sexta-feira, 29 de junho de 2018

Infector - Metal da morte.

Na arte da música, temos aqueles que desistem com o tempo mas também temos aqueles caras que não deixam nunca a peteca cair e lutam pelo seu ideal, lutam sim por um lugar no hall dos Deuses do Olimpo metálico. Um desses caras que merecem total respeito é um ser chamado Marcello Loiacono. Guitarrista de mão cheia e tenho passagens em outras bandas, iniciou uma jornada em 2000 com o Infector com quem lançou dois discos espetaculares e resenhados por mim na época, Insane Deliriums e o definitivo Anguish. Infelizmente após lançamentos tão legais, a banda deu uma parada e até achar os integrantes atuais foi uma luta constante para Loiacono botar o Infector de volta no trilho do death metal. Quando voltou, a banda contava com Leandro Martins como vocalista e o instrumental formado pelo citado Marcello na guitarra, Edu de Campos no baixo e Paulo Mariz na bateria. Só que infelizmente Leandro precisou sair da banda sedendo o posto de vocalista para o vocalista Mário Dutra ( Empire of Souls) que aqui assina sob o nome de Commando gravando o disco Metal da morte. Instrumentalmente falando, a banda está impecável e o vocal death metal de Mário coube perfeitamente para o que a banda pedia. 
O disco em si possui um esquema conceitual em suas letras, retratando histórias reais de crimes e criminosos que marcaram a história no Brasil em letras cantadas na língua nacional dando assim uma crueldade a mais em todo o conceito macabro. Aqui temos alguns casos e personagens dos quais você não se arriscaria ficar num mesmo quarto como o goleiro Bruno, Bandido da luz vermelha, o tal Francisco de Assis Pereira aquele que o Gugu e toda a sociedade souberam ser o maníaco do parque e que repercutiu bastante. Apito final ( Bruno), Sob a luz vermelha ( o tal João Acácio Pereira da Costa) e Canibalismo no Parque ( Francisco) podem deixar alguns de cabelos em pé ou com mero desconforto já que retratam a crueldade desses caras e que baita som essas faixas são!!!!! Riffs de guitarra contracenando junto com um baixo na cara além duma bateria sempre enérgica e vocais bem naquela linha death metal do Incantation é o que temos neste metal da morte. E o disco não acaba aqui. Ódio em mim, que ganhou um clipe legal com a participação da lindíssima Carly fazendo uma assassina fala exclusivamente da Elize Matsunaga que matou e esquartejou seu marido Marcos Kitano e a faixa em si é uma das mais emblemáticas do disco, numa pegada brutal e certeira. Emissário Fiel ganhou um ótimo lyric video e que som animal!!!!! Contando com partes cadenciadas pesadas e caóticas a letra conta a história de Marcelo Costa de Andrade, conhecido também como o vampiro de Niterói acusado de ter matado 14 meninos. Vale muito a pena prestar atenção nas letras, bem construídas e com um baita conteúdo. Estranho jeito de fazer amor conta a trajetória de Chico Picadinho que matou e esquartejou 2 mulheres e mais uma faixa aonde o impacto sonoro é simplesmente beirando a perfeição. Death metal sem frescura alguma e com uma produção muito bem ajeitada pois está bem nítida sem tirar o peso das canções.
E ele não pode mais amá-la é outra instigante faixa tanto na parte sonora quanto na letra já que a mesma retrata a triste história de Maria Mercedes Fea, que foi morta e cortada em pedaços e despachada numa mala pelo marido, o italiano Giuseppe Pistone sendo conhecido como o crime da mala. A mesma ainda conta com os vocais de Angel ( ex- Vulcano) fazendo um contraponto bacana com os vocais de Commando Dutra fora que o instrumental mais uma vez quebra tudo.
O destaque do disco acabou sendo para mim a linda faixa Coração de metal cujo interesse da banda foi homenagear o cenário metálico nacional e que melodia de guitarra foi essa que Marcelo tirou!!!!! Simplesmente demais!!!!! Um destaque foram as participações especiais de alguns músicos influentes e atuantes da cena da baixada sendo eles : Luiz Carlos Louzada ( Vulcano, Killmister, Chemical Disaster, Hierarchical Punishment entre outros), Sombra, Angel, Roberto Opus ( Opus Tenebrae) além de Goatherion ( Chesed Gueburah) que fizeram bonito e deixaram suas marcas registradas nesta faixa brilhante. Além das faixas autorais, coube ao Infector homenagear duas bandas influentes em todo cenário mundial e coube a Countess Bathory ( Venom, cantada por Luiz Carlos Louzada) e Iron Fist ( Motörhead) serem as faixas escolhidas para versões matadoras e acima de tudo sinceras.
Após tal audição, uma coisa eu tenho a dizer: parabéns a todos os envolvidos nesta obra prima do death metal. Um disco honesto de metal feito por quem realmente vive o estilo. Nossa cena daqui é rica e além do Infector, outras bandas fazem toda uma diferença e prometem muito em termos de qualidade. O metal, o underground precisa de bandas legais fazendo sons legais e não de rivais. Sabemos que a música pesada é e sempre um estilo marginalizado pelas ditas pessoas "normais". Portanto, cabe a todos nós temos a consciência de apoiar e divulgar sempre trabalhos do calibre desse álbum que figura de forma tranquila entre os melhores discos de 2018. Uma cena dividida não resulta em algo positivo e sim a união de todos contra o sistema maldito que temos. Ouça agora mesmo!!!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário