domingo, 28 de maio de 2017

Garage Fuzz - Turn the page... the season is changing

Após o ótimo show no sábado, no domingo fui na casa da minha irmã para aquela visita e colocar o papo em dia. Papo vai, papo vem e meu cunhado perguntou como foi o show do Garage. Citada minha consideração, eis que meu cunhado me presenteia com este disco e não foi pouca a minha felicidade ao ter esta obra em casa e já estou na segunda audição do disco. Gravado em 97, Turn the page... é um item obrigatório não só para quem curte somente hardcore. É sim, um daqueles discos para quem aprecia música feita com paixão e para quem não precisa de rótulos. Porque rotular somente como hardcore acaba sendo um resumo meio covarde acerca do que se tem aqui. Os caras mesclam som alternativo e muita melodia nas guitarras além dum vocal certeiro e uma cozinha eficiente. Da formação atual, somente Nando não está presente e mesmo assim o guitarrista na época, Fernando Zambeli, fez um belíssimo trabalho ao lado de Wagner Reis e arrisco a dizer que se trata duma ótima aula de guitarra a qualquer iniciante pois no estilo do Garage, saber tocar não é um luxo e sim uma regra calando a boca de quem acha rock tudo "igual". E aquela lembrança em frente ao Marquês de São Vicente no final de tarde sentados na beira do canal antes de ir para aula retorna em minha mente ao som de Replace, After the rain, Shore of hope, Variations ( ontem um cara ficou gritando para tocarem esta música e que som!!!!), A bitter taste entre outras.
Ouvir Garage Fuzz não é só ouvir um disco. Significa mais do que isso. Significa retornar a uma época em que a vida era mais legal sem celular na cara e mais convivência face a face. Era a época em que tínhamos acesso a rock de forma mais fácil, ao contrário do que se vê hoje aonde a molacada vai para sonoridades erradas e que só levam ao caminho sem volta. Sou e sempre serei grato por ter crescido nos anos 90 já que a riqueza que me foi exposta garantiu minha cultura e me tornou uma pessoa melhor e diferenciada desta cultura de massa enlameada por músicas sazonais e sem conteúdo. E o Garage Fuzz foi um dos responsáveis por isso. Discaço do começo ao fim!!!!!!

James Booker - The Blues Collection

Antes de ir me deitar após um ótimo domingo e ao som de Garage Fuzz, nada mais prazeroso do que digitar algumas acerca do Rei de New Orleans no piano. De acordo com sua biografia, James foi um renomado pianista nascido na citada cidade no dia 17 de dezembro de 1939 e manteve uma carreira extensa mas acabou vindo a falecer em novembro de 83. E este cd veio em minhas mãos para dar uma sacada o que James fazia no piano. E sim, o cara era mestre no que fazia. Aqui nesta edição, temos um pouco dele num show para uma platéia bem receptiva aonde James interpreta somente com seu piano e sua bela voz temas como How do you feel, Classified, Blues rhapsody, Rockin´pneumonia, Please send me someone to love ( sim, pode mandar um amor para mim), All by myself, Ain´t nobody´s business, Something you got entre outras pérolas. Como disse antes, além do piano, James também tinha o dom de cantar muito bem, mostrando que eles tinham e sempre tiveram o feeling. Caras como James realmente sofreram na pele o racismo. Mas, ao contrário dos mimimis de hoje, eles traduziam isso na música que era suas válvulas de escape para a sociedade repressiva da época. Mas, independente disso tudo, o que resta de bom é lembrar o quão importantes foram esses caras na música, mais especificamente no blues, jazz e no r&b, aonde saíram nomes muito ricos para a cultura musical norte americana. Vale uma ouvida e você pode se apaixonar pelo som deste cara do mesmo jeito que fiquei ao ouvir. E só ressaltando que um ser radical nunca irá entender o que significa e assemelho o citado radical com a mesma mente da turma massa que ele tanto critica mas que na verdade tem a mesma mentalidade cretina e fechada. Sou eclético com orgulho e não para me aparecer. Passem bem.

