James Hetfield e Kirk Hammett criaram neste disco foi digno de ganharem um grammy. Além de vocalista, James é um dos caras que mais entendem de riffs e dedilhados e Kirk é muitas vezes julgado de forma errada. Este disco é o meu favorito e me lembro como se fosse hoje no dia em que fui comprá-lo para o meu amigo secreto do colégio. A vontade que eu tinha era de levar para mim. Mas para minha felicidade, comprei o meu tempos depois e quase gastei o lp de tanto ouvir no kitnete da Rei Alberto.
Pensa que em time que está ganhando não deve ser alterado? Enganado. O Metallica expandiu mais e mais seu vasto leque musical e gerou ao mundo uma obra prima chamada Master of Puppets. Último lançamento com o saudoso Cliff Burton no baixo, o disco veio recheado de músicas que ultrapassaram o teste do tempo como Battery, Master of puppets, Welcome home ( Sanitarium), Orion, Damage inc. além de Disposable heroes e Leper messiah, esta última um petardo de riffs espetaculares.
Mas uma fatalidade quase pôs a banda a nocaute. No dia 26 de setembro de 1986, num acidente com o ônibus da banda, muitos viram o legado do Metallica chegando ao fim com a morte do baixista Cliff Burton. Não tinha como negar que perder um talento como este seria um baita problema. Porém, focados em manter a banda em pé, James, Lars e Kirk viram em Jason Newsted o baixista ideal para manter o caminho e vir com o polêmico porém soberbo ... And Justice for all. Polêmico pois o disco foi gravado mas o baixo de Jason.... não. Apesar de nem ligar quando comprei o disco, a falta do baixo é evidente. Porém, deixo esses detalhes mais "técnicos" para quem entende do assunto pois o que fica na memória e me faz ouvir até hoje este disco são seus riffs e sua bateria em temas dignos de me fazer chorar como a faixa título. E o que dizer de Blackened, Harvester of sorrow, One, The frayed ends of sanity, To live is to die ( uma homenagem ao amigo baixista) além de Dyers eve ? Temas cuja validade não tem prazo de acabar.
Mas aí o Metallica resolveu " se vender".... Botei as aspas para levantar uma outra questão: se não fosse pelo Black album, quem aqui hoje seria roqueiro? Foi graças a este disco além de discos como Apettite for Destruction, Use your Illusion, Nevermind e Slave to the grind que quase ninguém seria fã de música pesada e estaria indo nos shows na praia do Itararé para cantar Marília Mendonça, Henrique e Juliano entre outras aberrações. Portanto, agradeça a sons como Enter sandman, Sad but true, The unforgiven, Nothing else matters além de pérolas como Holier than thou, Wherever i may roam, Through the never, Of wolf and man, My friend of misery por ser roqueiro. Disco pop? The struggle within é pop? Ou é você que sofre de surdez?
Com o status de banda gigante, o Metallica não precisava mais temer e partiu para aquela fase da qual muito cara true odeia. Load e Reload mostraram a banda mais calcada na acessibilidade musical mas dizer que não fizeram faixas pedadas neste período mostra que, se ouvir de verdade ambos os discos, comprova a total falta de interpretar as coisas. É certo que aquelas fotos querendo ser "irreverentes e descolados" despertou uma brochada até em mim mas o som, se não era mais thrash metal, tinha seus momentos únicos do heavy rock como Ain´t my bitch, 2x4, King Nothing, Cure, The house Jack built e wasting my hate são animais e tenho que ser bem sincero: Until it sleeps, Hero of the day e a lindíssima Mama said são fenomenais, em destaque na última. E Ronnie? Um belo toque de southern rock com James cantando como nunca. E o que dizer sobre Bleeding me ? Uma obra de arte.
Reload também é outro disco com faixas de riffs pesados como Fuel, Better than you, Devils dance ( maravilhosa ), Carpe diem baby.... Mas o fã radical e bobo só ouviu The Unforgiven II e foi lá xingar a banda para os amiguinhos....
De Reload veio St Anger mas antes a banda abrilhantou a discografia com dois lançamentos: o disco duplo de covers Garage inc ( que trouxe o ep Garage days na íntegra) e o sobrenatural disco S&M aonde o Metallica tocou ao lado da orquestra de São Francisco num resultado enigmático e versões maravilhosas de clássicos e temas novos. Para falar do próximo disco, preciso mudar de linha.
Confesso que por muitos anos ignorei St Anger da minha vida. Cheguei a dizer que a banda estava morta e acabada e o lançamento daquele dvd aonde ficaram conversando com um psicólogo acerca da vida "difícil" que eles estavam levando foi de doer, parecendo 3 meninas choronas que outrora foram ícones do metal. Ouvindo o disco hoje, o conceito que eu tinha por ele deu uma mudada. Ainda considero o pior disco do Metallica sem sombra de dúvida. Mas, ouvindo ele sem comparar com os outros, pude constatar que alguma coisa pode se aproveitar. Frantic, St anger, Some kind of monster, My world, The unnamed feeling além de Shoot me again possuem sim seus momentos legais.
Fechando aqui, seus últimos discos mas em específico Death Magnetic, me trouxe o amor pela banda de volta e Hardwired foi o pedido de desculpas da banda para como todos nós e nos fazendo crer que todos temos nossos erros mas podemos dar a volta por cima e sermos grandes novamente ao som de All nightmare long, That was just your life, The judas kiss além de Hardwired, Halo of fire, Murder one, Moth into flame do último disco.
Enfim, uma banda dessas só me resta agradecer por estes caras estarem minha vida e me livrar cada vez mais destes pseudo artistas de atitude bunda mole e sem graça. E um feliz 2018 a todos nós.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Iron Maiden - The Book of Souls : live chapter

