segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Nirvana - Unplugged in New York

Seguia o ano de 1994. O Nirvana já na condição de maior expoente do rock noventista estava naqueles dias difíceis. Era bem verdade que Kurt Cobain já manifestava suas tendências suicidas e seu contato com os remanescentes Krist Novoselic ( baixo) e Dave Grohl ( bateria) estava cada vez mais distante. Muitos culparam seu relacionamento com Courtney Love ( Hole) mas a verdade é que Kurt já nasceu assim. Ele cresceu junto com esta vontade louca de cair fora daqui do mundo o quanto antes mas ainda conseguiu virar uma lenda antes de ser uma estrela no céu.
Quando proposto este acústico, o Nirvana optou por realizar algo inusual aonde as guitarras distorcidas foram deixadas no descanso e uma das regras impostas foi que não precisariam tocar Smells like a teen spirit já que seria praticamente impossível tocá-la em tal formato. Deve ter sido um alívio a Kurt pois o mesmo manifestou inúmeras vezes a sua falta de vontade em tocar uma música que, apesar de clássica, o fez famoso. A verdade é que a fama fez mal a ele. Analisando a história, Kurt e seu cérebro aceitaram muito mau a explosão e a condição de messias do rock grunge, o líder duma geração.
Voltando a gravação, o disco acaba sendo uma carta de despedida musicada em 14 versões próprias e alguns covers brilhantes como Jesus doesn´t want me for a sunbeam ( Vaselines) e The man who sold the world ( Bowie) aonde Kurt praticamente estava dizendo as pessoas " galera, foi legal estar com vocês". Já temas como About a girl, Come as you are, Pennyroyal tea, Dumb, Polly, On a plain, All apologies além de Plateau, Oh me, Lake of fire e o grand finale com Where did you sleep last night ( nessa você sente que Kurt está literalmente pondo pra fora toda a frustração pessoal) acabaram sendo abrilhantadas no formato banco e violão e mesmo sendo conhecidas no repertório, a galera ficou meio hipnotizada e até sem entender como uma banda até então barulhenta conseguiu se sair emotiva e com a mesma garra no modo acústico. Quem esteve nesta noite viu um Nirvana se despedindo já que como disse antes, o relacionamento com os demais estava entre o distanciamento e a ausência.
Analisando toda esta história após todos esses anos, era notório que Kurt queria fazer algo mais calmo e que a banda ia acabar com o tempo como aconteceu com os Beatles, ou seja, sem anúncio oficial ou turnê de despedida.
Mas o que fica aqui neste registro é sim uma época que ficou e sempre ficará em minha vida para sempre. Não me sinto mais ou menos jovem. Apenas ouço com a memória afetiva ligada junto e acabei relembrando aquele começo de década quando, ao ouvir Nirvana pela primeira vez, me senti parte duma geração que nascia para ser eterna, sendo a última grande explosão do rock.
Aos amigos que não gostam de Nirvana ou que acham Kurt o " responsável" pela "morte" do hard rock e do heavy metal faça ao contrário: agradeça sua existência pois foi graças a ele e outros que me tornei um roqueiro, mesmo curtindo outras vertentes musicais. Respeito cada um de vocês mas a verdade é que esta banda foi e ainda é importante para mim como roqueiro e ser humano.

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