Norah Jones - Come away with me

Em 2001 Norah Jones apareceu ao mundo pela primeira vez com este disco. Disco este que aparece pela primeira vez aqui em meu recinto e que tão cedo não sairá do meu coração e do meu som. Conforme já tinha resenhado aqui, ela cativou meu coração e sim, hoje sou apaixonado por Norah Jones. Na verdade já tinha uma afinidade de longe, desde o segundo semestre mas agora em 2017 tive um contato maior com ela aonde a conheci mais e sim, descobri que ela é uma mulher incrível e que me proporciona momentos de grande felicidade. Aqui, Norah já mostrava a ótima cantora que é, cantando duma forma doce e sons magníficos. Em 14 temas, temos aqui uma joia que, se não estava lapidada, já mostrava o brilho atual. Don´t know why já abre o disco e você se perguntando como não ouviu isso antes.... Sim, esta e a faixa que dá o título do disco, Come away with me, já eram manjadas pelo tio aqui mas o restante do disco é tão bom quanto as duas citadas. Seven years é um daqueles temas deliciosos que só Norah sabe fazer tamanha a beleza contida aqui. Cold cold heart, Feelin´the same way, Shoot the moon, Turn me on, Lonestar, I´ve got to see you again, Painted song, One flight down, Nightingale, The long day is over e The nearness of you também são belas e fazem deste disco uma das audições mais legais da qual tive a chance de ouvir. Não preciso falar mais nada sobre ela a não ser agradecer pela sua obra sensacional que encantou e continuará encantando meu coração. E dedico este disco a Gregg Allman que nos deixou recentemente e que, mesmo não tendo não muito a ver com o estilo da Norah, ambos possuem sim uma similaridade : ambos fazem música feita com o coração não com a mão no bolso ou de olho na carteira.

Pan Pipes - idem.

E nessas caminhadas da vida, minha vontade de pesquisar música nunca chega ao fim. Talvez eu seja um desses caras que nunca estão satisfeitos com o que tem e que sempre querem algo novo na discografia. Para mim isso é maravilhoso pois mostra uma não acomodação da parte de quem pensa assim e lógico que mantém a cabeça sempre aberta para o que vier. E o universo da música é algo que não podemos nos limitar pois é amplo e nos faz felizes sempre que achamos algo do qual nunca foi ouvido antes. Esse disquinho simplesmente intitulado Pan Pipes trouxe um momento de muita tranquilidade em meu quarto. Para quem não sabe, trata-se de um instrumental aonde o som é guiado pela aquela espécie de flauta com um monte de tubinhos e é tocada fazendo substituir o vocal, deixando somente o instrumental de determinada versão ou música própria. E o que pode parecer uma chatice, pode ser sim um momento de reflexão e aquela paz que você precisa quando não quer ouvir nada muito barulhento. É simplesmente um som para sentar no sofá e ler um ótimo livro ao som da flauta de tubinhos. Aqui temos versões para Don´t cry for me Argentina, Unchained melody, The house of the rising sun, Dust in the wind além de sons cujo nome é desconhecido da minha pessoa como Nocturno ou mesmo Ride on. Produzido por Ricardo Pilpud, o mesmo ainda tocou a pan pipe tendo Mauricio Gorcia tocando guitarra acústica em Ride on.
Quer algo sem se preocupar com rótulo? Não precisa mais provar para ninguém o quanto é real ou falso? Dê uma checada agora mesmo. Quem sabe sua esposa possa gostar.