Iron Maiden. Vamos aos fatos: vou escrever algumas palavras acerca da maior banda de heavy metal da história. Iron Maiden, Black Sabbath, Judas Priest, Metallica entre outras sempre serão grandiosas no que fazem e seu legado sempre terá espaço dentro do que conhecemos de som pesado. Falando exclusivamente do Maiden, chega a ser algo patético alguns comentários sobre a banda. Dizer que eles não praticam heavy metal e somente defender bandas mais obscuras para demonstrar conhecimento é hilário. Parece que, para alguns, é necessário massacrar a banda pelo que fazem atualmente para serem bem aceitos nos redutos de amiguinhos metalóides e somente falar bem de bandas dos anos 80 que ficaram lá e não souberam prosseguir com a carreira. Não é culpa do Iron Maiden que nenhuma daquelas bandas menores permaneceram menores e sim culpa delas mesmas que não souberam fazer a coisa certa no momento certo. Não que algumas daquelas bandas sejam ruins. Pelo contrário, são bandas maravilhosas, tão maravilhosas quanto ao Iron mas que infelizmente caíram nas garras de facínoras sugadores de sangue com contratos furados e decisões incertas. Além da música soberba, a banda soube ter uma carreira musical e com um empresariamento focado na banda e em seu sucesso, o Iron Maiden é o que é sendo inútil o comentário do metal underground em dizer que chupamos o saco dos gringos somente. Música não foi e nunca será feita de comparações e sim de canções emocionantes, não importando se está num estádio ou no Boteco do Valongo. Posso ir ao mainstream e posso ir no Caveira velha curtir um som sem o menor problema.
Graças a um belo disco, o soberbo Book of Souls, uma tour foi realizada e mais um live solto para o mercado e para seus fãs eternamente apaixonados, com faixas gravadas em cada lugar diferente ( sendo duas gravadas no Brasil) com registros impactantes e que mostram o quão a banda é querida mundo afora. E ouvir Iron Maiden é sempre uma emoção muito grande e este ao vivo me trouxe a memória do último show que fui e me emocionei com algumas pérolas aqui. Da abertura com If eternity should fail até seu encerramento com Wasted years, o que temos é um show, uma experiência de vida que é estar num show do Iron Maiden. Entre uma ponta e outra números emocionantes dum concerto inesquecível estão aqui sendo eles Speed of light, Wrathchild, Children of the damned, The trooper, Powerslave, Fear of the dark ( sim, eu me emocionei com esta), Iron Maiden, The number of the beast, Blood brothers ( pensei na minha cocker e chorei) entre outras. E o que falar sobre The book of souls? Execução impecável, irretocável. Além de tudo isso ainda tivemos Death or glory, The red and the black além de The great unknown, faixas longas mas que em momento algum incomodam pois são fortes o bastante para cativar cada momento do público. Uma particularidade da banda foi sempre acreditar em seu material novo e a ideia de mesclar com os clássicos tornou o show bem legal e por favor, a fase atual é tão boa quanto as fases anteriores ou eu estou falando grego? Lógico que sendo seres humanos eles não irão cativar a todos mas só reclamar da banda a ponto de virar uma perseguição gratuita.... Democracia sim. Mas se acalmem um pouco....
Ao final da audição, temos a constatação de que a banda vive seu melhor momento e não precisa mais provar nada. Afinal de contas, estamos falando do Iron Maiden e não de algum artista de quinta categoria empurrados pela mídia cada vez mais ditatorial aonde certas atrocidades são mais impostas do que militante esquerdista defendendo Cuba mas viajando para Miami.
Acredite, este disco ao vivo é soberbo e caso não goste mais da banda, um conselho: vai ler um livro, tomar um calmante e descansar. Um beijo e forte abraço.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Tom Zé - Todos os olhos

O que é um artista para você? Seria ele aquele cara que simplesmente dá ao público o que ele quer? Ou aquele que simplesmente desafia aos ouvintes a ouvirem algo inusitado? Para mim, o artista é aquele que pode fazer as duas coisas, sem dosar demais para um lado. Ele pode criar algo legal que o público goste mas também deixar sempre surpreso e pronto para algo a mais, fazer seu ouvinte ser um humano pensante e não um integrante dum gado manipulado. O que vemos atualmente é justamente o que é de pior pode-se constar: pseudo artistas cada vez piores com músicas pobres e um público cada vez mais imbecil cuja mentalidade é inferior a um jumento. Como comprovamos pelo sucesso do cantor ( ou cantora, vocês escolhem) cuja pobreza musical é nítida e ai de você falar que não gosta.... Seu exército de panacas sempre estará a postos para defender com unhas, dentes e uma massa cefálica a beira da extinção. Cada vez mais ando descobrindo artistas brasileiros e a mpb. Lógico que há mpb chato e detestaria ter a chance de ouvir alguma coisa do Chico Buarque e sua voz horrorosa. Caetano e Gil foram compositores brilhantes durante a década de 70 mas se perderam durante os anos apenas sendo caricaturas do que foram um dia. Tom Jobim não está mais aqui. Cantoras nacionais no mainstream? Esquece. Elegeram a Anitta como a mulher do ano e de projeção internacional. Tá ok, ela é gostosa ( não sou de ferro) mas e........ Ivete Sangalo é maravilhosa mas se perde apoiando essas tralhas. Vejo com muito desgosto toda esta parada musical de hoje, chegando ao ponto de simplesmente ignorar para não ficar de cabeça quente. E o que resta? Ouvir os clássicos. Tom Zé pode não ser o que eu queria mas este disco me veio como uma chance de ouvir um pouco deste cara estranho porém irreverente e inteligente. O primeiro detalhe é a capa: sem ninguém perceber, o "olho" da capa que apareceu em 73 era simplesmente uma bola de gude posta bem no clássico orifício chamado cu. E sabe o que é mais hilário? Os tão sábios militares não descobriram e a capa passou pela censura sem o menor problema. Artista, o provocador. A música aqui é aquela maluquice típica do Tom e é preciso ouvir este disco sem ter qualquer preconceito e de preferência possuir a mente aberta. Se for normal, a ponto de ser direitinho demais, este disco pode soar bem estranho para você a ponto de ficar irritadiço como um militante de esquerda fica quando falam que Fidel Castro é ditador e Che Guevara é assassino e homofóbico.
As 12 faixas me fizeram ficar mais aliviado, mais feliz mesmo em saber que não estou sozinho nesta "loucura" e que mais pessoas pensam fora da caixa como uma forma de irritar o ser cômodo que se contenta com o resumo ao invés de ler o livro todo e saborear a história toda. Complexo de épico, A noite do meu bem, Botaram tanta fumaça entre outras pérolas serão encontradas e uma vez assimiladas serão daquelas canções para se divertir e pensar. Além das músicas contendo aquele psicodelismo nacional temos as letras e a viagem está completa.
Passei a ser fã? Ainda não. Mas posso dizer com toda clareza do mundo que Todos os olhos será sempre ouvido em meu humilde quarto ou mesmo no banheiro quando for tomar uma ducha só para certificar para com o vizinho que não sou obrigado a ouvir porcaria para me sentir " atualizado".
Grande disco dum artista merecedor de mais atenção de minha parte. Salve Tom Zé!!!!!!!!!!

