sábado, 23 de dezembro de 2017

Tom Zé - Todos os olhos

O que é um artista para você? Seria ele aquele cara que simplesmente dá ao público o que ele quer? Ou aquele que simplesmente desafia aos ouvintes a ouvirem algo inusitado? Para mim, o artista é aquele que pode fazer as duas coisas, sem dosar demais para um lado. Ele pode criar algo legal que o público goste mas também deixar sempre surpreso e pronto para algo a mais, fazer seu ouvinte ser um humano pensante e não um integrante dum gado manipulado. O que vemos atualmente é justamente o que é de pior pode-se constar: pseudo artistas cada vez piores com músicas pobres e um público cada vez mais imbecil cuja mentalidade é inferior a um jumento. Como comprovamos pelo sucesso do cantor ( ou cantora, vocês escolhem) cuja pobreza musical é nítida e ai de você falar que não gosta.... Seu exército de panacas sempre estará a postos para defender com unhas, dentes e uma massa cefálica a beira da extinção. Cada vez mais ando descobrindo artistas brasileiros e a mpb. Lógico que há mpb chato e detestaria ter a chance de ouvir alguma coisa do Chico Buarque e sua voz horrorosa. Caetano e Gil foram compositores brilhantes durante a década de 70 mas se perderam durante os anos apenas sendo caricaturas do que foram um dia. Tom Jobim não está mais aqui. Cantoras nacionais no mainstream? Esquece. Elegeram a Anitta como a mulher do ano e de projeção internacional. Tá ok, ela é gostosa ( não sou de ferro) mas e........ Ivete Sangalo é maravilhosa mas se perde apoiando essas tralhas. Vejo com muito desgosto toda esta parada musical de hoje, chegando ao ponto de simplesmente ignorar para não ficar de cabeça quente. E o que resta? Ouvir os clássicos. Tom Zé pode não ser o que eu queria mas este disco me veio como uma chance de ouvir um pouco deste cara estranho porém irreverente e inteligente. O primeiro detalhe é a capa: sem ninguém perceber, o "olho" da capa que apareceu em 73 era simplesmente uma bola de gude posta bem no clássico orifício chamado cu. E sabe o que é mais hilário? Os tão sábios militares não descobriram e a capa passou pela censura sem o menor problema. Artista, o provocador. A música aqui é aquela maluquice típica do Tom e é preciso ouvir este disco sem ter qualquer preconceito e de preferência possuir a mente aberta. Se for normal, a ponto de ser direitinho demais, este disco pode soar bem estranho para você a ponto de ficar irritadiço como um militante de esquerda fica quando falam que Fidel Castro é ditador e Che Guevara é assassino e homofóbico.
As 12 faixas me fizeram ficar mais aliviado, mais feliz mesmo em saber que não estou sozinho nesta "loucura" e que mais pessoas pensam fora da caixa como uma forma de irritar o ser cômodo que se contenta com o resumo ao invés de ler o livro todo e saborear a história toda. Complexo de épico, A noite do meu bem, Botaram tanta fumaça entre outras pérolas serão encontradas e uma vez assimiladas serão daquelas canções para se divertir e pensar. Além das músicas contendo aquele psicodelismo nacional temos as letras e a viagem está completa.
Passei a ser fã? Ainda não. Mas posso dizer com toda clareza do mundo que Todos os olhos será sempre ouvido em meu humilde quarto ou mesmo no banheiro quando for tomar uma ducha só para certificar para com o vizinho que não sou obrigado a ouvir porcaria para me sentir " atualizado".
Grande disco dum artista merecedor de mais atenção de minha parte. Salve Tom Zé!!!!!!!!!!

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