sábado, 27 de maio de 2017

Garage Fuzz - Virada cultural - 27/05/2017

Um evento para ficar para a história. Não estou falando do evento em si e sim do show do Garage Fuzz que ocorreu agora a pouco na praça Mauá perto de casa. A virada cultural daqui de Santos é o retrato de que o outrora movimento roqueiro que existia aqui não é mais apoiado pelas autoridades locais trazendo sempre artistas de gosto duvidoso e deixando sempre o rock de lado. Sendo uma cidade que não respira rock, resta o underground para termos algum rock aqui na cidade e quando o tem, o que resta são as mais mainstream, que também não andam bem das pernas. O Garage Fuzz na virada cultural foi o equivalente ao Metallica no Lollapalooza, ou seja, a salvação da lavoura junto com outras coisas nada a ver para encher linguiça. Ok, sejamos honestos: Não conheço muito da Tiê( é assim que se escreve?) mas o pouco acaba sendo legalzinho e a Alcione possui uma puta voz em um talento gigantesco. Mas acabei indo para ver somente o Garage Fuzz e os caras não me decepcionaram. O quinteto formado pelos ícones Alexandre Cruz ( vocal), Nando Basseto e Wagner Reis ( guitarras), Fabricio de Souza ( baixo ) e Daniel Siqueira ( bateria) fizeram um puta show aonde mostraram para os que não são do estilo o que o rock pode proporcionar em termos de qualidade. Falar da competência de cada um ali é chover no molhado mas é impressionante como estes caras se portam no palco. O som dos caras não possui rótulo. Pode chamar de hardcore, hardcore melódico o que quiser. Eu coloco como uma banda de rock n´roll com uma mistura do que é mais legal entre o hardcore e o alternativo só que mais abrangente. E é impressionante como toca este Nando Basseto hein? Com solos sensacionais e belos riffs de guitarra o cara rouba a cena e olha que roubar a cena com seu companheiro de guitarra Wagner Reis também tocando muito é algo que para poucos fazerem. Adrian Smith e Dave Murray versão alternativa? Me julguem....
Outro que é um monstro no que faz é o baixista Fabricio que toca com seu baixo bem pesado e uma performance de dar gosto de se ver. Daniel Siqueira também mostrou que bateria não é brincadeira e ser baterista não é só fazer barulho e ser super rápido. E ver Alexandre dedicando o show a aqueles que estavam desde o começo assim como na voz foi de emocionar de verdade. Quem ficou em casa ou falando asneira do facebook ao invés de ir lá prestigiar um puta show só tenho a lamentar. Parabéns ao Garage e que mais shows aconteçam por aqui e que a virada cultural traga mais artistas de rock underground pois a cena independente daqui nunca teve tão rica como está agora em vários estilos. E ver o Garage me trouxe de volta aqueles tempos de ponta da praia, pôr do sol, adolescência e tudo de bom que esta vida pode nos proporcionar e que muitas vezes as pessoas ficam perdidas em brigas sem razão e coisas materiais além de status de plástico e esquecem que um show sensacional desses pode sim ser mais atrativo do que certas perdas de tempo.
Boa noite.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Velimor - Legacy

Falar sobre algo que descobriu é sim, uma das coisas mais legais que existem na vida. Todos nós, sem exceção, passamos por momentos desagradáveis seja no dia a dia social ou mesmo no serviço. E, se não houver a famosa válvula de escape seremos sugados para um abismo do qual a volta pode ser impossível e o fim chegará. Eu vejo a música como uma das dessas válvulas de escape maravilhosas. Os artistas dos quais ouvimos são seres humanos iguais a nós. Eles possuem momentos de frustração, são sensíveis e necessitam criar algo para liberar esta energia negativa para longe de si. Na hora em que você os ouve, acontece o que chamo de sincronia emocional, a famosa troca de informações, uma conversa aonde cada um dialoga do jeito que lhe acha melhor. 
Este disco do Velimor é uma obra de arte, um daqueles achados dos quais que a pessoa que lhe passou tal artefato merece sim, uma salva de palmas e toda a consideração do universo. O trio que gravou este disco formado por Mstivoy ( vocal/guitarra), Radohorn ( flauta) e S. ( bateria) foram os responsáveis pelo sorriso estampado em minha face e cada composição aqui é duma riqueza cuja sonoridade brutal alia-se a melodias vindas da música folk, criando algo culturalmente importante. A capa é uma das mais belas do estilo dos caras e combina perfeitamente com temas de força absurda como Wolfish to the wolf, Sheepish to the sheep ou mesmo em In the ruin, temos exemplos de como deve ser o som extremo. Black metal? Celtic metal? Pagan metal? Sinceramente, pouco importa. O que importa que este é um dos registros mais brilhantes do metal em geral aonde merece respeito mediante a riqueza anteriormente citada. 
Rodrigo Mesquita merece minha gratidão eterna pelo presente. Amigos são aqueles que te alegram. Simples assim. Sobre o disco, tente procurar e ouvir e caso goste do estilo, pode abraçar sem medo algum.