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Yes - 90125

Do metal ao progressivo, o rock possui uma diversidade rica de gêneros e bandas e só fica numa só vertente quem quer ou mesmo ser limitado culturalmente. E estamos falando duma banda que soube como poucos mudarem seu som sem perder a essência criativa. Todos sabemos que as bandas dos anos 70, seja prog ou não, tiveram que se adaptarem aos anos 80 para continuarem sobrevivendo. Algumas ficaram no meio do caminho enquanto que outras souberam criar ou mesmo recriarem suas carreiras musicais mesmo com a ira dos fãs mais radicais. Uma das bandas que conseguiram o feito disso foi o Yes. 90125 é um disco que, ainda que possua algumas nuanças progressivas, teve uma mudança na sonoridade. Ficando mais pop ou mesmo aor, aqui as faixas não eram mais quilométricas possuindo agora tempos mais acessíveis ao ouvinte da época. O começo do disco não restava dúvidas da mudança: Owner of a lonely heart possuía seu andamento pop mas ainda assim com muita qualidade e pronta para o comercial do cigarro da época. E é uma baita música!!!!! Hold on é outra obra de arte com vozes e instrumentos trabalhando num único foco, que é manter o ouvinte feliz e satisfeito pela escolha de ouvi-los. It can happen mantém a pegada mas Changes é papelão. Que som!!!!!! Cinema é outra obra maravilhosa e antecede a pop Leave it, talvez a mais pop e menos rock do álbum mas quer saber? Aqui temos qualidade da mesma forma, então....
E o que dizer sobre Our song, City of love e o grand finalle com a simbólica Hearts? Não, não consigo e nunca irei conseguir chegar numa definição para cada uma delas mas fiquemos com "perfeitas". Aí você pega o time que gravou e se pergunta: Se Deus fosse um ser humano ou mais seres humanos, quem seriam? Jon Anderson, Chris Squire, Trevor Rabin, Alan White e Tony Kaye seriam alguns nomes de Deus aqui na Terra caso o Ele fosse de carne e osso.
E pensar que um dia disse que o Yes era chato.... Erros são cometidos mas podemos nos redimir dos nossos próprios não é mesmo? Grande disco!!!!!!!!

Saxon - Crusader

O heavy metal para mim é e sempre será um estilo do qual sempre irei gostar pra caramba. Discos e bandas que me inspiram a sempre estar de olho e ouvir o que há de melhor dentro do metal. E o que falar do disco definitivo duma banda que jamais errou em sua carreira? O disco é Crusader e a banda atende pelo nome Saxon que é, para mim, uma instituição do heavy metal junto com Iron Maiden, Motörhead, Judas Priest, Black Sabbath, Metallica entre tantos outros petardos musicais. Lançado em 1984, este disco foi o início duma fase mais heavy rock e menos de músicas mais rápidas. Após a intro ( 10 entre 20 bandas de viking possuem a mesma intro, olha de onde sua banda legal tirou a temática) temos a faixa que dá nome ao disco e abre de forma majestosa, cadenciada e pronta para cantar junto. Sensacional é pouco, esta faixa é um hino a tudo que acreditamos ser música e acima de tudo heavy metal. Empolga também a versão de Set me free ( Sweet) que também foi gravada pelo Stryper em seu disco recente de covers. Outras pérolas são encontradas aqui como Sailing to America, Just let me rock, a balada Do it all for you ( que melodia linda) além das arrasas quarteirões Rock city e Run for your lives que são enérgicas e com aquela pitada de hard rock sempre colocada pelo Saxon em seus discos. Biff Byford ( vocal), Steve Dawson ( baixo), Paul Quinn e Graham Oliver ( guitarras) e Nigel Glockler ( bateria) faziam a formação da época e estavam inspirados ao gravarem este disco.
As vezes fico me perguntando se quando eles estavam gravando estes discos clássicos eles tinham noção do poder que eles criaram. Fico me perguntando como estes senhores conseguem tal façanha de nos alegrar em momentos aonde estamos para baixo num só acorde.Não, não somos problemáticos. Apenas somos pessoas dotadas de sentimentos e dos quais alguns temos que passar pois a vida consegue ser ingrata para com todos nós de vez em quando. Mas temos música e mais do que isso. Temos discos tão brilhantes para ouvirmos como este. Obrigado Saxon por me proporcionar música de qualidade em minha vida. Just let me rock!!!!!!!!

