quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Uma ida a Pinacoteca e uma tarde maravilhosa.

Voltando as resenhas, volto duma maneira tradicional mas diferente. Expliquemos: fui no sábado passado numa apresentação envolvendo o coral regional além de outras atrações envolvendo a música feita para poucos. Não, não estou falando dum evento de metal ou mesmo de rock. Estou falando de música clássica, música tradicional aonde o instrumento é a voz, piano, violino, violoncelo. Não houve guitarras pesadas nem nada relacionado a cultura pavorosa de massa. O que eu vi foi uma amostra de como nossa cidade pode conter vários atrativos além do trivial. E atualmente o que mais vejo são pessoas completamente destituídas de massa cerebral na cabeça gostando de coisas duvidosas além de aderirem a modas um tanto estranhas para não dizer trágicas e das quais tenho muito medo do que irá acontecer a todos nós dotados de inteligência, bom gosto e apreciadores de arte verdadeira. O que falar duma geração cuja a vontade de ler um livro é nula? Neste evento constei que a grande maioria presente eram de pessoas mais idosas e muito pouca a presença de pessoas mais jovens ou da mesma idade que eu, o que reforça o abismo que esta sociedade está indo e sem a menor possibilidade de cura.
Por isso que sigo meu caminho e enquanto houver cultura em volta, ficarei extremamente feliz e realizado. Além de conhecer um pouco da casa, num outro momento fui buscar 3 cds muito bons que estavam disponíveis para quem frequentar. Como toda arte, temos que pagar por ela e não fique espantado: preços convidativos e ainda um belo atendimento por parte de duas meninas estagiárias de História que, além de fornecerem os discos, me contaram um pouco da história que envolve esta casa que é um patrimônio histórico não só de Santos e sim do Brasil.
Originalmente pertencente a uma família alemã, a casa chegou a virar um cortiço e até a ser abandonada, ficando em ruínas e eu me lembro dela velha e esquecida naquele pedaço quando eu era um garoto inocente. Uma família portuguesa chegou a viver por lá mas com a morte dos donos, a casa ficou abandonada já que ambas as partes da herança não sabiam o que fazer com aquele patrimônio pois as dívidas eram tão grandes que o resultado foi deixar para a prefeitura decidir o que fazer e a mesma foi tombada e reformada e lá foi instalada a fundação Benedicto Calixto, local de obras de arte e eventos como o relatado acima. E os discos....
Começando com o brilhante Brasil em cores da soprano Marcia Domingues, temos 11 faixas de compositores diversos aonde Marcia interpreta a todos os temas com sua linda voz e instrumentistas muito bons. Coloquemos aqui uma ressalva: não estamos falando de música massificadora nem muito menos de algo roqueiro. Aqui a pessoa precisa ter a mente aberta para apreciar tal disco e sinceramente foi uma das experiências mais lindas da minha vida, algo fantástico. Sereia do mar, Roseas flores d´alvorada, Uiará, Azulão entre outras fazem deste disco uma obra brilhante e uma cantora acima da média.
Já os dois álbuns adquiridos foi do pianista, compositor e Médico oftalmologista Eduardo Paulino que em Classical Rendez-vous e Óleo sobre teclas mostra seus dotes no piano com interpretações geniosas e muito bem feitas para canções bem legais. Temas como Pavane, Quatro cantos, Praia dos sonhos entre outras faixas, Eduardo demonstra muito bom gosto e mais uma vez reforço a opção de simplesmente ignorar caso não seja sua praia.
Particularmente gostei muito dos discos e são ótimos artefatos para ouvir em casa naqueles dias tensos e cansativos ou mesmo para abrilhantar uma bela tarde de sol.
Enfim, a cidade possui cultura. Basta o santista correr atrás e parar de reclamar da cidade. Lógico que há problemas mas também há muitas coisas legais a se fazer, muita cultura a ser desfrutada.

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