domingo, 14 de maio de 2017

Trinca dos Infernos - Chaoslace, Chemical Disaster e Pentacrostic - Boteco do Valongo - 13/05/2017

Nas muitas resenhas que já digitei, em algumas delas eu confesso que escrevi tal coisa errônea ou mesmo comido aquela bola ao falar de determinada banda. Com o tempo ( e o tempo nos ensina isso), fui digitando melhor e deixando de lado assuntos polêmicos que nada acrescentaria nesta resenha, ou melhor, nesta noite magnífica sempre com amigos afim de se divertir e dar inúmeras gargalhadas ( Marcello e Grell são insuperáveis ) além de conferir 3 shows destruidores. E foi assim a noite de sábado no Boteco do Valongo que vem ganhando cada vez mais credibilidade graças a qualidade no atendimento e dar espaço para bandas de metal autorais em pleno sábado aonde poderia muito bem investir em algum Pearl Jam cover com a desculpa de que " o que vira é banda cover", eles sabem muito bem dosar tais seguimentos noturnos abrindo espaço também para ótimas bandas covers, sejamos sinceros. Afinal, o Killmister é um tributo ao Motörhead que, com tamanha qualidade entre os músicos, estão pensando em gravar material autoral.
Ontem a noite abriu com o trio do Chaoslace e foi mais uma ótima surpresa no cenário nacional. Arregaço!!!!!!! Praticantes de um death metal brutal e sem a menor frescura, os caras quebraram tudo tocando faixas de sua carreira, com direito ainda a um ótimo cover para Necromancer ( Sepultura), que ficou bem animal diga-se.
Na sequência vieram os já conhecidos do Chemical Disaster que sob a liderança do frontman Luiz Carlos Louzada fizeram o que podemos dizer de jogo ganho desde a primeira faixa até a última. E que cover sensacional eles fazem para Black metal ( Venom). Fora aquele que para mim é o clássico dos caras, Sexual Maniac, um arregaço que ao vivo mostra o poderio da banda. Não tem como passar indiferente a performance dos caras. Carlinhos Diaz ( baixo) literalmente encara a platéia com um olhar furioso que você jura que o cara vai pular no palco e lhe dar um soco no estômago, puta presença de palco!!!!!!! Os guitarras são outro show a parte além do batera que é uma máquina de espancar peles de bateria. Ícones não precisam dizer mais nada nem muito menos provar nada para ninguém. Eles apenas sobem ao palco e tocam para o público!!!!!!
Tal afirmação funciona perfeitamente para o Pentacrostic, banda veteraníssima de death doom metal que voltou a baixada após 20 anos de espera e não decepcionaram. Tocando um som bem diferenciado, a banda formada pelo incansável baixista e vocalista Marcelo Franja e tendo numa das guitarras a lenda Fábio Jhasko que "só" tocou no Sarcófago além de revelar ser um cara humilde e conversou com a galera após o show. Além do set autoral, a banda ( graças a presença de Fábio) executou uma belíssima versão de Midnight Queen da banda original e que momento.....
Finalizada a noite, o retorno ao lar foi compensador e agregou mais uma vez em meu Curriculum metálico esta que foi mais uma grande noite. Que venha a Cena com mais uma banda do qual irei falar em breve. Até lá.....

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Tiësto - In Search of Sunrise 5