Lou Reed / John Cale - Songs for Drella

Artistas são seres humanos tanto quanto nós somos. Alguns você não gosta de começo mas com o passar dos anos vai descobrindo que ambos irão ter algo que lhe agrade. Pegue por exemplo Lou Reed. Este cidadão saudoso sempre despertou em mim uma certa negação quando era para ouvir suas músicas. Sempre achei aquele artista que as pessoas puxam o saco para mostrarem o quão cultas elas são. O mesmo vale para sua banda, o Velvet Underground. Com o tempo e o disco New York, Lou subiu em meio conceito e, mesmo possuindo algumas nulidades contadas por caras que são mais fãs do que eu, alguns de seus discos irão figurar aqui logo logo. Este disco gravado juntamente com seu parceiro de Velvet, John Cale, é um primor musical lindíssimo com aquela cara de Lou Reed e aquelas letras meio que descarregando sua ira de forma declamada. John também possui importância e também fez algumas pérolas boas aqui. Algumas curiosidades acerca deste álbum: se pegar a capa aonde está os dois num fundo preto, podemos ver o "fantasma " de Andy Warhol já que o disco foi feito em homenagem ao grande guru musical dos anos passados. Faixas como Smalltown, Open house, Style it takes, Work, Faces and names, I believe, Nobody but you, Forever Changed e a "conversa " de Lou com Andy numa possível mensagem ao guru em Hello it´s me e que fecha o disco, são alguns destaques duma pérola nascida para estar aqui em casa e ser admirada. Este álbum foi gravado após New York e serviu para esquentar a reunião do Velvet Underground aonde fariam seu show após 25 anos inativos.
Músicas fáceis? acessíveis? Bom, sinto em lhe dizer mas este disco não foi feito sob medida para quem gosta de músicas de rádio. Aqui é necessário mais do que o ouvido mas uma mente aberta a audições prazerosas como esta. Se caso Lou estivesse vivo, jamais seria o cara certo para tirar uma foto. Mas sua obra é o que importa nesse momento e pelo que ouvi, trata-se dum artefato dum artista que sempre fez o que quis fazer sem pedir permissão a absolutamente ninguém. Caso tivesse que pedir opiniões, qual seria então o motivo de ele ter sido um artista? Grande obra.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Tesla , Cheap Trick e Deep Purple - 14/12/2017 - Allianz Parque

Ontem foi a constatação de como o rock pode e deve estar sempre em seu lugar de honra dentro da cultura de cada um de nós. O rock é e sempre será o estilo musical do qual se tem a obrigação de respeitar. Jamais subestime o rock. Algumas pessoas tentam rebaixar o rock ou quem curte nos taxando de estranhos, mau humorados, chatos ou mesmo exigentes em demasia. Não. Apenas temos o poder de contestar o que é legal e o que não é. Não somos modistas, não apelamos para a sazonalidade gratuita para ouvir música. Mesmo tendo alguns seres que adorem queimar o filme, não somos todos loucos de pedra nem muito menos gostamos de violência. E mais uma vez fui a um concerto de rock e ontem foram 3 bandas que, em cada posição de destaque, fizeram bonito com apresentações apaixonadas e cheias de vida. Um dia bonito em São Paulo, uma tarde maravilhosa cercada de amigos, risadas, conversas inspiradoras e sempre com aquela vibe positiva reinando. Do ônibus já estava assim. Eu, mais concentrado em minha leitura e todos do ônibus ao som e cores do dvd do Rush aonde os caras fizeram uma obra impecável digna dos canadenses.
Chegando lá, uma breve passagem ao shopping Bourbon para um rango e um café. Adentrando ao estádio palmeirense, pegamos o Tesla já no palco para uma galera ainda chegando. Apesar de curta, a apresentação desses caras foi espetacular, um show de hard rock enérgico, pesado e cheio de clássicos. O que falar de Love song? Esta música merecia ser gratificada pelo prêmio Nobel da paz, pela contribuição que a mesma causou em todos nós. Ainda tocaram outras faixas mas por ter sido tão legal, o show passou voando. Espero um dia ver estes caras num show só deles para termos um gostinho a mais deste aperitivo. Simplesmente foda!!!!!!!!!
A seguir tivemos a primeira apresentação do Cheap Trick no país e esta passagem foi marcada de forma emocionante já que vi em fotos algo muito bacana. Meu amigo Márcio Andrei Loiacono, mais conhecido carinhosamente como Márcio Cheap Trick sempre foi um ardoroso fã da banda e pelo que eu saiba, um dos maiores fãs que já vi. Outro profundo conhecedor, Ricardo Simone, era outro que estava feliz, muito feliz. Mas foi Márcio que obteve o sonho de muitos: conhecer seus ídolos de perto, tirar fotos e ter algumas assinaturas em seus discos. É sabido que algumas pessoas gostam de tirar fotos até com uma árvore se ela for famosa. Mas fãs verdade gostam de fotos nem pela foto em si ou mesmo se aparecer. Apenas o fato de ter registrado um momento emocionante e este cara me deixou emocionado. Os caras da banda pelo que soube foram receptivos e deram uma aula de humildade a muita gente do meio artístico e uma aula sensacional de como se tratar seus fãs sem estrelismos ou egos elevados.
Minha amiga Andrea Guelheri também foi feliz ao tirar fotos com o Deep Purple e vou igualmente bem tratada pelos ingleses.
No palco, o Cheap Trick fez um show maravilhoso, uma aula de rock n´roll visceral e sem frescura. Assisti seres humanos praticando o que realmente gostam e se eles não possuem o status dos nomes maiores é algo para se explicar pois talento eles tem. Passando a limpo sua brilhante carreira, alguns temas como Dream Police, Surrender e a linda balada The Flame não faltaram assim como uma versão sensacional de Run Run Rudolph desejando a todos um feliz natal. E para que não passe batido, eles vieram honrar o lugar que seria do Lynyrd Skynyrd originalmente e souberam muito bem driblar a tensão de substituir uma banda de renome como o Lynyrd com garra, atitude e acima de tudo respeito ao público. Sobre o Lynyrd Skynyrd, desejo muita sorte a Johnny Van Zant e que sua filha se recupere da leucemia, razão esta que levou a banda cancelar todos seus compromissos até o final do ano. Ao final da apresentação, foi lindo ver o Cheap Trick feliz no palco e quem é fã curtiu cada momento deste espetáculo.
Mas aí vieram os principais.... Olha, ontem eu queimei a língua. É verdade que não acompanho a banda desde Abandon e que seu último disco do qual nutro respeito e admiração é o Purpendicular. Seus discos após isso foram uma sucessão de coisas chatas demais e confesso que a banda poderia se aposentar. Até ontem. Com uma apresentação impecável, a banda tocou seus clássicos e alguns temas do novo disco que me agradaram ali ao vivo. Mas uma coisa temos que admitir e isso é inevitável pensar pois nada é para sempre: os caras estão velhos. Sim, eles são senhores de idade e imagino para estes caras fazem tours compridas demais. Mas quer saber? Eles queriam tocar!!!!!! Ok, Ian Gillan não é mais o mesmo. Mas exigir juventude para um cara que está na casa dos 70 anos ou querer que o mesmo cante como nos anos 70 seria o mesmo que desejar neve em Santos ou mesmo que o Lula seja preso. Gillan é apenas um cara que um dia foi jovem e que obteve seu ápice como vocalista. Mas mantém sua postura de forma corajosa, não tentando fazer o que não consegue mais mas que ainda canta muito para a idade que tem. Ian Paice tocou com uma pegada incrível e nem parece o cara que passou mal tempos atrás. Don Airey conduz de forma magistral a vaga que um dia foi de Jon Lord assim como Steve Morse faz bonito na guitarra da banda anteriormente pertencida a Richie Blackmore e Tommy Bolin e sem comparações pois elas não cabem aqui. Roger Glover é um baita dum baixista excepcional numa cozinha poderosa com o já citado Paice. Com um time desses, você espera o que? Sons clássicos, musicalidade genial, um show do Deep Purple é e faz jus ao cargo de headliner do festival. Highway star, Perfect strangers, Space truckin, Hush, Black night, Knocking at your back door.... Se estas músicas não te fazem feliz, você necessita urgente dum médico. E sim, eles tocaram ela.... ela ...... Smoke on the water. Mas quer saber? Com um clima tão bom, este que vos digita caiu nas graças desta música e cantou junto sem o menor problema ou constrangimento.
Finalizada a apresentação, fomos para nossos ônibus de excursão e a lembrança desta noite ficará para sempre em meu coração. Foi maravilhoso, apoteótico, emocionante. O que não é nenhum segredo em se tratando duma noite regada a rock n´roll de verdade não é mesmo?
Perfeito.....

