sábado, 24 de março de 2018

Jerseys, Usina, Surra e Ratos de Porão - Boteco do Valongo - 23/3/2018

Esta resenha foi pensada de inúmeras maneiras de ser escrita. Muito do que escrevo aqui, quando chega no blog já está na décima quinta linha de pensamento pois já passaram muitas coisas em minha cabeça antes do resultado final. Já falei muita coisa desnecessária, já falhei e até dei algumas alfinetadas. Com o tempo, fui focando mais no lance musical e deixando algumas coisas de lado até porque ficar falando de coisa ruim dentro duma resenha dum evento sensacional como o de ontem acaba sendo totalmente desnecessário e sem muita utilização para quem estiver lendo. Ontem o Boteco do Valongo abriu suas portas para um grande evento reunindo 3 bandas da região e um gigante veterano. Alguns extras ficaram no ar mas não caberá a mim ficar aqui falando, deixo ao público dizer. Meu foco serão os shows e olha, foram 4 shows empolgantes, vibrantes e que só sendo surdo ou cego para não perceber que o poder de contestação assim como a boa música está no underground. Abrindo a festa com o Jerseys, a banda mandou um punk rock bem legal aonde a pegada dos caras combinou perfeitamente para abrir tal noite. Tocaram várias faixas e mesmo tendo alguns integrantes faltado, os caras que subiram ao palco detonaram com destaque ao carismático vocalista que soube entreter a galera com palavras legais e bem ao estilo do universo hardcore.
Com uma bagagem desde 2012, os caras estão na luta e gravaram um interessante disquinho do qual possuo até hoje.
Na sequência a pancadaria do Usina trouxe aquela pegada do Sepultura do Chaos a.d. para o Boteco, num show brutal e com letras mais do que na cara. Formada em 2004, a banda vem angariando fãs e seus shows são sinônimo de violência sonora. Destaques para o vocalista Rafael que comanda de forma bem legal a galera além do excelente guitarrista Tadeu Neto, um discípulo da escola Dimebag com riffs pesados e cheios de emoção. O baterista Fábio Minhoca espanca as peles sem piedade e a baixista Bruna simplesmente não está na banda somente porque é bonita e sim porque possui talento e atitude para tocar seu baixo. Outra coisa a favor do som do Usina são as letras em português que geram uma realidade mais nua e crua, sem muito amor nem carinho. Saíram do palco com o dever cumprido. Show devastador.
E por falar em devastador, o Surra já um habitual monstro que quando sobe num palco está disposto a detonar tudo e todos. Somente 3 caras são o que precisam para tocarem seu som porrada e também letras em português e bem realistas. O que falar dum disco chamado Bica na cara? Leeo ( guitarra e vocal), Guilherme ( baixo) e Victor ( bateria) mostram pruma sociedade que a realidade é cruel e que as pessoas precisam acordar o quanto antes. Puta show e mostram que estão cada vez mais afiados.
E fechando a noite.... João Gordo e cia. Falar dum show do Ratos já virou algo como dizer que o céu é azul ou que a água molha. Estão há mais de 30 anos fazendo o que muitos não fazem: arregaçam as mangas sem ficarem chorando. E ver uma figura emblemática quanto o nosso querido João Gordo no palco é e sempre será um momento único. Não me importo nem um pouco com seres da chamada "inteligência" musical brasileira  metidos a pensadores. Para mim, o meu porta voz chama-se João Gordo, o cara que não precisa de poesia barata nas suas letras para retratar a realidade do Brasil. Suas letras dão um pau em qualquer uma que o Chico Buarque escreveu. E se for levar para outros "gurus" como
João Gordo no show de ontem no Boteco do Valongo.
Gilberto Gil então..... Fica até feio ouvir um disco como Crucificados pelo Sistema, Anarkophobia, Brasil ou até o mais novo Século Sinistro e depois ouvir e letras dos caras citados acima. Desculpe mas tais artistas tornam-se caricatos perto do Gordo. Além dele, Jão ( guitarra), Juninho ( baixo) e Boka ( bateria) continuam detonando e mostram um vigor de dar inveja a muito adolescente.
O show em si é aquela festa só aonde o recheio são os clássicos de ontem e hoje como Amazônia nunca mais, Suposicollor, Morrer, Crucificados pelo Sistema, Crocodila, Conflito violento entre tantas outras pérolas geniais. Terminado o show, voltei para casa feliz da vida por mais uma noite regada a som, contestação e amigos maravilhosos. Fui!!!!

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