Estando de volta as resenhas, venho agora falar deste cidadão chamado Tijs Verwest. Tijs nasceu no dia 17 de janeiro de 1969 na cidade de Breda, Holanda e assim como Armin Van Buuren, se destaca em fazer uma ótima e saudável música trance. Para quem não sabe, o Trance é mais ou menos uma dance music só que mais sofisticada. É para dançar mas serve também para viajar na maionese e pensar naquela menina da classe. Reconhecido mundialmente como Tiësto, o mesmo se tornou um dos melhores dj´s de sua categoria e neste disco duplo, o holandês desfila músicas maravilhosas que, desprovido de qualquer preconceito, pode ser apreciada da melhor forma possível. Lançado em 25 de abril de 2006, In search of sunrise chega em sua quinta edição e temos algumas músicas que já grudaram em minha cabeça, em especiais aquelas com vocalistas que, juntamente com a base eletrônica dá uma tônica perfeita. Colour my eyes, Empty streets ( a melhor), Moonlight party entre outras me transportaram para um paraíso aonde vi inúmeras daquelas meninas da faculdade dançando de roupinhas brancas num ambiente ensolarado cuja vibe não pôde ser melhor.
Lógico que temos inúmeras faixas sem vocal que poderiam encher a paciência mas aqui a história é diferente: eu as ouvi totalmente relax, apreciando cada segundo deste disco. O que estes caras fazem é mostrar que música eletrônica nem sempre se resume a batidas intermináveis podendo sim ser criativo e agregar em muito aos nossos ouvidos. Outros caras seguem este padrão como Calvin Harris, Schiller e até o picareta David Guetta possui músicas bacanas mas não possui a mesma classe com os citados anteriormente, muito menos em relação ao Tiësto e ao Armin, que considero o melhor desta turma. Pretendo futuramente adquirir mais discos do Tiësto e cada vez mais ouvir este estilo musical que pode não agradar ao metaleiro true mas como não pratico radicalismo, ouço música diferente sempre. Ser eclético pode ser mais saudável do que simplesmente ouvir uma coisa somente e pode tornar a vida de muitos bem melhor. E um detalhe na capa e na embalagem muito bonita e caprichadíssima. Coisas que somente a mídia física traz para você.
Simplesmente fantástico!!!!!!!!

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Elis - Trilha sonora original do filme

Um dos filmes mais esperados por este que escreve, Elis me fez crer que esta mulher não era deste mundo nem ferrando. Desde a adolescência, sonhava em ser a melhor cantora do país. Lutou, correu atrás e, a partir dum teste numa casa de shows carioca, Elis Regina despontou para o estrelato conquistando prêmios e discos fantásticos em sua discografia rica e clássica. Mas, com o sucesso vieram também os problemas que artistas como ela teriam que enfrentar pois o sucesso cobra seu preço e o preço que Elis pagou por ser ela mesma foi caro, muito caro. Dona de um temperamento difícil, não foram poucas as vezes em que ela se via em confusões, briga com gravadora, empresários e até com seu próprio público. Era sabido que ela não fazia o mesmo set e que sempre cantava músicas novas, ao invés de mandar os hits habituais. Elis, quando questionada por não tocar os sucessos de antes ao vivo, tinha a resposta na ponta da língua: " quem quiser ouvir suas músicas favoritas que ouça os discos em casa". Logicamente que tais declarações muitas vezes não soavam muito bem aos ouvidos mais sensíveis e graças a uma de suas declarações chegou a ser interrogada pelos militares e forçada a cantar para os generais sob ameaça de tortura entre outras coisas bem "fofas" que eles faziam com quem ia contra eles. Também ouve a colheita de seus frutos merecidos graças ao espetáculo Falso Brilhante aonde Elis faria as pazes com o público em noites lotadas e disputadas. E sim, tivemos o que testemunhou 19 de janeiro de 1982: sua morte de forma desastrosa aonde a cantora cometeu a façanha de misturar cocaína com bebida, mistura essa que resultou na morte e o calar de sua voz. Tendo visto o filme 4 vezes, percebi que no filme deu a entender que a cantora estava deprimida, cujo furacão tomou-a duma forma que ela soube conter.
Esta trilha sonora não há nenhuma novidade, trazendo as músicas que tocaram durante o filme, sendo a maioria delas da própria cantora que soube como ninguém interpretar canções de compositores que nem em sonho fariam uma interpretação melhor que a dela. Você imaginaria Como nossos pais na voa do recentemente falecido Belchior? Ou Deus lhe pague com a mesma intensidade com o Chico Buarque cantando? Com certeza teríamos versões bem abaixo pois ambas as vozes dos caras que compuseram tais canções são algumas das mais pavorosas de todos os tempos....
Outras obras de arte estão aqui como a magnífica Arrastão, a ótima e feliz Cinema olympia ou mesmo nas lindíssimas Atrás da porta, Fascinação, O bêbado e a equilibrista e Aos nossos filhos aonde Elis demonstrava sua entrega a sua arte com uma interpretação de tirar lágrimas.
Músicas de outros artistas aparecem aqui como Nara Leão com Borandá, Cartola com O sol nascerá ( Cartola era fenomenal), The Supremes ( sim, grupo de Diana Ross) com In and out of love além do Som 3 e sua musicalidade espetacular em Samblues. Tudo bem que poderia tirar a chatinha O pato de Lennie Dale mas como estava no filme e sendo Lennie um dos que ficaram mais tristas com a morte da cantora, nada mais justo do que tê-lo aqui. Lennie foi o cara que ensinou Elis a tradicional dança de hélice e um dos caras que esteve com ela até os últimos instantes.
Resumindo tudo isso: sim, eu tenho todas estas músicas dela e comprar somente pela trilha poderia ser descrito como um caça níquel. Mas, a proporção emocional que tal filme me causou me fez adquirir este cd que será guardado com muito carinho pois Elis Regina não foi qualquer uma. Ela foi simplesmente Elis. Viva a verdadeira música brasileira!!!!!!! E só para fechar: esta atriz Andréia Horta é uma delícia além duma ótima atriz que soube fazer o papel com total perfeição além dos outros artistas que deram seu show a parte, principalmente o cara que interpreta Ronaldo Bôscoli.
Vejam este filme e aprendam o que é cantora de verdade.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Maria Rita - O Samba em mim - Ao vivo na Lapa