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Sade - The best of Sade

Estou aqui nesta hora da madrugada fazendo o que mais gosto. Uma boa música rolando, livros a disposição e alguns belos planos para este fim de ano. Uma vibe positiva assola este quarto neste exato momento. E para coroar este momento, esta compilação da cantora Sade veio bem a calhar graças a seu som pop maravilhoso, bem cantado e tocado. Como disse um amigo meu acerca do meu gosto musical: alguém precisa fazer o serviço sujo. Não preciso exibir o nome do meu amigo aqui mas ele disse isso brincando e logicamente demos risada disso. O que para alguns é sinônimo de querer "se aparecer", para outros apenas o respeito basta para chegarmos a um denominador comum. Falta humor nas pessoas. E obrigado Sade por existir em minha vida!!!!!!
Aqui temos 17 canções das quais você já ouviu na rádio mas nunca descobria qual o nome delas mas ouvia e gostava escondido da sua turma com medo de ser taxado de poser vendido. Destaques imediatos para Smooth operator  ( fantástica), Paradise ( que clima fantástico) e No ordinary love. Essas 3 já valeriam o cd porém temos outras pérolas da morena como Your love is king, Hang on to your love, Jezebel, Kiss of life além de Please send me someone to love. No geral, o disco acaba sendo aquela trilha para aquele final de tarde fantástico aonde corpos se tocam de forma tórrida sem o menor medo de ser feliz. E eu até agora estou com o cheiro do corpo dela, sua forma carinhosa de conduzir tudo foi fantástica e caso houvesse este cd da Sade rolando na hora seria a combinação perfeita dum momento explosivo de amor e sexo com músicas lindas. Já tinha ouvido que a Sade é perfeita para ser trilha sonora para o sexo em seu ato pleno. Hoje serviu para lembrar de cada detalhe do que anda sendo algumas tardes minhas. Como sendo um homem que respeita uma mulher, seu nome ficará guardado apenas em meu coração e o que foi feito ficara entre as 4 paredes da minha mente. Muito obrigado meu amor, este cd é para você. Ah Sade, o que seria de nós seres humanos sem o toque sutil de Smooth operator não é mesmo?

Possessed - Beyond the gates + The eyes of horror

Esta banda é uma das mais clássicas do metal. O Possessed, junto com o Death e Master foram um dos responsáveis por alguns outros jovens se rebelarem a uma sociedade preconceituosa aonde gostar de metal é sinônimo de palavrão ou mesmo blasfêmia por parte de pessoas ditas "normais". Entre Beyond the gates e Seven churches eu acabo ficando com a opção por ser mais malvado e até mais violento que Beyond the gates. Aqui neste disco o Possessed estava mais próximo do thrash metal, técnico mas ainda visceral aos ouvidos. Vocais horrendos a lá Chuck ( Death) e um som porrada é o que temos neste disco e no fantástico ep The eyes of terror que vem de brinde nesta versão relançada. Em Beyond the gates, temos joias seminais do estilo como The Heretic, Tribulation, March to die ( porradaria pura), No will to live ou mesmo Restless dead, uma compilação de riffs sensacionais. 
O ep The eyes of terror mantém a qualidade no cd e mais músicas fantásticas aparecem aqui como My belief e Storm in my mind além da faixa que dá nome ao ep. Detalhe: este ep foi produzido por um cara chamado Joe Satriani que reza a lenda foi professor de guitarra para  Larry Lalonde, hoje no Primus. Além de Larry, outro que pegou algumas aulas com o mestre foi um outro cidadão chamado Kirk Hammett, aquele cuja banda ficou "pop". 
Enfim, falando do Possessed, a banda obteve e obtém fãs fiéis ao redor do mundo e até hoje permanece na ativa mesmo que tendo apenas Jeff Becerra da formação original. Jeff, para quem não sabe, hoje em dia se apresenta numa cadeira de rodas e apenas faz os vocais devido a um tiro disparado por um infeliz de gangue. Vendo algumas apresentações atualmente, chega a ser emocionante ver um cara de cadeira de rodas ainda cantando mas também é meio triste pois fica aquela sensação de algo perdido no tempo. Mas o importante de tudo isso é o legado que ele e seus demais ex companheiros de banda deixaram para todos nós e Beyond the gates, The eyes of terror e Seven churches estarão sempre na discoteca básica dos amantes de música extrema bem feita, numa época em que não havia muita razão para rotular. Sinceramente, não importa aqui se é thrash, death ou satânico. Simplifique com a palavra metal e pronto: a diversão está garantida. E por falar em diversão, lembro duma entrevista em que Gary Holt ( Exodus/Slayer) disse sobre o Possessed aonde ele relatou que os caras tinham que ir para casa cedo pois seus pais não deixavam eles ficarem na rua até tarde. Em outras palavras Gary quis dizer que eles eram um bando de posers. Mas quem se importa não é mesmo?

Eyehategod - Dopesick

Alguns discos devem ser colocados quando o mundo estiver indo para os ares. Um desses é Dopesick, do clássico grupo Eyehategod, banda cultuada pelos fiéis seguidores do metal underground com seu som apocalíptico. Um vocal gritado, equivalente a um condenado prestes a ser morto em seu momento de angústia juntamente a um instrumental extremamente pesado, ora arrastado ora mais rápido. Constei o nome de Jim Bower que se não estiver enganado, ele estava no Down como baixista. O engraçado é que os membros não se apresentam em seus instrumentos e som com dados do tipo " Desconstruction of low-end negativity " e coisas do tipo. Diferente não?
Tanto a capa, assim como as fotos de dentro do encarte, aliadas ao som caótico pode ofender aos mais sensíveis mas nos mostra o quão é doente nossa sociedade aonde temos aberrações bem a nossa frente mas que não fazemos nada, nos tornando meros coadjuvantes desta merda toda.
A entrada com My name is God ( i hate you) já vem avassaladora assim como Dogs holy life, Masters of legalized confusion, Dixie whiskey, Rupture heart theory ( que riff matador), além de Zero nowhere e Anxiety hangover que fecha o play de forma maravilhosa e mórbida.
Algumas obras precisam ser digeridas mais vezes para termos ciência do clássico que é. Aqui ocorreu o meio termo: ciente da obra fantástica que possuo aqui, ao mesmo tempo preciso de mais audições para averiguar mais e mais nuanças musicais acerca desta obra maravilhosa. Intitule como stoner, sludge, metal, doom ou o que você achar melhor.
Prefiro citar este disco como sendo uma das melhores coisas que já ouvi na vida. E ainda há pessoas que ficam nessa papagaiada de que não há música boa pós anos 2000? Ou é preguiça de ir atrás ou simplesmente a massa cefálica desta pessoa parou no tempo transformando-o num chato de galocha. Puta disco!!!!!!!!

Kylesa - Exhaulting fire

Dando continuidade aos sons maravilhosos que aparecem em minhas mãos para audições para lá de prazerosas, eis que mais um capítulo com esta banda aconteceu agora, neste exato momento. Em Ultraviolet, o começo foi inevitável e a descoberta foi uma das mais maravilhosas do universo musical. Agora com este disco, a continuação do artefato musical chamado Kylesa mantém um padrão maravilhoso, brilhante, provocador, sendo feito para pessoas com estomago em dia e nada sensíveis. Um som que transcende o limite do óbvio aonde o comodismo musical de agradar o ouvinte de forma fácil não é ocorrido aqui. O trio formado por Laura Pleasants, Phillip Cope e Carl McGinley mostra em Exhaulting fire uma musicalidade fora do comum aonde os temas nos levam a uma viagem cósmica para bem longe deste mundo cheio de mimimis eternos.
O som é uma espécie de stoner misturado ao som alternativo a lá Deftones mas com pitadas de Mastodon. Tudo isso agraciados pelos vocais de Laura que canta a maior parte do tempo e dá um tom viajante graças a sua voz. Aqui torna-se uma tarefa muito dificultosa em destacar algum som em específico mas ouça Crusher, Moving day, Night drive, Shaping the southern sky, Out of my mind além da versão totalmente lisérgica de Paranoid ( Black Sabbath) que conseguiu tornar a música bem especial com a cara do Kylesa. Me lembrou uma outra banda querida da casa, o Type o Negative, que fez algo bem diferente da versão original, deixando mais lenta, dramática e com a cara dos mestres do metal. Fora que a letra desta música pode tornar sua versão bem melancólica já que a mesma trata de desilusão para com a vida.
Resumindo, temos uma banda descoberta, talentos dos quais tenho que exaltar sempre e são graças a discos assim que a música continua sendo forte e contestadora, sendo assim a forma artística mais completa e bonita. São discos assim que nos fazem acreditar que há vida e que vibes negativas não entram num ambiente dominado pela música. Fica aqui a reflexão. Puta som!!!!!!!

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Kylesa - Ultraviolet

O prazer de ouvir música é a constante busca por algo novo, aquele som, aquela banda que você ainda não ouviu. Por indicação do Boka ( bateria, Ratos de Porão) chegou em minhas mãos o Kylesa. O som que estes seres humanos fazem é algo a desafiar a mente humana. Não se trata de algo acessível ou de fácil assimilação. É sim necessário algumas audições para detectar aos poucos nuanças musicais que não descobriu na audição anterior e por aí vai. Classificar o som de Laura Pleasants ( vocal/guitarra/baixo), Phillip Cope ( vocal/guitarra/baixo/teclados/ Theremin  ), Carl McGunley ( bateria) e Eric Hernandez ( baixo/bateria/guitarra) pode tomar seu tempo. O melhor a fazer é rolar o disco e adentrar na viagem que são as 11 faixas de Ultraviolet. Do começo em Exhale, passando pela densidade de Grounded e Long gone e terminando a audição com o encerramento quase progressivo em Drifting você terá uma experiência musical nunca navegada antes. Da arte gráfica ao som, tudo aqui lhe fará parar para assimilar este som atentamente, sem se importar com o que está a sua volta.
Assim como disse alguém em algum lugar o artista não é aquele que simplesmente entrega ao público algo previsível e de fácil assimilação. Um artista que faz jus ao termo desafia o público com algo a frente criando assim uma intimidação saudável, fazendo-os pensar, se arriscar em algo desconhecido e imprevisível. O Kylesa é a banda certa para este propósito. E aguardo ansiosamente o outro disco deles que logo logo será resenhado aqui neste blog. Aguardem....

