O dia do rock sempre é lembrado como a data em que rolou o festival Live aid aonde inúmeros artistas de rock e de pop se apresentaram afim de arrecadar dinheiro para ajudar lugares devastados pela fome e pela miséria. Mas para quem gosta de rock, respira rock e consome este estilo musical, o dia do rock é aquele dia no qual agradecemos por ter algo maravilhoso em nossas vidas. Fico imaginando se não tivesse aparecido o rock em minha vida, o que eu seria? Poderia ser um amante de música clássica, talvez um fervoroso apreciador de mpb ou até curtido muito mais a música pop. Ou o que acontece recentemente aonde pessoas são emburrecidas pelo som do momento no mais ralo e fétido possível. Mas fui para o rock. Lógico, quem me conhece sabe que sou eclético, curtindo artistas fora do rock numa boa.
E dentro de tantos sub estilos do rock, o heavy metal é aquele que faz ou fez algum adolescente ir para o lado mais pesado. Contestador, provocativo e urgente, o metal pode e deve ter o poder de tornar eu, você ou demais apreciadores de ser mais inteligente do que os demais. Não é querendo criar rixas mas eu não consigo me ver num mesmo QI que o de um pagodeiro ou um fã destes sertanejos nutellas existentes nas paradas. Cada um tem o seu direito de curtir o que quiser mas não venha pôr o rock no mesmo patamar desses estilos. muitos desta cultura de massa adoram dizer que o rock possui somente um jeito de tocar e cantar, agindo assim como um total ignorante cujo cérebro é o mesmo que uma semente de melancia.
E hoje quem foi no Sesc foi porque gosta realmente não sendo modista ou sazonal. Duas bandas lendárias tocaram no teatro, ambas com som bom e ótimos shows. E foi a oportunidade de ver o Santuário pela primeira vez. E foram eles que abriram a festa mostrando um heavy rock de primeira qualidade. Foram momentos agradabilíssimos esses tendo como trilha sonora canções que foram feitas quando muito metido a radical ainda nem era um mero esperma lá nos dificultosos anos 80. E gostando ou não do som da banda, uma coisa temos que louvar: numa época de repressão, atraso e descaso para com um o metal, esses caras foram aqueles que deram a cara pra bater numa etapa brasileira aonde a guitarra distorcida causava náuseas em quem não gostava por puro preconceito.
Com algumas participações especiais o show transcorreu de forma bacana e foi legal o quão bom é o guitarrista Mika que sabe dosar perfeitamente solos sacados além de riffs bem legais advindos do hard e do heavy. E entre as participações, a melhor foi sem dúvida a de Cachorrão, vocalista do Centúrias que, além de estar cantando muito ainda, foi o que deu mais gás . Lógico que Medusa e o talentoso Lone ( Angel) deram seu recado mas foi Cachorrão o destaque. E foi muito bacana ver meu amigo Rato no baixo, muito bom mesmo além do batera. Foi sem dúvida um baita show mas falta um vocalista ali, o que espero ansiosamente para que o legado do Santuário continue ainda por muito tempo.
A banda que fechou a festa já tem aquela resenha pronta ou você duvida que algum show do Vulcano não foi menos do que maravilhoso? Com uma formação fixa há tempos, a banda está afiada e neste show fizeram algo especial com participação do baixista que tocou nos anos 80 além do vocalista Angel que simplesmente mandou muito bem Fallen angel ( uma homenagem ao autor da canção, Johnny Hansen), Total destruição e que dividiu os vocais com Luiz Carlos Louzada na pedrada Guerreiros de Satã. Num show curto ( afinal, a casa termina os shows cedo) o Vulcano mostrou o porque de estar sempre entre os melhores discos de músicos da cena escandinava do black metal. Ver no palco um baterista como o Arthur ou um guitarrista do porte de Zhema chega a emocionar. O baixista Carlos Diaz continua endiabrado e Gerson Fajardo é, para mim, aquela referência na guitarra, um cara que respira o rock 24 horas por dia.
Resumindo esta noite no geral, uma noite em que duas lendas do metal nacional se apresentam com um som impecável, público presente e feliz, não teria como definir numa única palavra o que foi hoje. Deixo para vocês comentarem. E sim, não poderia terminar esta resenha sem antes agradecer André Raven, Giva Alves e Jorge Osbourne por ter dado a ideia de me ajudarem a entrar no show. Jamais irei esquecer a atitude nobre para com esta pessoa feliz. Viva o heavy metal, viva a verdadeira união que ainda pode e deve ter sempre. O sistema pode tentar nos tirar algo. Mas unidos, somos muito mais fortes do que todas estas merdas da vida. Boa noite. Seguem abaixo algumas fotos deste momento maravilhoso.
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Santuário com Milton Medusa. foto by Paulo Bassetto |
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Respeite sempre este nome. Os caras não começaram ontem. |
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Vulcano em ação. foto by Paulo Bassetto. |
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Mika liderando o Santuário ontem no teatro do Sesc. foto by Paulo Bassetto |
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Vulcano em ação ontem em Santos.foto gentilmente cedida pelo Luiz Carlos Louzada ( vocal ) |
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Visão do palco na hora do show do Santuário. foto by Paulo Bassetto |
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