Atualmente o que vemos na música brasileira é um declínio para o abismo que possa não ter volta. A música dita mainstream já acabou faz tempo se perdendo num mar de estrume aonde vemos duplas de sertanejo universiotário com letras absurdas de ruins, cantoras que não passam de um amontoado de bosta tentando fazer algo que não conseguem mas em ambos os casos vemos um bando de analfabetos funcionais indo numa onda de lavagem cerebral da qual não entendo e nunca irei entender tamanha "devoção". Pode ser discurso de gente ranzinza, conversa de tiozinho mal humorado, que seja. O que não posso é ser conivente a este lixo e ficar calado como se nada tivesse acontecendo. Estamos numa das piores situações que nosso país poderia atravessar com novas regras trabalhistas podendo jogar todo um direito conquistado no lixo feito por um governo golpista que não anda tendo a mínima pena para conosco. E mesmo assim, o que vejo são acéfalos indo a eventos de gosto duvidoso, em open bar para encher o cu de cachaça e pegar mulher cuja valorização é reduzida a -89. São essas pessoas que podem mudar o país? Isso para o governo é, sem sombra de dúvida, um prato cheio para eles votarem em qualquer coisa, inclusive em leis que podem ferrar até o acéfalo que acha legal cantar a música da moda ou querer pagar de MC. Até na faculdade, aonde seria o centro estudantil para pessoas de mente evoluída e pensante, vejo essa imbecilidade coletiva aonde alunos querem sair cedo em plena terça feira ou quando um professor pede para ler tal livro a resposta é : " não gosto de ler". São pessoas assim que irão mudar algo? Difícil, muito difícil.
Mas, ainda temos exceções em todas as áreas e sim há pessoas que não suportam viver nisso e não admitem este mar de lama. São pessoas como eu, você que lê meu blog. Essas pessoas querem sim um diferencial na vida, querem estudar, gostam de ler livros e querem ter uma vida melhor, querem ouvir música de qualidade. E música qualidade pode ser Maria Rita ou Vulcano, não importa. Com a condição que ela vá trazer algo de qualidade em seu ouvido e no seu cérebro, está valendo. Até em caras que não sou fã vejo qualidade como o rapper Criolo, que recomendo uma passada rápida.
E com este disco da Maria Rita, vi sim que temos música brasileira sendo feita e que rema totalmente contra a maré. Aqui, temos uma cantora sendo realmente uma cantora. Sim, eu sei de quem ela é filha e não gosto dela porque ela é filha da maior cantora que o mundo já teve. Aliás, tais comparações tornam-se cretinas. Ela não precisa ser Elis Regina. Elis teve sua trajetória. Maria Rita está tendo a dela e com muita classe diga-se.
Com este disco e turnê, esta maravilhosa mulher botou em prática um repertório todo calcado em sambas que ela sempre gostou e cresceu ouvindo. E aqui o samba é samba mesmo e não estes pagodes de grupelhos de cabelos engraçados e roupas bregas achando que é gringo fantasiado de palhaço. Aqui Maria faz um belo apanhado dos sambas de raiz, de quando um bom samba tinha suas letras bonitas. Confesso que se fosse nos meus 18 anos eu iria passar longe deste disco. Mas com o tempo sua cabeça amadurece e sim você passa a ter gostos diferentes e acaba buscando sons até então inimagináveis. Gostoso de ouvir, O samba em mim me fez reviver aquele show sensacional da qual tive a oportunidade de assistir na praça Mauá e pude sentir novamente todo aquele astral positivo com aquelas pessoas cantando e dançando . Temas como É corpo, é alma, é religião , Cara valente, Maltratar não é direito, Bola pra frente, Fogo no paiol, Saco cheio, E vamos à luta, Coração a batucar, Coração em desalinho, Meu samba,sim,senhor , Tá perdoado, Do fundo do nosso quintal e O homem falou são amostras de como é bom ouvir um samba. Lembro que a Marisa Monte também gravou algo assim e ficou igualmente impecável. Portanto, há sim uma luz no fim do túnel para a música nacional. Não tenho orgulho de ser brasileiro. Mas quando ouço discos assim me bate uma vontade de gostar dessa terra pois a Maria Rita não tem culpa do que temos na sociedade. Ela tenta, de forma indireta talvez, mudar isso com sua música rica e com uma voz potente, segura de que está ali para fazer o próprio brilho acender.
Recomendo a você que não quer seu filho envolvido em burrice. Comece a educá-lo agora pois pode estar deixando o país na mão de mais um idiota. Maria Rita, volte para Santos o mais rápido possível pois quero lhe ver novamente. E agradeço a Elis Regina pela filha que deixou no planeta.