Madonna - Rebel Heart tour

Tecer qualquer comentário acerca desta mulher é chover no molhado, repetir o que já disse inúmeras vezes sobre ela e sua carreira fantástica. Esta mulher foi responsável direta por me iniciar no fascínio pelas mulheres. A primeira mulher na minha vida da qual senti tesão. A primeira mulher da qual senti um amor verdadeiro. A minha primeira masturbação. Enfim, Madonna foi e continua sendo importante em minha vida. Eu a chamo de esposa, sim, a mulher que tomou meu coração de assalto. A cada audição de seus discos, todo este amor retorna com mais intensidade, tesão e uma sensação de felicidade toma conta de meu coração apaixonado por esta mulher nascida em Michigan. Ela que teve uma infância difícil, perdeu a mãe quando ainda era uma criança tendo que se virar logo cedo sozinha somente tendo seu pai para exercer a função de cuidar dela e dos irmãos. Quando atingiu o estrelato, conviveu com inúmeras críticas a seu respeito. Foi julgada por muitos mas admirada por outros tantos que viram em Madonna a porta voz duma geração.
E como sendo um eclético, também tive que ouvir que não poderia ouvir Madonna por ser do metal entre outras coisas. Mas quem liga não é mesmo?
E mais um ao vivo pinta em minhas mãos, desta vez gravado durante a turnê do disco Rebel Heart e que possui seus altos e baixos.... Sim, amar não significa aceitar tudo que ela faz e algumas colocações precisam ser feitas. A primeira é que sua voz ao vivo já foi pro vinagre e o show é predominado por bases de voz pré gravadas para ocultar sua voz que hoje limita a alguns poucos momentos. A segunda é a sempre re-criação de alguns temas antigos. Em alguns casos temos resultados bem legais mas em outros casos.... Tudo bem, Madonna sempre gostou de renovar seus clássicos mas daí para desfigurar alguns de seus clássicos oitentistas acaba sendo algo desnecessário. E aqui temos um pouco do que disse até agora. Nas 22 atuações ( incluindo a intro), Madonna acerta e erra. Os acertos: uma versão quase heavy metal de Burning up, Devil pray, Body shop, True Blue, Deeper and deeper, Heartbreakcity, Rebel heart ( desde já um clássico), Holiday e Like a prayer que emociona até hoje. Os erros: Bitch i´m Madonna ( uma das piores coisas que ela já fez até hoje), Unapologetic bitch ( outra coisa horrível) além de versões desnecessárias para Vogue ( a mais grave diga-se), Music e Candy shop não deveriam estar aqui. Outro destaque é Living for love além de Iconic que ficaram legais mesmo com algumas mexidas ao vivo. Se bem que, comparado ao que ela fez em sua tour anterior, temos mais músicas do que teatro aonde a cantora parece estar mais solta.
Ser fã não significa dizer amém para tudo. É saber aonde seu ídolo erra e reconhecer tal erro. Minhas críticas acima não são para se aparecer e sim o que eu senti durante a audição.
Mas num contexto geral, Madonna não precisa provar mais nada a ninguém e assim como Axl Rose, Jon Bon Jovi, Paul Stanley, Ozzy Osbourne entre outros são ícones, artistas que já contaram sua história e se estão aí até hoje é pelo prazer de ainda subirem num palco e levar entretenimento a todos que os assistem. E uma mulher que passou dos 50, está quase chegando aos 60 sem a menor intenção de parar, não me resta dar um salve de palmas e amá-la incondicionalmente.
Obrigado Madonna pelos serviços prestados a música pop, estilo este que caminha para o fim logo logo. Te amo. Esta mulher simplesmente representa todas as mulheres que, por serem elas mesmas, acabam caindo em pré conceitos inúteis justamente por serem elas mesmas e não seguirem regras. O que seria do mundo sem elas não é mesmo?

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Ignite - A War Against you / Our Darkest days

Finalizando a noite, venho através desses dois discos dizer o quão prazeroso ouvir tais preciosidades. Confesso que já tinha noção do quão bom era o som dos caras mas ouvindo seus discos na íntegra me trouxe um entusiasmo do qual necessitava. E a sensação de ouvir algo tão legal como sendo uma novidade para quem ouve é um imenso momento de paz e felicidade.
Falando por cima do que ouvi, esta banda produz um hardcore cuja qualidade atravessa a barreira do conformismo e sim, quebra algumas regras. Apesar de ser hardcore, a banda conta com um ótimo vocalista, guitarristas soberbos e uma cozinha tão técnica e precisa quanto qualquer uma de música mais complexa. Qualquer um desses caras poderia estar em qualquer banda de pop rock, poderiam ser músicos de estilos totalmente fora do rock mas optam por estar no hardcore pois amam o que fazem. Linhas de guitarras melódicas aonde alguns solos bem vindos juntam no caldo musical. As músicas são rápidas e ou mais cadenciadas mas em nenhum momento perde-se o poder de contestar, de levar uma ideia positiva para quem está ouvindo. O som aqui em nenhum momento deprime ou te faz abaixar a cabeça. Trata-se duma música honesta e positiva, o que ajuda em muito nesse tempos escuros dos quais vivemos.
Ambos os discos foram produzidos pelo experiente produtor Cameron Webb que para quem não sabe, foi o produtor dos últimos discos do Motörhead entre outros. A War against you foi ouvido primeiro e desde já o som cheio de energia já chegou me contagiando com a faixa de abertura Begin again. Que puta refrão!!!!!! E não para por aí. Temos algumas outras músicas soberbas, joias como Nothing can stop me, This is a war, Alive ( coisa fina), You saved me ou Rise up farão até o mais ranzinza dos seres humanos estamparem um sorriso na cara graças a um som muito mas muito bom. Saca aquele som para ouvir sábado de manhã na caminhada ? Esta aí um ótimo exemplo de como seu dia pode começar muito bem. O disco todo segue uma linhagem muito boa e enjoar pode ser algo bem difícil de acontecer.
O mesmo ocorre em Our Darkest days, outra obra de arte de como se fazer um hardcore energético e com melodias cativantes. Após uma breve intro temos Bleeding logo de cara socando um som animalesco. Outros exemplos de como podemos acreditar no rock estão em Let it burn, My judgement day, Save yourself, Strength além de Live for better days, todas elas dotadas de melodias cativantes e inspiradoras para todos nós. Um destaque igualmente magnânimo é a versão de Sunday bloody sunday que simplesmente ficou matadora e deixaria o U2 bem feliz. Caso não acredite como uma faixa do U2 pode fazer parte dum tracklist hardcore, saiba que, tocada duma forma mais rápida, a letra ganha muito mais força já que os irlandeses sempre foram engajados em causas políticas e uma lida nesta letra verá que Bono Vox fazia muito mais do que muito metido a ativista revolucionário picareta que vemos por aí.
Falando dos músicos em si, podemos constatar que cada um sabe muito bem o que faz em seus instrumentos. Mas o que Zoli Teglas canta é algo extraordinário!!!!! Que voz esse cara tem. E o que falar de guitarristas do porte de Brian Balchack, Kevin Kilkenny e Nik Hill ( este último entrou no lugar de Kevin e gravou Our Darkest days) ? Extraordinários. E a cozinha de Brett Rsmussen ( baixo) e Craig Anderson ( bateria) ? Músicos fora de série, músicas espetaculares, uma vibe positiva.... O que poderia querer mais?
São performances assim que ainda podemos ter a música como instrumento de auto ajuda a todos que necessitam de momentos alegres e cheios de vida como este. Ignite é foda demais!!!!!!!! Bom, na dúvida em qual seria o melhor, prefiro optar por não escolher e sim curtir os dois discos de forma igual pois escolher um deles como melhor seria injustiça pois ambos são como filhos: não há o preferido, você acaba amando os dois.
Obrigado Caustic e ao meu cunhado por me apresentar esta banda pela primeira vez além do meu grande amigo Silas Filho pela ponte em falar com o já grande amigo Cantinfras pelo atendimento e pela disponibilização de seu tempo para me atender.
Isto é hardcore. Isto é união. E união faz e sempre fará a força de quem quer algo justo. E um forte abraço ao brother  Fábio Fernandes de Moura pelo serviço prestado ao estilo!!!!!!!!

domingo, 3 de dezembro de 2017

3 ways to destroy - Hierarchical Punishment , Agathocles e Forbidden Ideas

No momento em que comecei a ouvir este cd, o domingo iniciou duma forma triste para o underground nacional: a notícia de que a guitarrista Cherry havia falecido nesta madrugada em mais uma batalha não conquistada contra esta doença maldita chamada câncer. Atualmente Cherry estava no Nervochaos mas antes integrou as bandas Okoto e o excelente Hellsakura. Sinceramente estou muito chateado com esta notícia pois lembro dela no Okoto e seu som ao seu jeito de se tocar guitarra. Cherry viveu o underground como ninguém, nunca se vendeu para nada nem ninguém e morreu fazendo o que sempre gostou de fazer. Este split é dedicado a ela, uma guerreira do underground e do rock nacional em geral.
Este split de 2010 juntou 3 bandas muito boas, cada um fazendo seu som a seu modo de viver o presente e acreditar no futuro mesmo o destino sendo muito injusto para com todos.
Começando com os já conhecidos da casa Hierarchical Punishment, não é segredo para ninguém que vivencia o extremo nacional o quão bons eles são e o que seu grindcore com pitadas death metal representa ao metal da baixada e do Brasil. Na época o line up contava com Luiz Carlos Louzada nos vocais ( hoje baterista), Leão Gazzano e Décio Andolini nas guitarras, Carlos Diaz no baixo e o mentor Grell na bateria ( hoje guitarrista). Sei que já ouvi estas músicas um milhão de vezes mas nunca é demais enaltecer o poder destes caras em fazer um som original, sem a menor chance de copiar este ou aquele. Autopsy, Fear of reality, Suffocating life, Virus of genocide ( V.O.G. para os íntimos), Fanaticism, Abortion, Dominate or die, Undertaker God, Morbid antecipation, Opressor, Purchase or die e Nuclear war são as faixas das quais fazem este split começar incrivelmente bem e Undertaker God possui um dos melhores riffs de guitarra de todos os tempos. Muito foda!!!!!! É de enaltecer a competência de Grell na bateria, mantendo o ritmo de forma precisa sem deixar o som comprometido. Puta som!!!!!!
Na sequência o maravilhoso Forbidden Ideas com seu grindcore violento e tosco, maravilhosamente tosco. A gravação ficou abaixo em qualidade mas quem liga quando sons apocalípticos do porte de War, I hope you fucking die!, Forbidden ideas, I am a cancer ou mesmo Ferocity and anger tocam no som? Uma demonstração de amor e carinho para com o underground foi o que ouvi, muito foda. Aqui temos Diego Parmito nos vocais, Claudio Czarnobai nas guitarras, Fernanda Czarnobai no baixo além do monstro João Maurício "ogro" na bateria. Além das citadas acima outros sons de sua participação como De vermiis Mysteriis, Hanged Bastard, Human beign, Crack slut, Everyone is guilty e Suicide again tornam cada vez mais viva a chama dons bons sons praticados por aqui.
E o split fecha com eles, os mestres da violência toda e uma das bandas mais fantásticas do estilo: Agathocles. Estes incansáveis belgas praticam o que eles chamam de mincecore ou melhor dizendo um grindcore super violento, contestador cujas mensagens são fortes e nada polidas, sendo inapropriados para mimimi ´s de plantão. Gravado por Nils ( bateria e vocal ), Jan ( guitarra e vocal) e Tony ( baixo, sendo substituído por Bram ), o split é fechado com violentas faixas sem deixar pedra sobre pedra aonde temas como Necessity, Arbeit macht krank, Contradiction, O.S.L., Open the gates, Big plat cages entre outras pérolas são um belo murro na cara duma sociedade cada vez mais vendida aonde panelas foram batidas para tirar uma pessoa despreparada para o poder mas que não batem panela para o cara que está ferrando cada vez mais os trabalhadores. Como temos um governo que representam o que são o povo, nada mais me espanta e o que me resta é ouvir sons e esperar que algo melhore para o ano que vem. Mas enquanto 2018 e suas promessas não chegam, cabe a mim ouvir música de qualidade e lembrar que rock é e ainda será sinônimo de contestação neste universo dominado por Pablo Vittar, Anitta, Luan Santana e merdas afins.
Descanse em paz Cherry. O underground agradece você pelos serviços prestados a ele.
Capa do split lançado em 2010 pela Violent Records