Norah Jones - Day Breaks

E o amor por esta mulher vai continuar. Após a aquisição dos discos anteriores desta Rainha, eis que chega na minha mão o mais novo disco, Day Breaks aonde em 14 faixas, Norah mais uma vez nos oferece uma música refinada, bonita, calma servindo assim para aquelas noites solitárias aonde sua única companheira é ela que canta. E como canta!!!! Há pessoas que acreditam que cantor é aquele que atinge agudos mas uma voz calma e doce pode ser mais poderosa do que um cara metido a Detonator.
Aqui não precisa de peso, basta um instrumental ora jazzístico, ora indo para o pop de qualidade mas o resultado acaba dando certo pois Norah não brinca em serviço.
Das faixas principais, Burn inicia o disco duma forma tão calma que não queremos falar ou gritar. Apenas relaxar no sofá e esquecer de tudo e de todos. Tragedy segue em frente e mais uma aula de como fazer uma música encorpada e a voz de Norah entrando em meus ouvidos duma forma tão gostosa. Flipside, It´s a wonderful time for love ( é disso que estamos falando Norah), And then there was you, Don´t be denied, Day breaks, Peace, Once i had a laugh, Sleeping wild, Carry on e Fleurette africaine ( African flower) fazem deste disco uma obra prima das melhores e caso queira ouvir algo com vitamina cuja dose de cultura vem na medida certa, ouça agora mesmo este disco. Norah Jones hoje em dia é uma exceção entre as tantas porcarias que assolam a música pop que anda com os seus dias contados mas Norah será uma das salvadoras da pátria que não irá deixar o barco afundar de vez.
Além dessas, o disco veio com 4 faixas ao vivo, todas elas sensacionais e confesso que me deu uma baita vontade de ir assistir um show dela agora mesmo.
Ah essas mulheres.... o que seria da música sem a existência delas? O que seria da música sem Norah Jones, Maria Rita, Elis Regina, Joss Stone..... Certamente não seríamos nada, absolutamente nada.
E a próxima resenha.... Venha Maria Rita!!!!!!!!